sábado, 28 de maio de 2011

A verdade

Se Deus me oferecesse em Sua mão direita toda a verdade, e em Sua mão esquerda apenas a busca da verdade, determinando que eu sempre me enganaria nessa busca, e me dissesse escolha!, humildemente eu seguraria Sua mão esquerda e lhe diria: Pai, dai-me esta!

A verdade absoluta pertence unicamente a Ti.

Gothold Ephraim Lessing, Wolfenblütter Fragmente

A citação está no livro Todos os Homens são Mentirosos de Albert Manguel editado pela Companhia Das Letras que acabei de ler esta manhã.

A obra é uma trama policial em clima de literatura, ditadura argentina e exílio madrilenho. Narradores diferentes descrevem personagens e cenários, fragmentos de uma mesma história, que encaixados convergem para um final surpreendente.

Cada um com sua verdade e Deus com a verdadeira segundo insinua Manguel, tambem ele um dos narradores.

A frase do dia

A crença banal de que o tempo cura as feridas é um engano; nós nos acostumamos a elas, o que não é a mesma coisa.

Alberto Manguel,  no livro Todos os Homens são Mentirosos, editora Companhia Das Letras

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Pacientes ou consumidores?

Os pacientes não são consumidores

O The Times informou, na semana passada, a reação do Congresso contra o Conselho Independente de Consultoria para Pagamentos, uma parte fundamental dos esforços do governo para controlar os custos dos cuidados com a saúde. Essa reação era previsível; é também profundamente irresponsável, como vou explicar.

Mas outra coisa que me impressionou quando olhei para os argumentos republicanos contra o Conselho, que se baseiam na noção de que aquilo que realmente precisamos fazer, como cita a proposta de orçamento da Câmara, é “fazer com que os programas governamentais da saúde se adaptem melhor às escolhas do consumidor”.

Eis a minha pergunta: como se tornou normal, ou mesmo um assunto aceitável, referir-se a pacientes como “consumidores”? A relação entre paciente e médico costumava ser considerado algo especial, quase sagrado. Agora, os políticos e os supostos reformistas falam sobre o ato de receber cuidados de saúde como se não fosse nada diferente de uma transação comercial, como comprar um carro - e a única reclamação deles é que não é comercial o suficiente.

O que deu errado com a gente?

Sobre o conselho de consultoria: temos que fazer algo sobre os custos dos cuidados com a saúde, o que significa que temos que encontrar uma maneira de começar a dizer não. Em particular, por causa da contínua inovação médica, não podemos manter um sistema em que, essencialmente, o Medicare pague por qualquer coisa que um médico recomende. E isso é especialmente verdadeiro quando a abordagem do cheque em branco é combinada com um sistema que dá aos médicos e aos hospitais - que não são santos - um forte incentivo financeiro para conduzir cuidados excessivos.

Daí o conselho de consultoria, cuja criação foi determinada pela reforma da saúde no ano passado. O conselho, composto por especialistas de saúde, trabalharia com uma taxa máxima de crescimento dos gastos do Medicare. Para manter essa taxa ou algo abaixo dela, o conselho apresentaria recomendações “rápidas” para o controle de custos que entrariam em vigor automaticamente, caso não fossem rejeitadas pelo Congresso.

Antes que você comece a gritar sobre “racionamento” e “painéis da morte”, lembre-se de que não estamos falando sobre os limites do tipo de plano de saúde que você pode comprar com o seu dinheiro (ou com o dinheiro da sua seguradora de saúde). Estamos falando apenas sobre o que será pago com dinheiro dos contribuintes. E pelo que me lembro, a Declaração de Independência não afirma que temos direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade com todas as despesas pagas.

E a questão é que escolhas devem ser feitas; de uma forma ou de outra, os gastos do governo com a saúde devem ser limitados.

Agora, o que os republicanos da Câmara propõem é que o governo simplesmente empurre o problema do aumento dos custos dos cuidados com a saúde para os idosos; ou seja, que substituamos o Medicare por vales que podem ser aplicados nos planos privados e que deixamos que os idosos e as seguradoras de planos de saúde resolvam isso de alguma forma. Isso, segundo eles afirmam, seria superior à revisão dos especialistas, porque abriria os cuidados com a saúde para as maravilhas da “escolha do consumidor.”

O que há de errado com essa ideia (além dos valores totalmente inadequados dos vales propostos)? Uma resposta é que ela não funcionaria. A medicina “baseada no consumidor” tem sido um fracasso em todos os lugares nos quais ela atuou. Para dar um exemplo mais diretamente relevante, o Medicare Advantage, que foi originalmente chamado de Medicare + Choice (Medicare + Escolha), teria que economizar dinheiro, mas gastou muito mais do que o Medicare tradicional. Os Estados Unidos têm o sistema de saúde mais “orientado ao consumidor” dos países avançados. Também têm, de longe, os maiores custos, embora a qualidade no atendimento não seja melhor do que os sistemas muito mais baratos de outros países.

Mas o fato de que os republicanos estejam exigindo que nós, literalmente, coloquemos em jogo a nossa saúde, e até mesmo as nossas vidas, em uma abordagem que já é fracassada é apenas uma parte do que está errado aqui. Como disse anteriormente, há algo terrivelmente errado com toda a noção de pacientes como “consumidores” e os cuidados de saúde como uma mera operação financeira.

Os cuidados médicos, afinal, são uma área em que decisões cruciais - as decisões de vida ou de morte - devem ser tomadas. No entanto, a tomada de decisões de modo inteligente requer uma grande quantidade de conhecimento especializado. Além disso, as decisões, muitas vezes, devem ser tomadas em condições nas quais o paciente está incapacitado, sob forte estresse ou necessita de ação imediata, sem tempo nem para discussão, quanto mais para comparação de preços.

É por isso que temos a ética médica. É por isso que os médicos são vistos, tradicionalmente, como algo especial e espera-se que eles se comportem de acordo com padrões mais elevados do que outro profissional. Existe uma razão pela qual temos séries de TV sobre médicos heroicos e não temos séries de TV sobre gerentes heroicos.

A ideia de que tudo isso pode ser reduzido a dinheiro - que os médicos são apenas “profissionais” que vendem serviços de cuidados com a saúde aos “consumidores” - é, na verdade, doentia. E a prevalência deste tipo de linguagem é um sinal de que alguma coisa saiu muito errado não só com essa discussão, mas com os valores da nossa sociedade.


Paul Krugman, Professor de Economia da Universidade de Princeton é articulista do New York Times. Recebeu o Prêmio Nobel de Economia em 2008.

Tradução: Daniela Nogueira
danielanogueira@opovo.com.br

Fonte (29.04.2011):  O POVO Online/Colunas/paulkrugman

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Quebradeira

A crise econômica na qual a Europa está mergulhada parece não ter fim. De um lado a estagnação econômica. De outro a crise da dívida soberana dos paises de economia mais frágil.

Grécia, Irlanda e Portugal, sucessivamente, tiveram que ser socorridos pelos cofres da União Europeia e do FMI. O remédio ainda que amargo parece não ter bastado.

A austeridade imposta pelos credores, com elevado custo social, implica em recessão, desemprego e queda da arrecadação.

A Grécia, obrigada a aprofundar os cortes de gastos, já pregou aviso : se não receber dinheiro até junho vai a bancarrota.

Essa é a notícia, como na conhecida anedota, capaz de tirar o sono aos banqueiros... A se concretizar será o temível calote.

A cada vez mais provável reestruturação da dívida grega assusta o mercado e causa alergia ao Banco Central Europeu (BCE) financiador dos bancos daquele país.

A Bélgica teve a perspectiva de sua dívida rebaixada e já se teme pela sorte da Itália e Espanha. Em relação à economias desse porte os mecanismos europeus de apoio financeiro pouco poderiam fazer.

Diante de mercados insaciáveis as medidas até aqui adotadas têm se mostrado insuficientes. Reações populares estridentes indicam que a margem para reduzir despesas às custas de benefícios sociais e empregos é cada vez mais estreita.

A frase do dia

Não vejo o declínio americano. O que há é uma ascensão do resto. Em termos absolutos os Estados Unidos vão ficar bem.

Joseph Nye, professor de Harvard

terça-feira, 24 de maio de 2011

A frase do dia

Estou pensando nos que possuem a paz de não pensar.

Adalgisa Nery  (verso do poema Pensamentos que Reúnem um Tema)

Oprah

Depois de 25 anos Oprah Winfrey, a mais popular apresentadora americana, encerrou o seu programa de televisão.

Durante esse tempo passaram por lá 28 mil convidados para uma audiência média de 7,0 milhões de telespectadores.

Irá cuidar agora de seus próprios negócios que incluem um canal de televisão.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Olho vivo

A Petrobrás adia o anúncio de seu plano de investimentos. Pela segunda semana consecutiva a estatal frustra o mercado e não informa seu plano de negócios para o período 2011-2015.

Trecho da matéria que vem no jornal O Estado de São Paulo, edição de 21/05/11 :

A construção das duas refinarias Premium - no Maranhão e no Ceará - principal foco da crítica do mercado - tinha previsão de investimentos de  U$ 30,0 bilhões, para processarem quase um milhão de barris a partir de 2017, entrando em operação gradualmente a partir de 2015.

Uma das ideias seria adiar em pelo menos dois anos essa inauguração.

Chiclete

Ziraldo mandou recado para a Presidente Dilma evitar mascar chiclete em público.

Segundo ele já teria flagrado a Presidente nessa situação por duas vezes.

A frase do dia

E saibas que se atinge a vitória com a paciência, o alívio com a aflição e a tranquilidade com a dificuldade.

Maomé