sábado, 15 de setembro de 2007

À margem do julgamento IV

Mídia - O noticiário da imprensa durante meses foi francamente hostil ao Senador Renan Calheiros, ajudando a criar a impressão de que ele estava com seus dias contados.

Tanto assim, que senadores mais precipitados já articulavam candidaturas para o seu cargo. Absolvido pela maioria dos colegas, frustrou a opinião pública que queria a cassação do seu mandato.

A intolerância de alguns de seus pares não aceita o resultado obtido dentro de regras estabelecidas previamente. A discordância com o resultado é um direito sagrado, a submissão a ele, um imperativo legal.

Fica uma lição: por mais respeitável que seja, a opinião da imprensa não tem força de lei.

À margem do julgamento III

  • Ajuste - Ficou a impressão de que alguns senadores agiam movidos por interesses pessoais, ressentimentos, razões eleitorais, ou pelo desejo de constranger adversários nos estados. O resultado final não importava tanto. O processo era mais importante que o produto. Enfim, era chegada a hora de um ajuste de contas. A aparência mascarava a realidade.

À margem do julgamento II

  • Estrelismo - Impressionante o esforço de alguns para terem seus segundos de fama nos telejornais e a estampa do rosto em fotos nos grandes jornais. Para isso, faziam e diziam qualquer coisa. A cena de pugilato protagonizada por ilustres parlamentares às portas do plenário do Senado, foi digna de botequim de ponta de rua. Aliás, em muitas oportunidades houve mais desequilíbrio emocional que eficácia nas ações.

  • Coerência - Os partidários da cassação estavam certos quando exigiam o respeito às regras, mantendo-se a votação aberta no Conselho de Ética. Já não tinham razão quando queriam impor votação aberta no plenário, como previsto, inclusive, com a ajuda recente de ilustres oposicionistas.

À margem do julgamento I

O processo aberto para apurar a quebra de decoro do Senador Renan Calheiros permite, se examinado com cuidado, tirar algumas lições do comportamento dos diversos protagonistas envolvidos na disputa:
Hipocrisia 1- Quarenta e três senadores afirmam ter votado pela cassação. Só foram apurados trinta e cinco votos favoráveis. Os demais o gato comeu.
Hipocrisia 2- O PSDB e o DEM fecharam questão pela cassação do senador. Esqueceram de um pequeno detalhe. A votação era secreta, como previam as regras em vigor. Portanto, a resolução era inócua. Para inglês ver. E os incautos acreditarem.
Para quem se interessar pelo assunto, recomendo ler a coluna da Tereza Cruvinel, no "O Globo", edição de 13/09, que demonstra cabalmente a contribuição da oposição para a absolvição do acusado.

Obstrução


Partidos de oposição falam em parar o Senado Federal, impedindo suas votações mediante o emprego de medidas regimentais.

Podem, com isso, infernizar a vida do Senador Renan Calheiros, dificultando, assim, o governo do Presidente Lula. Travar a tramitação de matérias relevantes, para vingar-se de um resultado adverso, é trabalhar contra o País. Paralisar o Senado é obstruir o Brasil.

Verde

Em meio ao debate sobre o Cocó,você é capaz de lembrar quem tomou a primeira medida concreta em defesa do rio, implantando o Parque Adahil Barreto em sua margem?

A propósito, que saudade da Socema (Sociedade Cearense do Meio Ambiente), do Joaquim Feitosa, da militância verde do Flávio Torres, do Hélio Rola, do Samuel Braga, do Jorge Neves e de tantos outros.

Despertai, ambientalistas!

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Brasil Melhor

No Brasil, o emprego informal tem diminuído. Há mais trabalhadores com carteira assinada. Houve redução de trabalho infantil. O número de alunos matriculados cresceu 350% nos últimos dez anos. No Ceará, dobrou o número de domicílios com acesso à energia no mesmo período. Em 2006, a renda média do brasileiro aumentou 7,2% em relação ao período anterior. Mais de quinhentas mil pessoas ultrapassaram a linha de pobreza no nosso estado. Enfim, O brasileiro tem um trabalho melhor, ganha mais, ampliou os estudos e vive por mais tempo.

Sim, o Brasil melhorou, é o que se pode depreender dos índices apresentados pelo recém-divulgado relatório do PNAD – a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, o levantamento socioeconômico que o IBGE promove periodicamente no país, e que na sua mais recente edição revela que houve uma sustentada desconcentração da renda em todas as regiões brasileiras. Há menos pobres no país e muitos dos que continuam pobres estão menos pobres.

Mesmo que sejam resultados em uma medida ainda insuficiente, o levantamento indica que o país vive, e o cenário internacional contribui para isto, um momento promissor. Parece haver uma maior confiança na nossa capacidade de sustentar o nosso desenvolvimento em bases, se não compatíveis com a pressão da demanda, pelo menos o suficiente para nos fazer acreditar que estamos no rumo certo.

Esta percepção positiva é importante, na medida em que nos permite manter alguns consensos capazes de consolidar a estabilidade e garantir a continuidade daquelas políticas públicas que estejam associadas às razões do crescimento.

É preciso persistir naquilo que se comprovou eficiente e avançar na direção de novas conquistas. É preciso ampliar a agenda comum, portanto, e nada como bons resultados para mover as forças sociais na direção deste entendimento.

Por doze anos, como Senador da República e Governador de Estado, estivemos intensamente comprometidos com a busca de soluções para os desequilíbrios sócio-econômicos do país, com especial interesse nos aspectos relacionados ao desenvolvimento do Nordeste e do Ceará, em especial. Neste período, o país viveu mudanças significativas na sua estrutura econômica e no seu modelo de Estado.

Tudo isto se deu no curso de um processo de consolidação do regime democrático, onde a alternância de poder e os mecanismos de participação social legitimaram os caminhos escolhidos e compartilharam responsabilidades que nos fez a todos, em maior ou menor medida, sujeitos, e não apenas objeto, destes resultados.

É pouco. São maiores as necessidades do país, sobretudo dos milhões de brasileiros que ainda se encontram à margem dos benefícios do desenvolvimento. Mas constatar que avançamos aumenta a nossa confiança no futuro.

Crise da saúde II

Diante da inação estadual, a justiça assumiu o controle da crise da saúde. São os juízes que dizem o que deve e o que não deve ser feito. Menos mal.

Doação de órgãos

"Doação de órgãos cai pelo terceiro ano consecutivo" é o título de matéria publicada na "Folha de S. Paulo", edição de 03/09 deste ano.
Segundo a notícia, o índice nacional de doadores no primeiro semestre foi de 5,4 a cada um milhão de pessoas, contra 7,6 em 2004, e 35 na Espanha, País que tem excelente desempenho nessa área.
Estamos andando para trás. Corremos o risco de perder os avanços até aqui obtidos. Falta capacitação de pessoal, estrutura hospitalar, sensibilização da população, articulação e integração das estruturas de saúde para atingirmos resultados mais satisfatórios.
Valter Duro Garcia, responsável pelo registro de transplantes na Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), já fala no risco de um "apagão de transplantes".


Mateus está no céu, destino certo das crianças inocentes como ele. Não houve tempo de ser salvo pela solidariedade cearense.
Fica uma lição: ações solidárias valem muito mais que palavras solidárias. É a distância entre intenção e gesto, como ensina a canção.
Não basta dizer que é doador, é preciso ser doador!

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Poesia

Renda

O mar de esmeraldas
Borda com fios de espuma
Rendas efêmeras na praia,
Que o vento desfaz
Zunindo no ventre
Dos búzios vestidos
De algas.

Lúcio Alcântara

Queda livre

Deu no "Estado", edição de 11/09/07: " Ceará lidera queda industrial no País. Recuo da produção industrial cearense em julho foi de 5,8% em relação ao mês anterior''.

No Brasil, a queda foi de 0,4%", manchete de primeira página. "A produção industrial cearense apresentou, no mês de julho, a maior queda do País, com recuo de 5,8% em relação ao mês anterior. O resultado é também 4,7% menor que o obtido em julho do ano passado", página 9.

De liderança deste tipo não fazemos questão!

"Vixe" !


Vocês ja viram o que o meu colega Nonato Albuquerque, do blog "Antena paranóica", pensa da atuação parlamentar do Senador Inácio Arruda? Confiram.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Paternidade envergonhada


"O filho eterno", de Cristovão Tezza(foto), editora Record, é a história de um escritor, pai de uma criança com síndrome de Down, e de sua rejeição ao filho, considerado por ele evidência de seu fracasso. À vergonha de ter um filho que não é "normal", soma-se o fato de ainda não ter publicado um livro. Crueldade e coragem misturam-se na forma como o narrador expõe seus sentimentos em relação ao filho.

O texto é a evolução de duas carreiras, de pai e de escritor, e de suas influências recíprocas O livro embaralha ficção e realidade, o autor, na vida real, é pai de uma criança com essa condição. É inevitável pensar que na crueza do texto haja expiação de culpa.

Há poucos dias os jornais divulgaram que o famoso dramaturgo Arthur Miller teve um filho com síndrome de Down, recolhido desde cedo a uma instituição especializada, e cuja existência sempre omitiu. Nunca falou sobre ele, nem mesmo quando escreveu suas memórias. No fim da vida refez seu testamento para legar-lhe parte substancial de sua fortuna. Os dois episódios revelam a dificuldade que têm alguns pais de lidar com situações como estas. Conheço exemplos na direção oposta. Casais que amam, com dedicação extrema, essas criaturas humanas especiais que Deus lhes mandou.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Pranto


Em Modena, Itália, o cisne cantou pela última vez. Pavarotti calou para sempre. Ele foi mais que um grande tenor. Pelo seu carisma tornou-se sucesso de público. Midiático, arrebatou platéias .
Atraiu atenções dentro e fora do palco. Gostava dele até quem não apreciava ópera. Sua simpatia há de ter feito muitos novos aficionados do canto. Sem ele o mundo fica um pouco menos melodioso.

Bartleby, o arquiteto

(Bartleby, em ilustração de Götting, 2004.)

É o título do trabalho do arquiteto Iñaki Abalos para pregar em favor da idéia de sustentabilidade em arquitetura, que implica na produção de edifícios que atendam satisfatoriamente a requisitos ambientais, sociais e econômicos.

O autor chama atenção para os modismos em arquitetura, que muitas vezes distorcem a idéia original que impulsionou o surgimento de novos conceitos. À onda dos prédios inteligentes, segue-se o culto à sustentabilidade, agregada ao significado estético das obras.

O autor reage à submissão da arquitetura ao aparato, e recomenda perguntar o que verdadeiramente interessa neste conceito que não signifique apenas manipulação de palavras mágicas pela indústria da construção. Assim, a idéia de sustentabilidade pode se manifestar na recusa em projetar, ou executar uma obra, julgada desnecessária, ou postergável.

À semelhança do personagem do conto de Herman Melville, "Bartleby, o escriturário", que a cada ordem recebida no escritório repetia o bordão "preferiria não fazê-lo", o arquiteto coerente com a pureza do conceito de sustentabilidade é o que recusa fazer uma determinada obra. Isto é, o melhor a fazer é não fazer.

Leia mais: Bartleby, el arquiteto. Publicado no suplemento "Babelia" de "El Pais", edição de l0 de março de 2007.

Dinamismo

Meus cumprimentos ao Eliomar de Lima pelo dinamismo e permanente atualidade do seu blog.