terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Paradoxo

O famoso arquiteto alemão Mies Van der Rohe cunhou a frase fundamental do minimalismo: Less is More.

Agora, digo a propósito da passagem do ano: Um ano a mais. Um ano a menos.

Ou, neste caso: More is Less.

Explicação

Estou em Lisboa para uma temporada em Portugal, com um intervalo de uma semana no Marrocos.

Peço desculpas por ter ficado esses dias sem postar notícias. É que estou com problemas com a internet.

Durante alguns dias as postagens vão ficar algo irregulares. Devido à questão da internet, também não estou tendo acesso regular aos jornais do Ceará e, claro, aos do Rio e São Paulo.

Espero que compreendam minha dificuldade momentânea e não abandonem o blog.

Aproveito para desejar a todos um feliz ano novo, cheio de paz e realizações.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Mensagem

O evangelho do 4º domingo do advento, narrado por Lucas, relata como o anjo Gabriel comunicou à Maria a vinda do Messias, por seu intermédio, enviado pelo Pai para salvar a humanidade.

Se não temos o privilégio, singular, de Maria, precisamos perceber os sinais de seu renascimento na constância das cenas simples, e fortes, do cotidiano, que devem nos despertar para a importância da mensagem que nos deixou.

É o anjo disfarçado que escandaliza a banalidade, para chamar-nos atenção, quando estampa a face de Cristo:

- no rostinho sujo do menino de rua

- na face desfigurada do agonizante

- no choro forte com que o recém-nascido saúda a vida

- no desalento dos desempregados

- na euforia dos vitoriosos

- na ansiedade das competições profissionais

- na resignação com os insucessos

- no amor das mães

- nos desacordos das partilhas

- no perdão dos recalcitrantes

- no convívio harmônico com os desiguais

- na pregação da paz

- na resistência aos desmandos

- na persistência dos retos

- na tolerância com os intolerantes

- na compreensão para com os incompreendidos

- na paciência com os impacientes

- na concórdia com os que discordam

- na pacificação dos rebeldes

E em tantas outras situações que cada um identifica e vive no seu dia a dia. Em desvelá-lo, está a beleza da vida cristã.

Voz

Se calarem a voz dos profetas, as pedras falarão
Se fecharem uns poucos caminhos, mil trilhas nascerão
Muito tempo não dura a verdade, nestas margens estreitas demais
Deus criou o infinito para a vida ser sempre mais.


Trecho do cântico entoado durante a comunhão, na missa celebrada pelo 1º aniversário de falecimento do Cardeal Aloísio Lorscheider, na igreja de Nossa Senhora das Dores, no bairro de Otávio Bonfim, em Fortaleza.

Baú

O programa Baú Literário, desenvolvido pela Prefeitura Municipal de São Gonçalo do Amarante, no Ceará, incentiva a prática da leitura entre jovens e adultos das diversas localidades do município.

São seis baús, cada um com um acervo diferente, levados às escolas, praças, comunidades, repartições públicas municipais, por jovens agentes de leitura, envolvendo 3.500 alunos e 97 professores.

O município alcançou um dos melhores resultados do Estado por ocasião da aplicação das provas do Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica (SPAECE).

Em São Gonçalo do Amarante, o golpe do baú é despertar para a leitura.

Saiba mais no jornal Diário do Nordeste, edição de 10/12/08.

Flashes

1- Produção agrícola deve cair 5% até 2009. A previsão é do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes.

2-Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) confirma mais cinco mortes por dengue. 11 pacientes morreram vítimas de dengue hemorrágica este ano em Fortaleza. O acumulado de casos de dengue clássica este ano no Ceará é de 44.142.

3- Geração de emprego formal desacelera no Ceará. Desde agosto há queda na criação de novas vagas. Por outro lado, no acumulado do ano o saldo é recorde.

4- Carteira assinada: País enfrenta primeira queda no mercado em seis anos.

5- Ceará bate recorde em número de transplantes. Reestruturação da Central de Transplantes do Estado contribuiu para aumento dos transplantes realizados este ano.

Saiba mais nos jornais O Estado de S. Paulo, edição de 09/12/08 e Diário do Nordeste, edições de 20, 22 e 23/12/08.

Zen

Nasce um movimento, ainda pequeno, o slow blog, nome inspirado na prática do slow food, que promove a comida local, orgânica, sazonal, em oposição ao fast food que destruiria hábitos alimentares saudáveis.

O slow blog prega uma espécie de blog zen, escrito sem pressa, despreocupado com o imediatismo, o consumo ocasional, sem ser movido por notícias.

Para Bárbara Ganley (The New BGBlogging), slow blogging é "ficar em silêncio por alguns minutos antes de escrever e jamais escrever a primeira coisa que lhe vem à cabeça".

Um Manifesto Slow Blog escrito em 2006, por Todd Sieling, consultor de tecnologia de Vancouver, Colúmbia Britânica, apresentou os princípios do movimento. O slow blog é a rejeição do imediatismo, escreveu. Sieling não anda mais escrevendo devido à falta de leitores...

Dicas do movimento slow blogging:


1- Slow blogging é a rejeição do imediatismo.

2- Slow blogging prova que nem tudo que merece ser lido é escrito às pressas.

3- Slow blogging é meditação.

4- Blogs de notícias são como restaurantes de fast food.

5- Fique em silêncio por alguns minutos antes de escrever.

6- Não escreva a primeira coisa que lhe vem à cabeça.

7- Inclua posts uma ou duas vezes por semana, mas, se precisar ficar um mês sem escrever, faça-o.

E aí, depois do que leu, você acha que eu sou slow ou fast blogger? Dá para ser slow na internet, que é essencialmente fast?

Saiba mais na Folha de S. Paulo, edição de 02/12/08.

Duas Frases

A propósito da crise econômica mundial:

1- Estamos numa enrascada profunda. Sair desta vai exigir muita criatividade, e talvez alguma sorte também.
Paul Volcker, Prêmio Nobel de Economia.

2- Quem não conhece um nó não saberá desatá-lo. E a incerteza em que nos encontramos efetivamente está a indicar a existência de um nó.
Aristóteles, na Metafísica - Porto Alegre/Globo, 1969.

Flashes

1- País pode crescer só 0,5% em 2009, diz ONU. Previsão leva em conta agravamento da crise financeira; no cenário otimista organismo prevê expansaão de 3% para o Brasil.

2- Desemprego aumentará em 2009, admite governo. Ministro do Trabalho diz que "primeiro trimestre (do próximo ano) será brabo".

3- PIB de Fortaleza cresceu 14,5% em 2006. A capital cearense é a 9ª economia entre as capitais brasileiras e o 14º município do país. Lembro que no mesmo ano o PIB do Ceará cresceu 8° o maior aumento do país, o dobro do Brasil.

4- Imposto de renda de pessoa jurídica caiu quase 50%. Pela primeira vez, desde de novembro de 2004, a arrecadação das receitas administradas pela Receita caiu.

5- CNI prevê expansão de 2,4% do PIB em 2009. Para a entidade, a desaceleração fará com que o Banco Central reduza os juros básicos já em janeiro.

Saiba mais nos jornais Folha de S. Paulo, edições de 01 e 04/12/08; Diário do Nordeste, edição de 17/12/08; O Estado de S. Paulo, edições de 08 e 17/12/08.

A Frase do Dia

Não está pronto para vencer o que não admite perder.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Boas Festas...


Sobre a mentira

Artigo de Celso Lafer, publicado no jornal O Estado de S. Paulo, em 20/07/08.

Não é usual tratar da política na perspectiva da afirmação da verdade. Platão afirmou, na República, que a verdade merece ser estimada sobre todas as coisas, mas ressalvou que há circunstâncias em que a mentira pode ser útil, e não odiosa. Na política, a derrogação da verdade pela aceitação da mentira muito deve à clássica tradição do realismo que identifica no predomínio do conflito o cerne dos fatos políticos. Esta tradição trabalha a ação política como uma ação estratégica que requer, sem idealismos, uma praxeologia, vendo na realidade resistência e no poder, hostilidade. Neste contexto, política é guerra e, como diz o provérbio, "em tempos de guerra, mentiras por mar, mentiras por terra".

Recorrendo a metáforas do reino animal, Maquiavel aponta que o príncipe precisa ter, ao mesmo tempo, no exercício realista do poder, a força do leão e a astúcia ardilosa da raposa. Raposa, leão, assim como camaleão, serpente, polvo - metáforas que freqüentemente são utilizadas na descrição de políticos -, não podem, com propriedade, caracterizar o ser humano moral que obedece aos consagrados preceitos do "não matar" e do "não mentir", como lembra Norberto Bobbio.

No plano político, o realismo da força torna límpida, numa disputa, a bélica contraposição amigo-inimigo. Já o realismo da fraude é mais sutil, pois opera confundindo e aumentando a opacidade e a incerteza na arena política, como acentua Pier Paolo Portinaro. Maquiavel avalia que a fraude é mais importante do que a força para assegurar o poder e consolidá-lo. É por este motivo que a simulação, o segredo e a mentira são temas da doutrina da razão de Estado e a veracidade não é usualmente considerada uma virtude característica de governantes.

Sustentar a simulação e a mentira como expedientes usuais na arena política é desconhecer a importância estratégica que a confiança desempenha na pluralidade da interação humana democrática. A confiança requer a boa-fé que pressupõe a veracidade. O Talmude equipara a mentira à pior forma de roubo: "Existem sete classes de ladrões e a primeira é a daqueles que roubam a mente de seus semelhantes através de palavras mentirosas." O padre Antônio Vieira afirmou que a verdade é filha da justiça, porque a justiça dá a cada um o que é seu, ao contrário da mentira, porque esta "ou vos tira o que tendes ou vos dá o que não tendes". Montaigne observou que somente pela palavra é que somos homens e nos entendemos. Por isso mentir é um vício maldito. Impede o entendimento.

A proliferação generalizada da mentira, do segredo e da dissimulação - presentes nas incontáveis "versões" governamentais sobre tantos fatos despropositados, do "mensalão" à origem do dossiê das despesas de FHC - instiga uma reflexão sobre a mentira na prática política atual do nosso país.Ao pensar sobre a mentira na política, Hannah Arendt parte da distinção proposta por Leibniz entre verdades da razão, que são necessárias, e verdades de fato, que são contingentes, o que faz com que o seu oposto seja possível. Realça que fatos e eventos constituem a efetiva textura do domínio político e da sua verdade.

Fatos e eventos são mais frágeis do que axiomas. Por isso estão sujeitos ao assédio do poder, pois os fatos não têm razão conclusiva para serem o que são; poderiam ter sido de outra forma em função de sua natureza contingente. Porque não são auto-evidentes, requerem o testemunho confiável para serem preservados. Esta é, observo eu, a dimensão política da proibição, nos Dez Mandamentos, do falso testemunho, reafirmada várias vezes nos Evangelhos.

O potencial da mentira na política tem a sua explicação na origem da palavra, que vem do latim mentire, que quer dizer inventar, de mens, mente, da raiz men, que, por oposição a corpo, designa a atividade de pensar. Explica Hannah Arendt que a ação requer imaginação, ou seja, a capacidade de pensar que as coisas podem ser diferentes do que são para serem mudadas. Entretanto, esta mesma imaginação, que permite contestar os fatos para se ter a iniciativa de transformá-los, permite desconsiderá-los, o que, em outras palavras, quer dizer que a capacidade de mudar fatos e negar fatos através da imaginação está inter-relacionada. Este é o vínculo, apontado pelo padre Antônio Vieira, entre os juízos temerários, formados na imaginação, e os falsos testemunhos, daí advindo a mentira como uma tentação que não conflita com a razão, porque as coisas poderiam ter sido como o mentiroso as conta.

Nesta tentação, impulsionada pelo realismo do poder, vem recorrentemente incidindo o governo Lula ao manipular fatos para confundir a arena política por meio da multiplicidade de "versões". Estas confirmam a observação de Montaigne de que a mentira, pela sua natureza, ao contrário da verdade, não tem apenas um rosto, mas "cem mil formas e um campo indefinido".

A verdade factual não é questão de opinião. Por isso mesmo a democracia, que pressupõe o respeito pela cidadania e o controle e a responsabilidade do poder, requer o direito dos governados a uma informação exata e honesta. A palavra dos governantes que mascara e esconde põe em questão o chão da vida política democrática dada pela verdade factual. Diante do camaleonismo das "versões", leva à apatia, ao cinismo, à indiferença que minam a confiança exigida pela democracia.

No livro do Êxodo (23, 7) está presente, com força, a exortação de se afastar da palavra mentirosa. Na exegese judaica desta exortação se aponta que nenhum ser humano consegue ser totalmente veraz. Por isso o mundo está dividido em dois grupos de pessoas: aquelas que estão próximas da mentira e aquelas que buscam dela se afastar. Deixo ao leitor a tarefa de qualificar o enquadramento de tantos membros do atual governo e de seus próximos.

* Celso Lafer, professor titular da Faculdade de Direito da USP, membro da Academia Brasileira de Ciências e da Academia Brasileira de Letras, foi ministro das Relações Exteriores no governo FHC.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Veja nota da revista Veja

Papai Noel da caatinga

Há um ano, o governador do Ceará, Cid Gomes, dispensou uma licitação de compra de livros didáticos para fechar um contrato de 7,5 milhões de reais com a editora Aprender. A empresa é ligada a Edgar Linhares, que preside o Conselho de Educação do Ceará e foi assessor de Cid Gomes quando o político era prefeito de Sobral. O Tribunal de Contas do estado considerou que a operação fora irregular e só não mandou cancelá-la porque isso deixaria os alunos sem livros no meio do ano letivo. Na semana passada, Cid mostrou que não está nem aí para o tribunal. Dispensou outra licitação, desta vez de 5,8 milhões de reais, para comprar mais livros da editora Aprender.

A Frase do Dia

Quem não reconhece virtude no adversário está pronto para ser derrotado por si mesmo.

Daniel Piza

Muralha do Japão

O Jardim Japonês é, para mim, uma evocação da infância e adolescência, passadas no bairro de São Gerardo, aqui em Fortaleza.

Ele ficava bem ali, na rua Juvenal Galeno, nas proximidades da praça da igreja de Nossa Senhora das Dores, no bairro de Otávio Bonfim.

Uma placa modesta assinalava sua localização em um terreno abaixo do nível da rua, cujas pedras irregulares, polidas pelo tráfego, escorregavam em acentuado declive para a plantação de flores, cuidada com zelo nipônico.

Durante anos, o Jardim Japonês ornamentou templos, residências, clubes, colorindo ambientes com suas flores, na alegria e na tristeza.

O patriarca Fujita, laborioso e honesto, criou uma família cujos membros se projetaram, com destaque, em vários ramos de atividade. Homenageio a todos, na figura saudosa de meu colega e amigo Edmar Fujita, homem simples e bom, pioneiro da hemoterapia no Ceará, cuja viúva e filhos lhe seguem os passos.

Faço o preâmbulo para dizer que, se a imigração japonesa para o Ceará, no passado, se resumira à família Fujita, e mais tarde a um grupo trazido pelo Governo Federal, que se localizou no Núcleo Agrícola de Guaiuba, a homenagem que a Prefeitura de Fortaleza presta ao centenário da chegada dos primeiros japoneses ao Brasil, conta com a minha simpatia.

Se a idéia é boa e merece aplauso, considero que sua execução não foi feliz.

Julgo adequada a escolha do terreno para implantação do novo Jardim Japonês, agora público, por estar abandonado, embora encravado em área nobre.

Quem caminha na orla de Fortaleza, no trecho que corresponde à Avenida Presidente Kennedy, tem dificuldade de ver o mar, tantas as construções erguidas sobre a praia. É um paradoxo do qual Fortaleza é exemplo único. Tão próximos do mar, tão distante dos olhos. Os que conhecem o projeto, inspirado na tradição japonesa, falam de sua beleza.

Acontece que, escondido por trás de uma muralha de concreto, agredindo a paisagem, não será avistado pelos transeuntes.

Imagino quanto será bonita a visão do alto dos prédios das proximidades, que abrigarão privilegiados espectadores.

Descontrole

Em solenidade no Palácio Iracema, sede do Governo do Estado do Ceará, para assinatura da ordem de serviço da rede de internet banda larga, o Governador se incomodou com o fato do Presidente da Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (ETICE) considerar-se o autor da idéia.

Inconformado com a condição de patrocinador do projeto, concebido pelo professor, diante de uma platéia estarrecida, se considerou reduzido, pelo mesmo, a condição de cocô de cavalo...

Saiba mais no jornal O Estado, edição de 18/12/08.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Epitáfio

Sobre a lápide do túmulo de Maquiavel está escrito:

Não há elogio à altura de tamanho homem.

Pranto

Morre uma dama.

Nícia Marcílio, que já foi primeira, quando o marido, Flávio Marcílio, governou o Ceará, nunca deixou de sê-la na afeição dos que com ela privaram, graças ao jeito doce e a forma gentil com que tratava as pessoas, irradiando serenidade, apanágio dos espíritos bem constituídos.

Canal da Integração

O Canal que irá ligar o açude Castanhão para transportar água para Fortaleza e o Complexo Industrial Portuário de Pecém, no Ceará, teve as obras iniciadas na administração do Governador Beni Veras.

Quando assumi o Governo do Estado, a obra estava bem no início e praticamente paralisada.

Determinei sua retomada, deixando totalmente concluído o trecho 1. E prontos 65% dos trechos 2 e 3.

O atual Governo, além de mudar o nome do Canal, hábito seu em relação à obras e programas que datam do meu período, deu continuidade aos trabalhos, o que é muito bom. E anuncia, agora, a conclusão dos dois trechos.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Centenários

Para ajudar no seu roteiro gastronômico centenário, na cidade do Rio de Janeiro, publico uma lista de restaurantes e bares cariocas, que existem há mais de cem anos:

1. Confeitaria Colombo
É a do velho que, na música, sassarica à sua porta. Conserva no cardápio pratos preferidos por personalidades como Getúlio Vargas, além de servir um apetitoso café da manhã.

2. Lamas
Preferido dos boêmios, serve imperdíveis filés.

3. Bar Luis
Ideal para se tomar um chope, como manda o figurino.

4. Bar Brasil
O prato mais famoso é o kassler.

5.Leiteria Mineira
A tradição é feita de coalhada, mingau e arroz doce.

6. Cavé
O doce preferido é o pastel de Belém. E o prato é o bacalhau com salada.

7. Albamar
Sopa de rã, que leva espinafre e arroz, é a marca da casa.

8. Paladino
As especialidades são as omeletes. As que mais saem são as de bacalhau, camarão e a mista.

9.-Rio Minho
A sopa Leão Veloso, feita de caldo de peixe, carrega o nome do embaixador que trouxe a receita da França.

10. Bico Doce
Começou como um armazém de secos e molhados, que atraía a clientela com um bar nos fundos.

Saiba mais no suplemento Turismo, do jornal Folha de S. Paulo, edição de 11/12/08.

Piso

A Assembléia Legislativa do Estado do Ceará, pela maioria de seus deputados, pisou no piso (salarial) dos professores, seguindo as pisadas do Governador.

O Líder do Governo na Casa, deputado Nelson Martins (PT-CE), foi premiado com uma chuva de impressos, reproduzindo notas de reais, arremessadas das galerias por professores indignados.

Está previsto para hoje o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da ação impetrada por cinco governadores, entre eles o do Ceará, aliás, o único do Nordeste a fazê-lo.

Será que o STF irá também pisar no piso?

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Refinaria Já

*Artigo publicado no jornal Diário do Nordeste, domingo (14/12/08)

Na democracia, se a alternância de poder é a garantia de que serão cumpridos compromissos eleitorais, a descontinuidade administrativa é sua vulnerabilidade. O equilíbrio necessário ao progresso depende de ambas, mudança e continuidade em proporções definidas por cada circunstância. Os bons resultados obtidos pelo Ceará nas duas últimas décadas talvez possam em boa parte ser explicados sob este aspecto promissor: seus governadores, de acordo com as circunstâncias e o estilo pessoal de cada um, tomaram a mesma direção.

Foram quatro governadores nos últimos 21 anos que, observadas sob perspectiva, mantiveram uma linha comum na ação, em conformidade com princípios básicos e visão estratégica muito semelhantes. Isto vale também para o governo atual, apesar do esforço que faz para sobrepor uma marca de singularidade que ainda está, a meio caminho do mandato, longe de imprimir.

Mudar simplesmente o nome dos programas herdados do meu governo é tentativa vã de dar feição nova ao já existente. Não há nada de novo sob o sol do Ceará. Agora, vemos sob nova ameaça uma das principais bandeiras do estado, pela qual nos pautamos, meus antecessores e eu, e faz bem o governador atual em proclamar seu empenho pela garantia desta conquista. Trata-se da instalação de uma refinaria de petróleo na base estrutural do complexo portuário do Pecém. Após anos de luta, vimos, recentemente, o presidente Lula e a Petrobras assumir compromisso definitivo com esta realização.

Precisamos, todos que lutam pelos interesses do povo cearense, nos manter mobilizados em favor desta causa, agora, quando assistimos a declarações de importantes membros do governo federal no sentido de um adiamento sine die da obra. Como presidente local do PR, tenho solicitado aos deputados federais cearenses do nosso partido o máximo empenho para que o Ceará não se veja novamente prejudicado por manobras administrativas que geram incertezas e colocam em risco o êxito em metas fundamentais para o nosso desenvolvimento. A refinaria é uma causa de todos.

* Pres. Executiva Estadual do PR-CE

Flashes

1. Exportações do Estado recuam pelo segundo mês. O volume enviado, em novembro, pelo Estado do Ceará a outros países, somou US$ 101,112 milhões. Em relação aos US$ 131,541, de setembro, a queda atinge 23,13%. A redução já se fazia sentir desde outubro.

2. Oposição cobra mais discussão. Os deputados estaduais Adahil Barreto (PR-CE) e Heitor Férrer (PDT-CE), os dois únicos oposicionistas ao Governo do Ceará, reclamam que estão sendo atropelados pelos governistas, que não ensejam o debate sobre propostas do Executivo, que tramitam no Legislativo.

A maioria ampla permite aprovação folgada das matérias, mas não é o bastante. Devem ser aprovadas sem qualquer discussão.

3. O Governador José Serra, de São Paulo, anunciou um conjunto de medidas tributárias e linha de crédito para atenuar os efeitos da crise. O mesmo já fizeram os governadores Aécio Neves (MG), Jacques Wagner (BA), Paulo Hartung (ES) e Sérgio Cabral (RJ).

Aqui no Ceará, o Secretário Estadual da Fazenda informa que está em contato com as entidades de classe empresariais, para examinar o que poderá ser feito.

4. Sem recorde em 2008. Safra projetada em 1,13 milhão de toneladas. Produção não supera o recorde de 2006. O Governo Estadual apregoou, durante meses, haver superado os números do último ano do meu Governo. A realidade frustrou a publicidade governamental.

5. A Tribune, proprietária dos jornais Los Angeles Times e Chicago Tribune, entrou com pedido de concordata, em razão de uma dívida de U$ 13,00 bilhões. O New York Times, para equilibrar suas contas, hipotecou a sede.

No Brasil, a Tribuna da Imprensa fechou. Diante das dificuldades, o veterano jornalista Hélio Fernandes, que criou a expressão jornalistas amestrados, para se referir aos profissionais dóceis diante do poder, jogou a toalha.

Saiba mais nos jornais Diário do Nordeste, edições 13/12/08 e 09/12/08 e O Estado de S. Paulo, edições de 13/12/08 e 09/12/08.

Peneiras

Abordado por um homem que queria lhe contar algo, Sócrates indagou se a informação passara pelas três peneiras: a da verdade, a da bondade e a da utilidade.

Se o que vais dizer não é verdadeiro, não é bom, e não é útil, guarda a informação para ti mesmo, teria dito o filósofo.

Saiba mais no jornal O Estado de S. Paulo, edição de 13/12/08.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Precursor

Antes que o computador se tornasse ítem imprescindível em escritórios de empresas e órgãos públicos, convertendo-se em inevitável instrumento de trabalho para escritores e acadêmicos, o argentino Julio Cortazar lançava o que chamou de livro-almanaque, espécie de precursor de blog.

O primeiro, em dois pequenos volumes, se chamava A Volta ao Dia em 80 Mundos. Nele, o autor fala de coisas heterogêneas, suas paixões, jazz, boxe, artes plásticas, surrealismo e as viagens de seu xará, Júlio Verne.

O segundo, O Último Round, título que se refere ao boxe, marca o fim do projeto de livros caleidoscópicos, apenas dois, que, somados, reúnem quase mil páginas.

Há quarenta anos, um escritor talentoso e original despontava como um blogueiro, nos padrões de hoje.

Os dois títulos acabam de ser lançados no mercado pela editora Civilização Brasileira.

Saiba mais na revista Veja, edição de 29/09/08.

Reflexão para o domingo

Irmãos: estai sempre alegres! Rezai sem cessar. Dai graças em todas as circunstâncias, porque esta é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo. Não apagueis o espírito!

Trecho da primeira carta de São Paulo aos Tessalonicenses.

Licitação

O jornalista Egídio Serpa, em sua coluna no jornal Diário do Nordeste, chamou atenção para licitação em curso, no Governo do Estado do Ceará, com a finalidade de adquirir 250 câmaras de vigilância.

Para ele, o fato de haver se habilitado apenas um concorrente e as exigências do edital afastarem outros interessados, com grande experiência na matéria, causa muita estranheza.

Seria, segundo insatisfeitos, cujas opiniões ele transcreve, falta de transparência e de ética. Compra direta, menos licitação.

Dias depois, o Tribunal de Contas do Estado mandou sustar a referida licitação, demandando informações adicionais para análise e tomada de decisão.

Mais alguns dias e o Governo cancelou o concurso.

Toda licitação, que pelas exigências do edital só possam ter um vencedor, isto é, está dirigida, é em princípio suspeita. Requer exame acurado. Assim como as que são vencidas por falta de outros competidores ou mediante desclassificação de todos demais concorrentes.

No atual Governo tem ocorrido muitas situações dessas, a partir da aquisição das Hilux, para o Programa Ronda do Quarteirão.

São licitações dirigidas, poucas barradas. O jornalista Egídio Serpa, ao denunciá-las, já impediu algumas.

Saiba mais nos jornais Diário do Nordeste, edição de 26/11/08 e O Povo, edição de 06/12/08.

Flashes

1. Pesquisa feita a pedido da Comissão de Ética Pública da Presidência da República mostrou que 50,3% dos pesquisados tolera a prática do nepotismo. O Coordenador do levantamento, Ricardo Caldas, da Universidade de Brasília (UnB), disse que se fosse para resumir o resultado da pesquisa, em uma única frase, diria que a sociedade brasileira não sabe separar o público do privado.

2. O Ceará caiu no ranking do ensino médio. O Estado ficou em 14% lugar no Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM). Foram duas colocações e dez pontos a menos em relação ao resultado do ano passado.

3. A renúncia fiscal no Brasil atinge 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB). A Região mais beneficiada é a Sudeste, com 30,58% do total, seguida do Norte com 14,91%. O Nordeste vem em terceiro, com 11,25%. No entanto, quando se trata de incentivos fiscais, somos a Região mais lembrada para receber as críticas.

4. A Assembléia Legislativa do Estado do Ceará vem de mudar seu Regimento Interno. Entre outras modificações, são criadas novas comissões técnicas. Infelizmente, esses órgãos não vêm se reunindo com a freqüência exigida. Quantas reuniões terá feito a Comissão de Fiscalização e Controle, por exemplo? Seria útil uma comparação entre a atual e a legislatura passada.

Saiba mais nos jornais e respectivas edições: Folha de S. Paulo, de 05/11/08; O Povo, de 22/11/08; Folha de S. Paulo, de 27/11/08; Diário do Nordeste, de 07/12/08.

A Frase do Dia

Pensar com a cabeça fria é banal. Quero ver pensar com a cabeça sob a pressão de sentimentos fortes ou fronteiras inéditas.

Daniel Piza

Transplantes

Aumentou em 6,3% o número de transplantes de órgãos, realizados de janeiro a novembro, em relação ao ano de 2007. A superação ocorre em relação a todos os órgãos, exceção feita à córnea.

O Hospital Geral de Fortaleza ( HGF) realizou um total de 84 transplantes, alcançando seu próprio recorde, atingido em 1984.

A estatística revela um dado importante em relação aos transplantes renais. A doação a partir de cadáveres já é duas vezes mais que de doadores vivos.

Saiba mais no Diário do Nordeste, edição de 26/11/08.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Petrobras

1. O Presidente Lula proibiu a Caixa Econômica Federal (CEF) de emprestar mais dinheiro à Petrobras. Pudera, afinal a empresa pegou no(a) caixa mais de 20% de todo o dinheiro liberado pelo Banco Central (BC) para reativar o crédito.

Muitas outras interessadas, em operação semelhante, terão sido barradas no baile.


2. O Golar Spirit, há muito fundeado na área do Porto de Pecém, no Ceará, continua sem poder descarregar o gás no Terminal recém inaugurado. Uma segunda tentativa de fazê-lo, foi novamente frustrada.

Em encontro casual com ex- Diretor da Petrobras, este me informou terem sido cometidos erros técnicos na obra, até agora não sanados.

A empresa até aqui silencia sobre o que ocorreu.

Saiba mais no Diário do Nordeste, edições de 01 e 04/12/08.

Vexame

Como vascaíno, fiquei muito triste com o rebaixamento do clube, mas não cheguei ao desespero do torcedor que queria se matar, atirando-se da marquise do Estádio.

Mas, que doeu, doeu...

Também, com os dirigentes que tínhamos, desde alguns anos, não poderia ser diferente.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Medicina

A proliferação de cursos de medicina, sem respeito aos requisitos básicos para seu funcionamento, já vem apresentando problemas esperados. Pelo menos, é esta a opinião de Luis Gomes do Amaral, Presidente da Associação Médica Brasileira (AMB).

Segundo ele, o fato do Brasil só estar abaixo da Índia, em número de cursos, já revela a qualidade do ensino oferecido.

O Ministério da Educação vem de punir, com base nos resultados do Exame Nacional de Desempenho do Estudante (ENADE); e análise da estrutura dos cursos realizada por uma comissão de supervisão, três universidades. A Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), no Rio Grande do Sul, a Universidade de Marília, em São Paulo, e a Universidade de Iguaçu, campus de Itaperuna e Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro.

Os cursos obtiveram notas 1 e 2 no ENADE, e serão forçados a diminuir o número de vagas ofertadas.

A AMB pede maior rigor nas punições e não descarta o fechamento de algumas faculdades, o que já ocorreu no passado, nos Estados Unidos, a partir do Relatório Flexner, resultado de investigação do ensino da medicina no País, que recomendou o encerramento de alguns cursos.

Saiba mais n'O Estado de São Paulo, edição de 05/12/08.

Crise

A produção e o faturamento do setor industrial cairam em outubro. O consumidor ficou mais cauteloso, planos de investimento foram suspensos, lançamentos imobiliários foram adiados e demissões começam a ocorrer.

Os primeiros dados de novembro confirmam a tendência de enfraquecimento da economia, apesar dos esforços feitos para estimular o mercado e reanimar o crédito.

A crise já alcançou o Brasil. O que ainda se ignora, e por isso se teme, é sua extensão e duração.

O Presidente Lula, ao mesmo tempo que adota providências para abrandar os seus efeitos, tem palavras de otimismo, que visam tranqüilizar as pessoas e evitar o pânico.

Aqui entre nós, talvez com o mesmo objetivo de acalmar os ânimos, o Governador do Estado disse que a crise poderá ser benéfica ao Ceará. Exagerou na dose. As duas possíveis consequências positivas citadas, não são consistentes.

O ganho nos empréstimos em dólar, em fase de contratação, face a desvalarização do real, o que possibilitaria mais investimentos, é anulado pelo acréscimo no desembolso para quitar prestações vincendas da dívida fundada, contraída em moeda estrangeira.

O provável incremento do turismo, gerado por estrangeiros atraidos pelos preços mais convenientes, e pelos brasileiros que troquem viagens internacionais, encarecidas, por destinos internos, pode ser anulado por aqueles que, por prudência, ou empobrecidos, simplesmente deixem de viajar.

Ainda que as hipóteses sugeridas se confirmassem, que não me parece seja o caso, os resultados estariam muito longe de compensar o efeito cruel da crise, que angustia as pessoas só com o receio que ele ocorra: a perda do emprego.

Saiba mais nos jornais O Povo, edições de 05 e 06/12/08 , e O Estado de S. Paulo, edição de 05/12/08.

Degradação

Ontem à noite, domingo, 7 de dezembro, entre 19h30 e 20 horas, ao me deslocar para a Praça do Ferreira, com o objetivo de assistir ao show do lançamento do CD do Ricardo Alcântara, fui surpreendido com um mega congestionamento de trânsito em torno da Catedral Metropolitana de Fortaleza.

O tráfego não fluía de modo algum. E muitos veículos estacionavam, em fila dupla, obstruíndo completamente a circulação.

Só consegui chegar ao destino depois de muitas voltas, para escapar da enorme confusão que imobilizou ônibus e automóveis.

Enquanto aguardava o início do espetáculo, dei um passeio na citada Praça para admirar a decoração natalina.

Fiquei chocado com a imundície reinante e a degradação daquele tradicional espaço urbano, coração histórico de Fortaleza.

Se a nossa Prefeita der uma voltinha, de surpresa, ali, tenho certeza que irá se sensibilizar com a situação. E dará um jeito de melhorar o ambiente.

Concurso

Em sua apreciada coluna, o jornalista Egídio Serpa estranha a contratação, sem licitação, da Fundação Universidade de Brasíla (será aquela cujo tamanho e abundância de irregularidades derrubaram o Reitor e seu Vice?), pela Secretaria de Segurança do Ceará, para organizar e realizar concurso para recrutamento de policiais militares.

Indaga o colunista se não há, aqui, instituições habilitadas para a tarefa. Claro que há.

Aliás, o atual Governo abusa da terceirização, sem a devida licitação, como determina a lei, de atividades do Estado, inclusive via fundações universitárias.

Tem secretaria que terceiriza tudo, burlando a lei, para contratar sem licitar.

Saiba mais no Diário do Nordeste, edição de 04/12/08.

Aval

Da coluna do Ari Cunha, no jornal Correio Braziliense, edição de 30/11/08:

A frase que não foi pronunciada

Quer reconhecer um bom governante? Veja o que ele deixou para o próximo administrador.

Senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) pensando na experiência do Ceará.

Sala de Leitura

Viagens aéreas freqüentes, em decorrência de obrigações funcionais, levaram-me a considerar o avião um excelente local para a leitura. Desde que os vizinhos respeitem sua opção.

Em recentes viagens que empreendi à cidade de São Paulo, Brasília e ao Rio de Janeiro, li dois livros, os quais recomendo aos interessados. São eles:

A Revolução de Gutenberg
John Man. Edições Ediouro.
Conta a história de um gênio e da revolução que mudaram o mundo.

Cemitério dos Vivos
Lima Barreto. Editora Planeta.

Devo este desempenho à tranquilidade dos vôos e ao silêncio dos vizinhos.

Único

Segundo a imprensa, a senadora cearense Patrícia Saboia (PDT-CE) pensa como eu, ao denunciar o déficit democrático que reina entre nós.

Instala-se, no Ceará, um monopólio político que elimina a oposição e suprime o debate. O objetivo é a unanimidade acrítica, que oculta erros e falhas do Governo local.

É a marcha da arrogância que empurra a formação de um Partido Único, o PUN, sigla que tomo por empréstimo ao jornalista Reinaldo Azevedo.

Quando a oposição falou e foi ouvida, deu-se um basta à farra dos vôos internacionais, em aviões fretados.

Até evitou-se a afronta da reforma suntuosa do Palácio da Abolição, cujo projeto desrespeitava parecer de órgão técnico do Governo, responsável pelo patrimônio histórico estadual.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Biblioteca na Holanda

Veja o requinte e a engenhosidade do mobiliário de uma biblioteca na Holanda.

Patinho Feio

Ameaçado de demolição, o Museu Ara Pacis, em Roma - projetado por Richard Meier e inaugurado há apenas 2 anos -, primeiro edifício moderno construído no Centro histórico da 'Cidade Eterna'.

Gianni Alemanno, o novo Prefeito direitista da città, prometeu, ao assumir o cargo em abril, pô-lo abaixo, por falta de "compatibilidade" com o entorno.

Já o Ministério da Cultura sugere uma manobra menos radical: a demolição de um muro projetado por Méier e o rebaixamento de outro, visando liberar a vista para as igrejas barrocas, que lhe estão por trás e que foram escondidas pelo novo Museu.

O Museu é feio e excessivo (...), uma bofetada na cara dos cidadãos romanos, fulminou o Subsecretário do Ministério, Francesco Maria Giro.

O edifício de Meier funciona como um relicário, abrigando o Ara Pacis, um altar sacrifical do século I aC, encomendado pelo Imperador Augustus, dedicado à paz nos campos de França e Espanha.

A revolta contra a obra é tanta que Vittorio Sgarbi, um crítico de Arte sem papas na língua, qualificou-a de cloaca indecente: um cruzamento de posto de gasolina com pizzaria!

(Foto: lui40 in www.flickr.com)

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Desistência

A Honda oficializou a decisão de sair da Fórmula 1.

Alegou falta de retorno para os pesados investimentos feitos, a necessidade de focar seu negócio e a crise da economia, que afeta drasticamente a indústria automobilística.

Nos Estados Unidos, a comercialização de carros da marca caiu 32%.

A estrutura do time foi colocada à venda. Caso não apareça comprador, as atividades serão encerradas em março do próximo ano.

O Beco

Audifax Rios, o embaixador cultural de Santana do Acaraú em Fortaleza, ingressou na Academia de Letras e Artes do Nordeste (ALANE), merecida láurea para quem, como ele, maneja com maestria letras e pincéis.

Escolheu como patrono de sua cadeira, Ciro Colares, um dos grandes cronistas de Fortaleza, cujos testemunhos de amor à cidade estão registrados nos jornais e nos livros que escreveu.

Para assinalar sua investidura acadêmica, Audifax organizou e ilustrou publicação em que nos fala de Ciro, autor e obra. E da relação que com ele estabeleceu, a partir de apresentação feita pelo meu primo José Domingos, radialista e publicitário, que virou legenda do rádio e publicidade cearenses.

Para minha satisfação, estou lá nos textos do Ciro, como o redentor do BECO, de batismo Beco do Segundo, de crisma Rua Professor Costa Mendes, o Prefeito que decretou o fim da lama no Montese e Jardim América.

Formação

No Ceará, há indicações de que os cursos de formação de policiais militares e civis, delegados e escrivães, estariam deixando muito a desejar em relação à carga horária, conteúdo e treinamento físico.

É impossível melhorar a polícia sem formar bons policiais. A pressa em admiti-los pode prejudicar o esforço para aumentar efetivos.

Refinaria

O presidente Lula reafirmou a decisão de construir a refinaria no Ceará. Só não disse quando seria. A Petrobras permanece muda.

Unamo-nos, acima de quaisquer divergências, para lutar pela sua implantação.

O Ceará merece.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Nome

O MSI-Fiamma Tricolore, sucessor do Partido fascista italiano, está premiando com E$ 1.500 aos pais que colocarem nos filhos os nomes de Benito e Rachele.

A iniciativa visa preservar os nomes do ditador Benito Mussolini - e sua esposa Rachele - do desaparecimento. E ao mesmo tempo, rememorar as raízes do Movimento.

O prêmio será oferecido aos moradores da região pobre da Basilicata, no sul da Itália.

Saiba mais no jornal O Estado de S. Paulo, edição de 26/11/08.

A frase do dia

O que é bem dito diz-se com rapidez. O bom, se é conciso, é duas vezes bom.

Baltazar Gracian (1601-1658), teólogo e filósofo espanhol.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Aderbal Freire

Decorreu no sábado último, 29/11/08, o centenário de nascimento de Aderbal Nunes Freire.

Advogado, foi professor de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC). Presidiu a Ordem dos Advogados do Brasil- Secção Ceará (OAB-CE). Foi um dos fundadores da Associação dos Professores do Ensino Superior do Ceará (APESC).

Amigo de meu pai, colaborou junto com ele na fundação e administração da APESC, cuja sede freqüentava regularmente, aos sábados, para desfrutar do convívio com colegas. Através dele, me aproximei do Dr. Aderbal, que viria, com D. Maria, sua esposa, serem, mais tarde, meus padrinhos de casamento.

Desapercebido da data, não fui à missa comemorativa do centenário.

Deixo aqui meus cumprimentos à família.

Economia

Do jornal Diário do Nordeste, edição de 29/11/08, manchete de primeira página:

Saldo médio
CE supera o país em criação de empresas
Números do Estado superam também o percentual médio alcançado na Região Nordeste

O Ceará registrou, entre 2000 e 2006, taxa média de criação de empresas com pessoal assalariado de 22,2% contra taxa média de unidades extintas de 15,5%. O saldo positivo é de 6,7%.

O Estado tem média superior a do País e a do Nordeste. Somente Maranhão e Rio Grande do Norte, no Nordeste, registram, no período analisado, números superiores aos nossos.

Que marcha era essa em que andávamos?

Eleições 2008

Saiba no jornal Folha de S. Paulo, edição de 30/11/08, o preço da eleição de Fortaleza.

Quanto custou, quem pagou e a quais candidatos.

A frase do dia

Ser poeta não é uma maneira de escrever. É uma maneira de ser. O leitor de poesia é também um poeta.

Mário Quintana (1906-1994), poeta e tradutor.

ICMS II

O governador Jacques Wagner, da Bahia, anunciou o parcelamento do recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS), de dezembro, em quatro prestações.

Também informou que irá abrir uma linha de financiamento, no valor de R$ 30 milhões, para suprir a escassez de crédito com que se defrontam as empresas.

domingo, 30 de novembro de 2008

ICMS

José Serra, governador do Estado de São Paulo, anunciou que irá prorrogar por um mês o prazo para pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS), referente ao mês de dezembro. A medida significará um reforço de R$ 2 bilhões no capital de giro das empresas.

Aqui, diz o Secretário Estadual da Fazenda (Sefaz): estamos analisando, com muita cautela e estudo, se o Ceará comporta alguma medida desse tipo.

Medida desse tipo adotei em meu Governo. E meus antecessores fizeram o mesmo.

A irreverência cearense já apelidara a medida desse tipo de Decreto Papai Noel. Era uma forma de estimular a economia e dinamizar o comércio.

O atual Secretário deve estar aguardando os empresários irem lá pedir...

Saiba mais no Diário do Nordeste, edição de 29/11/08.

Medidas Provisórias

Há um debate que não cessa. Refiro-me às Medidas Provisórias (MPs), instrumento legislativo nascido na Constituição de 1988.

Discute-se sua oportunidade, cabimento, tramitação, abuso de emprego e conveniência de sua adoção.

Ações na Justiça, protestos no Legislativo, de quem se sente usurpado em suas funções, já produziram alterações no rito processual e impuseram algum freio à voracidade do Executivo.

O assunto está na ordem do dia, pelo fato do Senador Garibaldi Alves, Presidente do Senado Federal (SF), haver devolvido uma ao Executivo, a que tratava da anistia às entidades filantrópicas; e a Câmara dos Deputados (CD) ter aprovado Projeto de Lei (PL) que altera a forma de apreciação pelo parlamento.

A matéria requer exame isento e desapaixonado.

A maior defensora das Medidas Provisórias é a oposição, quando chega ao Governo. Os Presidentes argumentam que sem elas não governam, face à exigência de medidas prontas e eficazes, diante das exigências complexas da moderna administração.

Então, há algo errado na crítica e na defesa do instrumento. Uma parte da culpa, é do Congresso Nacional (CN). Por que não delibera, aprovando a medida proposta, na íntegra, modificando-a ou rejeitando-a, em lugar de paralisar o Legislativo, por falta de decisão que leva inevitavelmente ao trancamento da pauta?

A resposta está na influência tentacular do executivo sobre o Congresso, e na apatia do parlamento, vítima da inércia, fruto da fragmentação partidária, que dificulta a formação de consensos e da ausência de líderes naturais, qualificados, para impor um ritmo aceitável ao processo legislativo.

Perda

Leio nos jornais notícia sobre a morte do Professor Jaime Alencar. Ele estava internado há dias, após sofrer acidente vascular cerebral.

Fomos contemporâneos no Liceu do Ceará, tendo ele se destacado como ativo líder estudantil.

Começava sempre seus discursos com a saudação, Colegas... O que me levou a cumprimentá-lo, sempre que o encontrava, como colega Jaime.

Junto com a esposa, a Professora Penha, que preside a Associação dos Professores do Ensino Oficial do Ceará (APEOC), exerceu liderança junto aos professores cearenses.

Não diria que tenha sido integralmente justo na oposição que me fez, mas tive sempre paciência para escutá-lo, relevando o que me parecia descabido.

Ultimamente estava muito envolvido, junto com outros membros da família Alencar, na justa valorização da figura forte de Dona Bárbara de Alencar.

À Professora Penha, e demais familiares, meus pêsames.

Rotina

Jornal Diário do Nordeste, edição de 27/11/08, primeira página:

Desafio para o estado. Quatro detentos fogem do IPPOO I

O Chefe da Coordenadoria do Sistema Penal do Estado, Bento Laurindo, não descarta a colaboração de funcionários com os detentos, que serraram grades e pularam a muralha.

De volta

Estive ausente do Ceará quinta e sexta-feira passadas.

Fui ao Rio de Janeiro receber, da Academia Nacional de Medicina, o título de Sócio Benemérito.

A Academia foi fundada em 1829, e reúne nomes expressivos da medicina brasileira, tendo sido um centro de estudos médicos ímpar no período que antecedeu à consolidação das instituições universitárias.

Recebeu o título junto comigo, o ex-Senador Bernardo Cabral, também ex-Ministro da Justiça e Relator Geral da Constituinte de 1988.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Resultados Positivos

Artigo publicado na Editoria de Opinião do Diário do Nordeste, na terça-feira (25/11).

Uma mentira, quando repetida mil vezes, pode, aos incautos, iludir com a feição da verdade. Mas uma verdade, se repetida outras tantas vezes, se faz ainda maior. Principalmente, quando confirmada pelos fatos. É o que me ocorre dizer agora, com o estudo Contas Regionais 2006, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Nem foi preciso que se passasse tanto tempo assim para que os fatos demonstrassem a celeridade com que o Ceará cresceu durante o período em que estivemos à frente do Governo do Estado: segundo o IBGE, no ano de 2006, último de meu governo, quando fechamos o ciclo estratégico da nossa gestão, o Estado do Ceará cresceu 8% - o dobro do crescimento médio do País. Mais um recorde alcançado pela nossa administração.

O estudo afirma ainda que o aumento médio do Produto Interno Bruto (PIB) da região Nordeste foi da ordem de 4,8%, bem abaixo do desempenho cearense. Naquele período, enquanto a nossa indústria crescia 5,3%, os serviços obtiveram 6,5%. Nosso maior desempenho, contudo, foi no desenvolvimento da agropecuária, onde foram registrados sucessivos recordes na produção de grãos, favorecendo a marca notável de 35,5% de crescimento para todo o setor.

Os resultados são bons para o Ceará e servirão, com certeza, de parâmetro para as avaliações futuras sobre os rumos dados à boa herança que deixamos ao povo cearense. Mas há muito a ser feito, pois somos ainda um Estado com muitos pobres e grande concentração da riqueza.Todos lembram as condições em que recebemos o Estado e as dificuldades que tivemos que enfrentar, sobretudo nos dois primeiros anos de governo, para honrar compromissos elementares. Com austeridade, conseguimos equilibrar as contas públicas e recuperar a capacidade de endividamento do estado, buscando novas oportunidades para o crescimento do Ceará e a melhoria nas condições de vida do povo.

O que nos contam os resultados, agora consolidados pelo estudo Contas Regionais, do IBGE, é que aqueles foram anos céleres, de um Ceará administrado com dinamismo e seriedade.

Lúcio Alcântara

Sumiço

Contagem revela mais dois "sumiços" no Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS). A identidade dos dois detentos desaparecidos permanece em sigilo. As buscas ocorrem ali desde a última sexta feira. 1.255 presos estão recolhidos, atualmente, 250 além de sua capacidade real. 18 detentos foram assassinados no IPPS desde janeiro passado (Jornal Diário do Nordeste, edição de 25/11/08).

Para quem procurava, está aí um recorde do atual Governo. Há poucos dias, o jornal O Povo estampava, em manchete na primeira página, a intenção do atual Governo de implodir o IPPS. Marketing puro!

Oxalá não venha por aí, dentro da estratégia das urgências por omissão, um pedido de dispensa de licitação para realizar outro leilão reverso...

Em seguida, a imprensa noticiava a decisão da justiça determinando prazo para a recuperação de parte da penitenciária, destruída em motins que lá se sucedem, sem que o Governo a reconstruísse.

O deputado estadual Marcos Cals (PSDB-CE) é uma liderança emergente na política cearense. Durante meu período de Governo, presidiu a Assembléia Legislativa, tendo revelado competência e maturidade.

Consta que ao ser convidado para ocupar a Secretaria de Justiça (Sejus), ter-lhe-ia sido prometida, para ajudar a convencê-lo, a coordenação política da bancada do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) junto ao Governo.

Promessa feita, promessa descumprida. A impressão que se tem, de longe, é de que o Secretário, assim como os presos, foi abandonado a própria sorte, sem poder e sem recursos.

A frase do dia

Injustiça maior é a praticada por quem já sofreu uma.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Pranto

Faleceu Raimundo Gomes da Silva. O Oliveira, para os amigos e família.

Foi Deputado Estadual e Federal, com vários mandatos. Presidiu a Assembléia Legislativa do Estado do Ceará, exercendo importante liderança política na Região do Vale do Curu.

De temperamento afável e fala mansa, era dotado de grande coragem pessoal, testada em confrontos políticos dentro e fora do parlamento.

Primo e amigo de meu pai, os dois foram aliados, com grande protagonismo na política cearense.

Sucedi-lhe na amizade e solidariedade, que sempre lhe dedicamos.

Sua morte fecha mais um capítulo da história do Ceará.

Meus sentidos pêsames à viúva Yeda e todos os familiares.

Oposição

Leio nos jornais que a bancada de deputados estaduais cearenses do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) saiu satisfeita da reunião que teve com o Governador do Estado.

O encontro se deu após o Partido declarar-se oposição à atual administração do Ceará, embora tenha no atual secretariado dois membros seus.

Afinal, o PSDB é ou não oposição?

Será que o gomismo fez escola? Fazia oposição a mim, mas estava dentro do Governo. E como estava...

A frase do dia II

Um povo que não tem quem lhe fale perde o hábito de ouvir.

Rui Barbosa

Paraolímpicos


Há alguns dias, a cidade de Fortaleza sediou, no Clube Náutico Atlético Cearense, competição paraolímpica de natação, que reuniu 400 atletas, sob o patrocínio da Caixa Econômica Federal (CEF).

No meu Governo, foi criada a Secretaria de Esporte e Juventude (Sejuv), e instituídos os Jogos Paraolímpicos cearenses, que a atual administração estadual deu continuidade.

Aliás, até agora, sem mudar o nome, como fez em relação a outras iniciativas nossas.

A frase do dia

Tornar o simples complicado é fácil; tornar o complicado simples, isto é criatividade.

Charles Mingus (1922 - 1979), jazzista norte-americano.

Matemática

Análise do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), que leva em conta as notas de Português e Matemática, mais a taxa de aprovação dos alunos, revelou que o desempenho em Matemática, dos alunos da 4ª série, foi o melhor em uma década.

Todos os estados apresentaram melhores resultados em Matemática, mas em algumas situações o crescimento foi mais expressivo.

É o caso do Ceará, cuja nota, entre 2005 e 2007, passou de 3,8 para 4,6, um incremento de 24%, abaixo apenas do Piauí, que cresceu 27%.

É certo que a nota obtida está longe do ideal, mas o resultado é animador.

Saiba mais na revista Época, edição de 17/11/08.

De volta

Percorri esses dias o circuito São Paulo, Brasília, Guaramiranga. Razão da ausência de postagens, pelo que me justifico aos freqüentadores do blog.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Primeira

O ditado diz que a justiça tarda mas não falta.

Para mim, ela acabou de chegar - via Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Dá razão ao meu crítico quando afirmava que, no meu Governo, o Ceará não passava da primeira.

De fato, ocupávamos a primeira... colocação nacional.

Os números divulgados pelo IBGE, que constam do estudo Contas Regionais 2006, revelam que naquele ano, o Ceará cresceu 8%, o dobro do Brasil, mais um recorde de meu período de Governo.

O aumento médio do produto Interno Bruto (PIB) do Nordeste, na mesma época, foi de 4,8%. A indústria cearense cresceu 5,3%; em serviços, 6,5% e agropecuária, 35,5%.

Com o 12º maior PIB do País na série 2002-2006, o Estado apresentou o 15º maior crescimento em volume, 18,5%.

Nosso PIB, a preços de mercado de 2005, é de R$ 47, 223 bilhões. Os resultados são bons, mas há muito a ser feito, pois somos ainda um Estado com muitos pobres e grande concentração da riqueza.

Nosso PIB per capita, maior apenas que os da Paraíba, Alagoas, Maranhão e Piauí, é de R$ 5.636, menos da metade da média brasileira e abaixo de 20% do Distrito Federal.

Saiba mais em O Povo, O Estado de S. Paulo e Diário do Nordeste, edições de 15/11/2008.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Pranto

Baleado por um assaltante ao chegar em sua casa, faleceu o Pastor Helnir Cortez, de tradicional família evangélica, que embora jubilado, continuava a colaborar com a Igreja Presbiteriana da Rua Carolina Sucupira, no bairro da Aldeota, aqui em Fortaleza, onde exerceu o ministério por muitos anos.

Encontrava-o com alguma freqüência, sempre admirando sua atuação discreta e ponderada, que contribuia para maior diálogo entre os cristãos. Por mais de uma vez, deparei-me com ele celebrando, junto com um padre, casamentos ecumênicos.

A quantidade de pessoas no velório e sepultamento diz bem do quanto era estimado.

Meus pêsames à esposa, professora Célia Cortez e família.

Crise

A recessão já chegou nos Estados Unidos, Europa e Japão. Aqui, analistas trabalham com uma queda acentuada do Produto Interno Bruto (PIB). Espera-se crescimento próximo de zero no quarto trimestre deste ano. Para 2009, se as coisas não melhorarem, a expectativa é que ele possa ficar abaixo de três, o que para um País com a necessidade de crescimento e emprego que temos, será péssimo.

O impacto da crise no emprego tem sido rápido, surpreendendo os especialistas e consultorias. A queda maior tem sido nos setores da construção civil, metalurgia, incluindo a cadeia automotiva e eletroeletrônicos.

No Ceará, indagado pela imprensa sobre os efeitos da crise em relação à construção da refinaria, o Governador do Estado disse que 0 futuro é incerto.

Agora, a JFE Steel, 3º maior grupo siderúrgico do mundo, informa que poderá suspender ou cancelar, a participação que planeja ter na Companhia Siderúrgica do Porto do Pecém. O motivo é a crise financeira internacional. A Companhia Vale do Rio Doce, pela mesma razão, já havia anunciado a suspensão do investimento na siderúrgica cearense.

Saiba mais nos jornais O Estado de S. Paulo, edição de 16/11/08 e Diário do Nordeste, edição de 13/11/08.

Sistema Penitenciário

Caos no sistema carcerário
Casa de Custódia pode fechar. Lixo, lama, fezes e ratos imperam na Casa de Privação Provisória de Liberdade (CPPL) de Caucaia. Defensoria Pública visitou o local e poderá pedir interdição.
Jornal Diário do Nordeste, 01/11/08.

Polícia evita fuga em massa
Cinqüenta presos tentaram escapar ontem da Casa de Custódia de Itaitinga, através de um túnel de 30 centímetros de diâmetro.
Jornal O Estado, 10/11/08.

Três detentos escapam do IPPO
Três detentos fugiram na madrugada de ontem do IPPO II, em Aquiraz. A hipótese de fuga facilitada não foi descartada pela direção.
Jornal Diário do Nordeste, 09/11/08.

Detento morto e agentes em greve
Subiu para quinze o número de assassinatos, este ano, no Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS), a maior unidade carcerária do Estado.
Jornal Diário do Nordeste, 06/11/08.

15º preso é assassinado no IPPS
Dos quinze presos assassinados este ano dentro do IPPS, pelo menos nove foram mortos no pavilhão sete. No dia 16 de outubro, o juiz titular da comarca de Aquiraz, Roberto Diniz Teixeira, determinou a interdição parcial do IPPS. Entre outras decisões, determinou que a Secretaria de Justiça teria que concluir a reforma do pavilhão oito do presídio em sessenta dias.
Jornal O Povo, 06/11/08.

Violência continua
Mais um preso é assassinado no IPPS. Já somam dezoito os casos de assassinatos dentro do IPPS este ano. O corpo foi encontrado junto ao sanitário de uma cela e apresentava diversas marcas de cossoco.
Jornal Diário do Nordeste, 13/11/08.

Presos fazem motim e quebram câmaras
Policiais do Comando Tático Motorizado (COTAM), do Batalhão de Polícia de Choque, foram mobilizados, no fim da noite passada, para conter um motim praticado por 21 presos que estão recolhidos no 7º DP (Pirambu).
Jornal Diário do Nordeste, 13/11/08.

Crueldade no IPPS
Presidiários são queimados vivos. Os corpos foram encontrados carbonizados em uma cela trancada. A direção da penitenciária acredita em vingança.
Jornal Diário do Nordeste, 12/11/08.

domingo, 16 de novembro de 2008

Fé e Ciência


O Papa Bento XVI reuniu-se brevemente com um grupo de cientistas, entre os quais o físico inglês Stephen Hawking, durante evento da Academia Pontifícia de Ciências. Na ocasião, sua Santidade afirmou não haver contradição entre acreditar em Deus e na ciência.

A ciência, segundo ele, seria uma busca pelo conhecimento da criação de Deus. "Não há oposição entre o entendimento pela fé e a prova da ciência empírica. Galileu viu a natureza como um livro cujo autor é Deus", afirmou.

Galileu, no século XVI, foi perseguido pela Igreja Católica por defender que a terra gira em torno do sol. Só em 1992, a Igreja retirou a acusação.

O encontro dos físicos deverá girar em torno do tema Compreensões Científicas para a Evolução do Universo e da Vida.

Bento XVI, no seu pontificado, tem se esforçado para a aproximar a religião da ciência.

O evento prestigia a evolução teísta, ensinada pela Igreja Católica, que reconhece a evolução como teoria científica. Distancia-se, assim, do creacionismo defendido com ardor, sobretudo nos Estados Unidos, por grupos de evangélicos que pregam, inclusive, o seu ensino nas escolas.

Em 2007, Stephen Hawking, em entrevista, disse que "não é religioso no senso comum. Eu acredito que o universo é governado por leis da ciência. Elas podem ser decretadas por Deus, mas ele não intervém para quebra-las", completa.

Saiba mais em O Estado de S. Paulo, edição de 01/11/08 e Diário do Nordeste, edição de 01/11/08.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Medicina e Política

Honra-me inaugurar este magno conclave a cuja presidência honorária me guindou generosa indicação da comissão organizadora, sob a infatigável liderança do professor Dary Oliveira, para dar-vos as boas vindas, augurando proveitosos trabalhos que não impeçam o gozo de nossa hospitalidade e das belezas da terra cearense.

Passo sem delongas ao tema que me foi confiado a título de conferência de abertura para a qual trago como única credencial o conhecimento feito de experiência própria, médico e político que sou, assim como o foi também meu pai. O assunto sobre o qual pedem me debruce, as relações históricas entre a medicina e a política, exigem conhecimento de que me ressinto e tempo de que não disponho. Aí há matéria, não para uma aula, mas para um curso inteiro. Dar-me-ei por bem recompensado se o esforço de síntese que empreendo desperte interesse de quem se alongue em novos estudos nesse fascinante campo da história da medicina.

A história da medicina é também a história da evolução do poder médico. Para melhor interpretar a conexão da medicina com a política, é mister conhecer suas relações com o Estado, as pessoas e as instituições da sociedade, estabelecidas através de seus agentes, os médicos. Assim melhor se alcançará a forma pela qual se dá o envolvimento da medicina com a política e de como médicos nela ingressam.

O professor Jean Bernard, renomado médico francês, divide a história da medicina em cindo períodos. A saber:

1 – Período Mágico – tudo depende dos deuses aos quais está entregue o destino dos homens, e a doença faz parte deste destino. É desnecessário examinar e tratar os doentes. É o tempo dos sacerdotes e dos profetas, dos adivinhos.
2 – Período de Hipócrates – é no século V aC. que se busca a causa das doenças, se descrevem sintomas, se faz comparação de casos e se prevê a evolução da doença. Este longo período, que marca o início da medicina como ocupação, igualmente ineficaz, em nada acrescenta ao poder do médico.
3 – Período do Século XIX - é quando se dá a grande mudança que abriria espaço para a fase científica da medicina com as contribuições fundadoras, entre outros de Pasteur, Claude Bernard e Mendel que permitiram o surgimento das vacinas, da cirurgia e obstetrícia modernas.
4 – Período Terapêutico – não obstante os avanços científicos, a impotência terapêutica do médico se mantinha. A partir de 1936, com o surgimento das sulfas, da penicilina, dos hormônios, numa sucessão de descobertas, a situação muda, e a medicina torna-se mais eficaz.
5 – Período Racional – se a medicina do século XX foi muito diferente da praticada nos séculos passados, a do século XXI será rigorosa, muito eficaz, voltada para a prevenção e a predição, que se empenhará em ser universal, mas ao mesmo tempo reconhecerá o caráter único de cada homem. (Jean Bernard em “Esperanças e Sabedoria da Medicina”).

O desenvolvimento da medicina, registrado nos vários períodos em que se divide sua história, não eliminou de todo a natureza sagrada de seus primórdios nem o cunho sacerdotal dos primeiros praticantes. Ai residem as raízes do poder médico sobre os pacientes e a sociedade, tal o conhecemos hoje.

Durante todo esse tempo a humanidade mudou e com ela a medicina. O poder do médico sobre o paciente se consolidou, e a profissão ganhou projeção, as estruturas sociais que se constituíram, dentro e fora do estado, acabaram por legitimar esse poder, originando uma ideologia que guarda uma dinâmica de “dominação e submissão”, segundo Jaime Landmann, perante o indivíduo e a política.

Assim como o padre diz quem é santo e quem é pecador, e o juiz aponta quem é culpado e quem é inocente, o médico decide quem é doente e quem é são. A delegação que recebe dá-lhe esse direito, o grande poder de julgar.

O namoro da medicina com a política embute o risco da manipulação e da submissão, inaceitáveis ambas. O homem moderno cobra cada vez mais o direito à saúde, e os políticos usam a demanda para promover suas carreiras.

A colaboração construtiva da medicina com a política produziu páginas na história da humanidade que só engrandecem seus autores. A submissão aos ditames da política dominante, por outro lado, gerou fatos vergonhosos que cobriram de opróbrio a medicina e os médicos. Refiro-me ao comportamento indecoroso dos médicos que, a serviço de ideologias extremas, sacrificaram vidas nos campos de concentração nazista em nome da eugenia, ou de experimentos abjetos em seres humanos, confinaram dissidentes políticos em manicômios soviéticos, chancelaram a tortura nas masmorras das ditaduras. A cegueira ideológica não poupou médicos conceituados e professores de renome que, bestializados pela política, esqueceram a lealdade ao paciente, como prescreve o juramento de Hipócrates, para servir, incondicionais, a Estados totalitários. O vínculo com o Estado, que transforma o médico em agente duplo, na expressão de Landmann, não o desobriga do primeiro dever, que é para com o doente.

Se a servidão da medicina ao poder a avilta e rebaixa, a política não está vedada aos médicos, que podem fazer dela instrumento para realização de seus ideais. Esta, aliás, foi a visão de Virchow, o médico alemão que fundou a moderna patologia. Em 1848, foi designado pelo governo para estudar uma epidemia de febre tifóide que ocorria na Silésia, então território da Prússia, hoje parte da Polônia. Revoltado com a miséria da população, a desigualdade de renda e o analfabetismo, para combater a disseminação da doença, recomenda a adoção de várias medidas que resumiu na frase – “Democracia irrestrita, mais educação e melhoria do nível de vida”. Teve intensa atuação política. Foi vereador em Berlim, Deputado Estadual e Federal e um dos fundadores do Partido Progressista Alemão (1860). Defendia a união entre as idéias médicas e políticas para o controle mais rápido e eficaz das moléstias, pois atribuía importância às condições sócioeconômicas da população no surgimento e difusão da doença. Opunha-se assim, de certa maneira, aos que, entusiasmados com a descoberta por Koch do Bacilo da tuberculose, desconsideravam a importância do meio e das condições sociais da população na gênese e propagação da doença. Virchow foi uma ponte entre a ciência e a política. Acreditava que a medicina e a prática da saúde pública, aplicadas politicamente, poderiam transformar a sociedade. Por suas idéias, foi afastado da Universidade de Berlim a ela retornando anos depois.

Foi o cientista autor do texto canônico da medicina, “Patologia Celular” (1858), no qual desenvolve a tese de que a sede da doença está na célula. Sem esquecer a política, usa no texto, de caráter científico, a metáfora da “república das células” e da “democracia celular”. Conciliou competência científica com convicções políticas, conseguindo assim lançar as bases de uma nova patologia e da medicina social. Interpelado por Bismarck, seu opositor, em razão de seu comportamento, atribuiu ao médico o papel de “advogado natural dos pobres”, e resumiu seu ideal na frase “A Medicina é uma ciência social, e a política não é mais que a medicina em grande escala.” Para melhor exercê-lo, tornou-se político.

Na cátedra, no parlamento, e através do jornal “Reforma Médica”, fundado por ele, Virchow pugnou com ardor em defesa de seu pensamento. Defendia a escolha do ministro da saúde pelo voto direto dos médicos, melhores salários, maior relevância social para a classe médica e a criação de um serviço público de saúde. Foi um reformador que lutou por mudanças políticas e sociais que transcendiam à medicina.

Na prática, como vereador de Berlim, colaborou para a instalação de esgoto, saneamento, e higiene dos alimentos. Ajudou a transformá-la na cidade mais limpa da Europa.

A divulgação de suas idéias conquistou adeptos na Alemanha e em outros países, o que foi determinante para a expansão do conceito de medicina social e a realização das reformas médicas na metade do século XIX. A empolgação com a era microbiana da medicina e a ênfase posterior nas causas biológicas das enfermidades cresceram a biomedicina, mas a relevância dos fatores econômicos e sociais na determinação das doenças nunca poderia ser esquecida. Os dois conceitos, o de Flexner, que valoriza o individual, e o de Virchow, que privilegia o social, têm ambos sua validade, e a boa medicina deve integrá-los. Tratar bem dos doentes e combater de modo eficaz as doenças exige preparo técnico e compreensão política.

Na América Latina também se fez sentir a influência de Virchow no desenvolvimento da medicina. Salvador Allende, no Chile, e Manuel Vitorino, no Brasil, são dois exemplos de médicos e políticos sensibilizados por suas propostas.

Allende esteve entre os alunos do patologista alemão Max Westenhofer, discípulo de Virchow, que dirigiu por alguns anos o departamento de patologia da escola médica da Universidade do Chile, o que certamente contribuiu para formar a consciência que iria orientar sua atuação como médico e político. Ministro da saúde de um governo popular, em 1939, escreveu um livro “A Realidade Médico Social Chilena”, no qual traça um agudo panorama da situação de saúde da população, relacionando-a com as más condições de vida dos trabalhadores, o endividamento e a dependência internacional do país. No início dos anos 50, investido do mandato de senador, cria a legislação que institui o serviço nacional de saúde, em parte inspirado no serviço público de saúde proposto por Virchow. É o primeiro programa nacional das Américas que garante o acesso universal aos serviços. Sua morte trágica, em 1973, deposto da presidência do país por um golpe militar, foi o pesado tributo pago por suas crenças políticas que sonhou realizar pela via democrática.

Manuel Vitorino (1853 – 1902), médico bahiano de origem humilde, ajudou o pai no comércio e foi marceneiro, para reunir as condições de seguir os passos do irmão, ingressando na Faculdade de Medicina onde brilhou como aluno e professor. A faculdade, então chamada Academia de Medicina, era o centro em torno do qual girava a cultura e a intelectualidade da Bahia. Cursá-la era o caminho para a ascensão social. Os professores valorizavam a retórica, o culto obsessivo da língua, o ensino deixava muito a desejar e a medicina pouco tinha de ciência. As faculdades de direito estavam no Recife e em São Paulo, mas entre os doutores bahianos havia muito de bacharelismo. Daí saíram muitos médicos que brilharam na política no segundo reinado e albores da república, entre eles Manuel Vitorino, tido por Gilberto Freyre como quase outro Rui Barbosa na eloqüência. Neste cenário avulta a contribuição dada por um grupo de estrangeiros, o inglês Patterson, o alemão Wucherer, o português Silva Lima e o maranhense Nina Rodrigues, pesquisadores diligentes que, estudando doenças mal conhecidas, embora muito incidentes na província, fundaram a escola tropicalista bahiana, embrião da medicina científica que viria a transformar o ensino e a prática médica na faculdade pioneira do Brasil. A ação desses precursores se deu em meio à oposição dos conservadores, que viam com desconfiança o papel inovador do pequeno grupo, para o qual foi atraído Manuel Vitorino, em seqüência a seu irmão que já o integrava. A proximidade com os pesquisadores pavimentou-lhe o caminho para uma rápida e vitoriosa carreira docente, impulsionada por uma viagem que empreendeu à Europa em 1879 quando teve a oportunidade de visitar os grandes centros médicos de Londres, Berlim e Viena. Assiste às operações de Lister com o emprego do método antisséptico, freqüenta aulas de Robert Koch, conhece Rudolf Wirchow e fica fascinado pelo desempenho de Billroth, o criador da alta cirurgia do aparelho digestivo. De volta ao Brasil, inclina-se pela cirurgia, introduz a assepsia aprendida com Lister nos atos operatórios, galga por concurso a cátedra de cirurgia. Torna-se o mais respeitado e procurado cirurgião de seu estado.

Da viagem à Europa, Manuel Vitorino não trouxera apenas conhecimentos avançados de técnica operatória, mas veio consigo também o germe da política, despertado, quem sabe, pelas idéias de Virchow, com quem esteve, e a consciência do atraso do Brasil, ignorante e escravista.
Sua militância política se inicia em 1885, com artigos publicados na Gazeta da Bahia onde dá combate à escravidão, à vitaliciedade do Senado e prega o federalismo. Na verdade, a política já o seduzia há tempos, pois, doutorado pela Faculdade de Medicina, logo se inscrevera no Partido Liberal, atraído pelo brilho de Rui Barbosa de quem se torna companheiro. Com o advento da República, por indicação deste, ministro da fazenda do governo provisório, é investido no cargo de governador da Bahia. Entre seus atos mais importantes estão a extinção dos partidos políticos, a instituição do ensino primário obrigatório e leigo, a criação de fundo escolar para financiar a educação e o estabelecimento da higiene escolar, que chegou a regular a dieta e o repouso das crianças. O ímpeto reformista de Manuel Vitorino não encontrou eco entre os políticos bahianos e a oligarquia conservadora rural que não tardaram a intrigá-lo com Hermes da Fonseca, comandante da guarnição militar e irmão do Presidente Deodoro da Fonseca. Sem apoio para seu audacioso programa, lança um apelo patético “pela união do elemento político antigo e do elemento político novo”. Deixa o governo (abril, 1890), deposto, poucos meses depois de haver assumido, prometendo em carta a Rui “estar definitivamente retirado da política”.

Intenção desmentida dentro de pouco tempo. Depois de brevíssimo interregno, retorna à política para eleger-se sucessivamente deputado, senador estadual e senador federal, alçando-se ao plano da política nacional na qual seria figura de destaque como vice-presidente da república, tendo exercido em caráter interino a presidência, no impedimento de Prudente de Morais por motivo de doença. Na condição de vice-presidente participa da comissão instituída pelo prefeito Furquim Werneck para realizar estudos sobre o saneamento do Rio de Janeiro, tendo escrito a introdução do relatório apresentado pela comissão. A passagem lembra Virchow e o saneamento de Berlim. Desavindo-se com Prudente, experimentou o ostracismo e a perseguição política que injustamente o incriminou como um dos responsáveis pelo atentado sofrido por este quando do desembarque no Rio de Janeiro das tropas retornadas de Canudos. O atentado deflagrou o estado de sítio e medidas de exceção que ampliariam os poderes presidenciais e sufocariam a oposição na qual militava Manuel Vitorino. Fortalecia-se institucionalmente o presidencialismo brasileiro. O derradeiro golpe viria com o veto aposto por Campos Sales ao projeto aprovado pelo parlamento, prorrogando sua licença da cátedra na Faculdade de Medicina. A medida obrigava-o a retornar à Bahia. A política, por idealismo, o roubara à medicina; a política, por mesquinharia, o devolve à medicina. No curso dos preparativos para a viagem de volta, adoece e morre rápido. O corpo é transportado para Salvador no encouraçado Deodoro. A honra que lhe negam em vida oferecem-na morto.

O acesso dos médicos à política independe de autorização ou licença de qualquer órgão ou autoridade, salvo no que diga respeito à legislação eleitoral de caráter geral. A decisão é de natureza individual, implicando cada vez mais em uma opção entre as duas atividades crescentemente inconciliáveis. As exigências inerentes a cada uma delas impossibilita exercê-las simultaneamente, sob pena de mau desempenho ou frustração de expectativas, daí não ser rara a hesitação dos médicos atraídos pela política em abandonar o exercício da profissão. O contínuo progresso da medicina e a solicitação dos pacientes não admitem o médico em tempo parcial e desatualizado, assim como o político zeloso não dispõe de horas livres para se dedicar a outros misteres. Juscelino Kubitschek vacilou entre a carreira médica, que já se anunciava auspiciosa, e o convite para abraçar a política com seu fascínio e incertezas. Seu movimento foi no sentido de atender as duas vocações e aos poucos sentir afrouxar os laços com a medicina até afastar-se dela definitivamente com um gesto premeditado e algo teatral em 1944. São dele as palavras que transcrevo, reproduzidas do livro de Ronaldo Costa Couto – Brasília Kubitschek de Oliveira, páginas 58 e 59 :

“E à medida que me deixava absorver pelos assuntos submetidos à minha atenção, vi diluírem-se dentro de mim, os antigos valores que me absorveram: a medicina, o trabalho no hospital militar, os doentes da Santa Casa, a atividade no consultório. Era um universo – minúsculo, sem dúvida, mas construído com as próprias mãos – que começava a se esboroar. Mesmo a tese que, secretamente, e com tanto carinho estava elaborando para concorrer a uma cátedra na faculdade, acabou deixada numa gaveta e daí não sairia mais.”

Seu último paciente foi o escritor Eduardo Frieiro, que operou de apendicite aguda:
“Hoje, vou dar duas altas, Dona Noêmia. Uma ao Frieiro, que já está bom e pode retornar a suas atividades. E outra a mim mesmo, pois encerro, com o caso do seu marido, minha atividade profissional. Dona Noêmia olhou-me estupefata. Tirei o avental branco e o guardei no armário da sala dos médicos. Vesti o paletó. Apanhei alguns livros que estavam sobre a escrivaninha. Estendi a mão a Dona Noêmia e saí. A opção, sob a qual eu havia hesitado durante tanto tempo, acabara de ser feita. Já não era médico. Mas político.”

Vivi o mesmo dilema, conciliei o quanto pude, até render-me exclusivo à política. Se não me arrependi da decisão, guardo a nostalgia da carreira.

Os insucessos eleitorais, precoces ou tardios, produzem idas e vindas entre o consultório e a tribuna num movimento pendular que condena o médico ao anacronismo profissional, quando possível instalado na burocracia estatal ou relegado ao esquecimento que fomenta a desilusão política.

Há os que vêem nos médicos celeiro de políticos potenciais, estimulando pretensões adormecidas, tentadas pelo mundo fascinante da política. Recrutados pelas lideranças locais, os médicos da zona rural e das cidades menores lançam-se com freqüência à aventura política na disputa das prefeituras municipais. Arthur Tibau, no livro Notas de um médico, publicado em 1932, no texto intitulado o “Médico e o Estadista”, estranha que nenhum esculápio tenha até então ascendido ao posto de Presidente da Nação, não obstante o preparo de muitos deles, alguns já provados na administração pública e no governo de estados. Argumenta com um paralelo entre a organização social e o corpo humano, as células e os indivíduos, analogia que recorda expressões de Virchow no seu texto clássico sobre a patologia celular. Para o autor, conhecer o funcionamento do organismo humano capacita o médico a ser um dirigente político.

O médico e senador da Nigéria, Olorunnimbe Mamora, em conferência pronunciada em fevereiro de 2005, em uma universidade daquele país, exorta os médicos a se tornarem políticos, por acreditar que possam contribuir para melhorar a qualidade da vida pública nigeriana. Afirma serem muitos os pontos comuns entre a medicina e a política, que considera irmãs siamesas, pelo que ambas exigem de seus integrantes em termos éticos e morais, prometidos em juramentos solenes, fundamentos do elo de confiança que deve existir entre o médico e o paciente, o político e a sociedade. Juramentos que, como declarações de princípios morais, não são mais fortes que a vontade dos que os respeitam e aceitam, como bem anotou Thomas Szasz em A Fabricação da Loucura. A violação deles é reflexo do conflito interno da sociedade. A erosão do individualismo médico e o compromisso de trabalhar pelo bem geral como funcionário de saúde do estado aproximam a medicina da política. A mudança de posição do médico no contexto social e profissional já era apontada pelo “Journal of the American Medical Association” a propósito da lei de seguro de Lloyd George, o primeiro programa de seguro compulsório para operários britânicos, ao afirmar que daquele diploma em diante o médico não seria mais “um profissional liberal particular ou um negociante” (A Fabricação da Loucura, Thomas Szasz). Confessa-se casado com a medicina e amante da política, inspirado no exemplo histórico de Virchow, de quem repete um pensamento: “Se a doença é a expressão de uma vida individual em circunstâncias desfavoráveis, as epidemias são indicadoras de distúrbios de massa.” Julga que a maior participação dos médicos na política da Nigéria seja o remédio para o tsunami político que banha o país na corrupção e no desleixo dos governos. Invoca Sêneca para atrair os médicos à política:
“A grande punição para os sábios que se recusam a governar é sofrer o governo dos idiotas”. A afinidade entre a política e a medicina estaria, segundo ele, na promessa dos médicos de, mesmo sob ameaça, respeitarem as leis da humanidade e no compromisso dos políticos de não usarem o poder em detrimento das pessoas e da sociedade como um todo. Exorta os médicos a se comportarem como “profissionais na política” e não “políticos profissionais”.
Jean Bernard, aqui já citado, considera que a medicina é ao mesmo tentada e tentadora.

Identifica seis tentações que a assediam:

1 – Tentação administrativa – consiste na valorização excessiva da burocracia, da gestão e das normas. O predomínio dos meios sobre os fins. “A medicina moderna necessita da administração. A administração crê não necessitar da medicina” (Jean Bernard)
2 – Tentação psicológica – o reconhecimento dos transtornos afetivos, emocionais e sua importância para a saúde das pessoas não pode desprezar as causas orgânicas das doenças.
3 – Tentação sociológica – diz respeito à influência do meio sobre o surgimento de doenças e seu desenvolvimento. Considera a importância de fatores étnicos e dos costumes sobre a saúde das populações.
4 – Tentação humanista – cultivar o humanismo indispensável ao médico sem ceder ao beletrismo, a retórica sem conteúdo, a glória vã e vaidosa, que imobiliza a investigação científica e paralisa o progresso da medicina.
5 – Tentação científica – o risco de uma medicina sem médicos, desumanizada, com os pacientes assistidos só por aparelhos. A tecnologia substituindo o homem.
6 – Tentação política – a tentação política atua sobre a medicina, os médicos e os doentes. A percepção moderna da saúde como um direito de todos aguça o interesse dos políticos pela medicina, a qual ao mesmo tempo abusam e desprezam. A sabedoria está em buscar o equilíbrio que impeça o abuso e evite o desprezo. A interação entre as duas é proveitosa para a sociedade, desde que a medicina não se deixe corromper ou subordinar à política. Decisões políticas acarretam mais recursos para saúde, melhoram a assistência médica, ajudam a combater e controlar doenças. Campanhas saneadoras como a de Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro não se fazem sem verbas e sustentação política. Foi uma atitude política que acionou a propaganda maciça e a mobilização popular para uma campanha de combate aos ratos, moscas e mosquitos, sem o uso de produtos químicos, de que a China não dispunha. Em nove anos, entre 1949 e 1958, a higiene chinesa corrigiu um atraso de quatro séculos (Jean Bernard, em Grandeur et tentations de la médecine). Todavia a degeneração dessas relações deságua em atrocidades como as que tiveram lugar nos campos de concentração nazistas, nódoas da medicina alemã.

Para Jean Bernard são três as faces da tentação política. “A etapa inicial é um admirável sucesso da aliança entre a medicina e a política, a primeira reconhece os males que ameaçam o homem, a segunda oferece os meios de limitá-los; a segunda etapa que não nos concerne, é a exploração política desse sucesso; a terceira etapa, que nos concerne, é feita das conseqüências para a medicina de sua estreita aliança com a política”.

São diversas as vias pelas quais os médicos entram na política: pela tradição familiar; pelas relações profissionais com políticos ou seus familiares; pela cooptação por lideranças locais das pequenas cidades; pelo exercício altruístico da clínica junto à população carente que lhe desperta no peito a chama da política.

A forma de ingresso não importa, se motivado pelo ideal de servir, ampliando sua área de atuação, norteado pelos princípios que orientam a prática médica. Giovanni Berlinguer vê no estudante de medicina dos primeiros anos um idealista e, nos últimos, um cínico. Seria tão bom se conservássemos ao longo da vida a pureza das primícias médicas, as mesmas que devem ter impelido o médico Ernesto (Che) Guevara ao protagonismo revolucionário. No outro extremo está Adib Jatene, que nunca concorreu a eleições nem fez revoluções, mas prestou assinalados serviços, à política e à medicina, como secretário de saúde de São Paulo e ministro da saúde.

O número de médicos, no executivo e no parlamento, tem crescido no Brasil, e no Ceará não tem sido diferente. O que não tenho como avaliar é o impacto do fato sobre o nível da política brasileira e da saúde do povo. A maior participação dos médicos na política não é em si nenhum mal. Pelo contrário, poderá ser benéfica à sociedade. Há exemplos que engrandeceram as duas. Tudo depende da motivação de cada um e da forma como ascenderam à vida pública. Maus médicos, sem ética e sem pudor profissional, serão seguramente maus políticos.

O reconhecimento da importância dos fatores sociais na gênese das doenças instituiu nos anos vinte do século XIX os fundamentos da medicina social que arrebatou muitos médicos do consultório para o anfiteatro da política. Além das causas primárias das moléstias, microbianas, por exemplo, era preciso combater sua etiologia social, representada pela pobreza e a ignorância, e isso escapava ao domínio da medicina. Para enfrentar essas condições adversas à saúde humana, o médico havia que migrar para a política onde poderia encontrar a solução para problemas de tal magnitude.

O que fez de Virchow político foi o encontro com o atraso e a miséria dos habitantes da Silésia, a braços com uma epidemia de febre tifóide que lhe tocou investigar como um jovem médico. Se não tomou o caminho das armas como Guevara, despertado pela realidade com que se deparou ao longo de sua mítica viagem pela América do Sul, previu a revolução de 1848, quando afirmava que a aparente tranqüilidade seria negada pela eclosão dos conflitos sociais. Entre a revolução e a reforma escolheu a segunda; preferiu a cátedra, a imprensa e a tribuna do parlamento à guerrilha, para travar a luta contra a iniqüidade e a injustiça social.

Manuel Vitorino deixou claro em seu manifesto político de 1898 o que o decidiu a enveredar pelo caminho tortuoso e inseguro da militância política. São dele as palavras que se seguem:
“Uma circunstância, porém, faz-me político militante: a minha viagem à Europa deu-me a conhecer até que ponto nos culminavam, e como influía nesse conceito, que nos abatia, o fato de sermos um país que ainda tinha escravos. De volta, vinham meus sentimentos abolicionistas exigentes, intratáveis, e nesse terreno não cedia uma linha”.

Antonio José de Almeida, médico e Presidente de Portugal, em visita ao Brasil, ao agradecer a medalha com a qual o homenageava a Academia Nacional de Medicina, manifestou com clareza, no estilo elegante da época (1922), a forte influência da medicina na sua carreira política. Reproduzo seu pensamento no trecho que interessa a nossa exposição:
“Mas, como disse, nessa minha vida de prático, de médico de aldeia, de que tanto tenho orgulho e cuja rememoração faço com tanto prazer, ela fica como um símbolo supremo – é o único que tenho neste gênero pelo menos é o único que tenho e jamais terei outro.

E ela ficará então como o símbolo do que o homem deve ser sobre a terra; e junto, por ventura, a outros símbolos de que disponho, ela será, sob certo aspecto, o símbolo supremo, porque aquilo que lembra minha vida de médico lembra o que tenho sido, e que não é muito, a não ser a investidura oficial que ostento, porque esta é enorme, visto que representa a pátria. Tudo aquilo que sou o devo efetivamente à minha profissão de médico.

Exercendo-a, estudando a ciência, que me deu as faculdades para exercê-la, fiquei sabendo que na vida só há uma verdade – aquela que assenta na observação e na experiência.
Foi como médico e cultivando a medicina, que pude ter para mim esta filosofia suprema, de que o homem deve ser sempre bom, caritativo e agasalhador; que o homem deve olhar sempre para seu semelhante, ou seja branco ou preto, ou grande ou pequeno, ou homem ou mulher, ou celerado ou santo, abrigando-os, a todos, no manto da mesma ternura.

Se eu não tivesse sido médico, pouco mais, em qualquer caso, poderia ser do que tenho sido, poderia ser muito menos, mas, com certeza, seria uma coisa diferente, porque foi o exercício da minha profissão, foi o contacto com os meus doentes, foi o sentimento fraterno que me ligou sempre a eles, como de resto acontece a todos os médicos, que fez com que eu, na política da minha terra, tenha sido animado deste espírito de conciliação que me tem levado a querer concentrar todos os portugueses no laço da mesma disciplina, e ao mesmo tempo, conservá-los sob o mesmo amor carinhoso e fraterno.”

Saudou-o na ocasião Miguel Couto, para muitos, á época, o maior médico do Brasil, que teve rápida passagem pela política na condição de constituinte em 1934. Reportando-se ao homenageado, disse que nele foi o médico que traiu o político. “Não tivesse dilatados anos, em terras de África e lusitanas terras, convivido com o sofrimento, vendo-o todos os dias abater os presunçosos no seu orgulho e os nivelar aos pequeninos na sua humildade, e acompanhando tantas vezes, com aquela angustia que só nós conhecemos, o desengano dos recursos mais heróicos contra a inexorabilidade de tantos males, e evidentemente a certeza na fragilidade das cousas humanas não teria naquele ambiente de fausto e poderio lhe ocorrido ao pensamento.

O médico, continua, leva para todas as oportunidades da existência as características da sua profissão: a fé, a bondade, a ternura, o compadecimento, a simplicidade, a tolerância.”
A notícia da morte de Miguel Couto, tal como está em “Medicina e Cultura” – volume I, descreve-o como uma inteligência superior, cujo talento estendeu-se além da medicina para iluminar a política com o entusiasmo cívico que o caracterizou, tendo porfiado na constituinte em defesa da educação e da raça.

O Senador Mamora, anteriormente mencionado, prescreve aos médicos carregarem consigo para a política os honrosos princípios que lastreiam o exercício da medicina. Infelizmente não tem sido assim. Muitos tem se orientado para a política movidos pela ambição, a sede de poder e o desejo de se tornarem ricos. A maneira como buscam o voto, em colisão com a lei e o código de ética médica, não engrandece a profissão. São procedimentos assistencialistas, típicos de um coronelismo contemporâneo que não conhece limites na corrida eleitoral. Na ausência do estado, a medicina no passado, sobretudo nas aldeias, era um misto de clínica privada pobre e filantropia. Hoje a ação do estado alargou substancialmente a assistência à população embora os serviços estejam congestionados por uma demanda infindável. Isso tornou a benemerência na aparência, pois estes, não raro, são remunerados pelo Estado.

A lei eleitoral veda a captação de sufrágios em troca de bens ou favores pessoais. Nosso código de ética, em seu artigo 65, proíbe-nos de “obter da relação com o paciente vantagens física emocional, financeira ou política”. A laqueadura indiscriminada de trompas, os atendimentos favorecidos na cronologia e nos meios, a concessão de atestados médicos graciosos, em troca de votos, configuram infrações cometidas de modo abusivo ignoradas pelo costume, o uso tolerado e a leniência fiscalizatória. Está em estudo no âmbito do Conselho Federal de Medicina nova versão do código de ética que adapte a disciplina profissional às condições atuais nas quais o médico trabalha. Espero que seja mais incisivo ao tratar dos impedimentos éticos na barganha das eleições.

Necessário se faz que o médico sopese a decisão de tornar-se político, face o custo moral e a exigência da opção, que não traga a amargura do arrependimento tardio. Os percalços da vida pública afetam aos que a professam, em intensidade variável, mas a nenhum poupa. O travo desses acontecidos aflora escolhas pretéritas que surgem em desabafos como o de Manuel Vitorino quando atingido por ato injusto do desafeto no poder. É sua esta dorida anamnese: “o novo regime foi desgraçadamente buscar-me entre os meus livros e meus alunos. Relutei em deixá-los. Acreditei ou fizeram-me acreditar que poderia ser útil aos meus compatriotas. Triste ilusão!”

O antídoto contra as decepções políticas só pode ser o ideal que nos levou a exercê-la. A consciência do dever cumprido é que tranqüiliza a alma e faz suportar as adversidades. Por isso, que ninguém, médico ou não, se aventure na política a não ser impulsionado por um forte ideal. Aos médicos seduzidos pela política digo-lhes que atentem para o conselho de Virchow no fecho de seu histórico relatório sobre a epidemia de febre tifóide na Silésia: “A medicina imperceptivelmente nos levou para a área social e nos colocou em uma posição de confrontar os grandes problemas de nosso tempo.” Então valerá a pena pelejar na política por uma nobre causa, mesmo ao custo de padecer dos dissabores que ela acarreta.

* Palestra proferida por Lúcio Alcântara na abertura do XIII Congresso Brasileiro de História da Medicina, dia 12/11/2008, em Fortaleza.