sábado, 25 de outubro de 2008

Selo verde


As recomendações para que as pessoas tenham um comportamento ecologicamente correto, que compreenda a reciclagem do lixo, evite o desperdício de água, reduza o consumo de energia e utilize a bicicleta ou o transporte público, começam a sensibilizar empresas do setor imobiliário.

Surgem os primeiros edifícios verdes, certificados por uma agência internacional, a Leed (Leadership in Energy and Environmental Design), uma das mais acreditadas no mundo. Prédios certificados são mais valorizados e cobram condomínios menores.

Em 4 anos, o número de solicitações de certificação cresceu de 1 para 68. Cada processo custa US$ 3 mil. A avaliação para concessão do selo passa pela satisfação de alguns requisitos: uso de iluminação natural, materiais renováveis, reutilização da água, qualidade interna do ambiente, ideias inovadoras.

Os prédios certificados, até agora, se situam no Rio e São Paulo. A certificação tem graduação, conforme o número de pontos obtidos na inspeção. Quem se habilita a construir o primeiro prédio a ter selo verde em Fortaleza? Mãos a obra, construtores e incorporadores cearenses!

Humor literário III

Capa dura, coração mole

O renomado autor vai a um sebo. Seu livro exposto. Ele pega um exemplar e espanta-se com a dedicatória. "Ao querido amigo A, com admiração e carinho," etc. Que ingrato, torrou minhas redondilhas na bacia das almas. Se pelo menos vivesse uma tormenta financeira, bancarrota, despejo. Não é o caso. É o único do primeiro escalão do afeto, que tem lá sua renda, seu lastro, seu colchão macio de tanto cobre e futuro.

Pega de novo o exemplar. Não acredita. "Ao querido amigo A". Adquire o volume. "Este é mais salgado, pois tem a dedicatória do autor para seu melhor amigo", diz o sebista. Humilhação. Vai ao solar do ingrato.

Grandes amigos. Tipo Fernando Sabino/Oto Lara Resende. A. põe a culpa na quadrilha de falsificadores de autógrafos, na mulher, no filho viciado, na filha cleptomaníaca. "Você nunca gostou mesmo das minhas redondilhas", chora o pobre autor ao terceiro uísque. "Confesse, seja homem". Os dois choram juntos pela última vez.

Nota: os textos publicados sob o título Humor Literário não são de minha autoria. Deixo de registrar os créditos por já não ter a fonte onde os colhi.

Flashes

*Abandonado: assim está o projeto Vila do Mar (antigo Costa Oeste), que liga as praias do kartódromo à Barra do Ceará.
Saiba mais no Diário do Nordeste, edição de 19/10/08

*26 presos desaparecem do maior presídio do Ceará. Bandidos teriam deixado o IPPS pela porta da frente; entre eles assaltantes e homicidas.
Saiba mais no Diário do Nordeste, edição de 19/09/08

*Fluxo de estrangeiros cai 10%. O número de estrangeiros chegados ao Ceará pelo aeroporto Pinto Martins em setembro deste ano é 10,10% menor que no mesmo mês do ano passado. Que por sua vez é 12,87% abaixo de setembro de 2006. O crescimento do mês em estudo de 2006 sobre 2005 foi de 22,78%.
Saiba mais no Diário do Nordeste, edição de 17/10/08

*IBGE apura a maior inflação em Fortaleza. Entre as onze cidades pesquisadas Fortaleza registrou a maior variação em outubro e a terceira maior no acumulado do ano. 0,56 e 5,91 respectivamente. A média nacional está em 0,30 e 5,28 para os dois períodos considerados.
Saiba mais no Diário do Nordeste, edição de 24/10/08

*438 fugas só este ano. Celas superlotadas são justificativas para os detentos fugirem das delegacias, tanto na capital quanto na região metropolitana.
Saiba mais no jornal O Estado, edição de 22/09/08

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

A Flor da Crise


Espírito animal. Foi assim que o economista inglês John Keynes definiu o impulso que move os investidores em busca do lucro fácil.

As instituições financeiras estão ruindo, agora, como em 1929, e na Amsterdam dos anos 1600. O mesmo instinto de ganância, o mesmo desastre do sistema financeiro.

A tulipa, uma bela flor, pode ser o símbolo dessa ganância desenfreada. Um arranjo de tulipas vale, hoje, U$ 30,00, mas no século XVII chegou a equivaler a 24 toneladas de trigo. A exótica tulipa, vinda do oriente, virou mania entre os holandeses que passaram a colecionar e logo a disputar os bulbos.

Os produtores, e em seguida os intermediários, passaram a fechar contratos futuros, os windhandel (negócio de vento). A cada ano, o preço da tulipa se inflacionava e alcançava preços exorbitantes. Uma isca temporária fisgou tentadoramente um a um. Todos correram para o mercado de tulipas, como abelhas para o mel, afirmou Charles Mackay em um relato do século XIX, ao descrever a tulipamania, como ficou conhecido o episódio.

Em 1637, a bolha rompeu. Foi um efeito manada. Os comerciantes começaram a vender os contratos e o mercado fictício desapareceu, explica Renato Colistete, economista da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP). Com ele, desapareceram propriedades e bens, que os holandeses haviam comprometido no negócio das tulipas.

A descrição de Mackay desperta controvérsia, e pode ter algo de lenda, mas a história ilustra bem o terremoto financeiro que o mundo está vivendo.

Naquela época, como hoje, o Governo teve que intervir. Contratos podres eram comprados por 10% do seu valor.

A flor de ontem, com sua beleza enganosa, era só o alvo da cobiça dos homens, companhia inseparável do capital.

Teatro


Para marcar os 50 anos de teatro de Hiramisa Serra, a Comédia Cearense, de Haroldo Serra encenará, no Teatro Arena Aldeota, a peça Seria Cômico Se Não Fosse Trágico, de Friedrich Dürrenmatt.

Será sempre aos sábados e domingos, a partir do próximo fim de semana.

O casal Hiramisa e Haroldo Serra é um ícone do teatro cearense. Tem conseguido manter, ao longo de tantos anos, em meio a grandes dificuldades, um grupo em constante atuação, de forma persistente e dedicada.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Feiura e Beleza


O quadro Uma Mulher Velha, mais conhecido como a Duquesa Feia, obra do pintor flamengo Quentin Massys (Lovain, 1465 - Antuérpia, 1530), sempre foi considerado como um exercício sobre a fealdade ( já leram o novo Umberto Eco, sobre a feiura?), ou uma sátira à recusa ao envelhecimento.

Acontece que a tela destoa do conjunto da obra do artista, que sempre teve um traço poético, mesmo quando retratava o grotesco.

Michael Baum, professor de cirurgia da University College London, com seu aluno Christopher Cook, levantaram a tese de que a mulher teria padecido de uma forma rara e avançada, de doença de Paget, osteitis deformans.

Trata-se de desordem metabólica grave, descrita em 1876, pelo cirurgião britânico Paget, que afeta os ossos, deformando-os, com prevalência na meia idade.

A tese dos médicos ingleses atraiu mais interesse pela exposição em curso, na National Gallery, Rostos do Renascimento - de Van Eyck a Ticiano, dedicado à arte do retrato no período.

A Duquesa Feia integra o acervo do museu desde 1947, e terá, ao seu lado, do mesmo pintor, pela primeira vez em 150 anos, o quadro Um Homem Velho.

Humor

Brasileiro se encontra com Deus à porta do céu:

-Vá para aquele canto, junte-se aos seus compatriotas, diz Ele.

-Não entendo, Senhor. O céu não é um lugar livre, onde todos são iguais e não há fronteiras?

-Sim, meu filho. Mas eu tenho algo a acertar com muitos de vocês, brasileiros.

-Como assim, algo a acertar?

-De tanto vocês falarem Deus lhe pague, todos aqueles ali querem receber de Mim. E Eu não tenho fundos.

Da coluna Sinopse, de Daniel Piza, no jornal O Estado de S. Paulo, edição de 05/10/08.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Moreira Campos

Boris Schnaiderman, ucraniano, tradutor e escritor, grande conhecedor da cultura russa, primeiro professor de russo na Universidade de São Paulo (USP), em entrevista concedida ao jornal O Estado de S. Paulo, respondeu à pergunta, dê exemplo de um livro muito bom, mas que considera injustiçado pelo público ou pela crítica, da seguinte forma:

A obra do grande contista cearense Moreira Campos não é muito conhecida no eixo Rio-São Paulo, o que é verdadeiro também para outras obras importantes produzidas fora dos centros maiores.

Saiba mais no jornal O Estado de S. Paulo, edição de 14/09/08.

D. Pedro II


Sabemos que D. Pedro II foi um incansável viajante. Afastou-se do trono algumas vezes para viajar à Europa, aos Estados Unidos e à África. Era um entusiasta da modernidade, se interessava pelo desenvolvimento da ciência, visitava instituições científicas e gostava de conhecer as novas descobertas.

Na França, aproximou-se de Pasteur e Vitor Hugo. Nos Estados Unidos visitou a Exposição da Filadélfia, e falou, deslumbrado, ao telefone de Graham Bell.

Gostava de fotografia, tendo documentado suas viagens, constituindo um formidável conjunto, a Coleção D. Teresa Cristina, que integra o acervo da Biblioteca Nacional.

Pouco conhecida é a viagem que fez à Irlanda, que não menciona em seu diário, e da qual se teve notícia detalhada pelos arquivos recentemente digitalizados do jornal Irish Times. Turista voraz, com aparência de cidadão comum, comitiva modesta, visitou além de Dublin, Belfast, Cork e os lagos Killarney. Isto, em quatro dias, no mês de julho de 1877.

Para terem uma idéia de sua movimentação no território Irlandês, reproduzo a agenda de um dos dias que passou em Dublin:

8 de julho
7,30h-North Dublin Union
Jardim Botânico
Cemitério Glanesvin
Rua Sackville
Hotel Shelbourne

10,00h-Capela da Rua Whitefriar
Royal Dublin Society
Mansion House
Trinity College
National Gallery
College of Surgeons
Royal Irish Academy
Telescópios Grubb
City Hall
Royal Hibernian Academy
Parque Phoenix
Hotel Shelbourne

Comitiva parte rumo à Mallow/Killarney

Como podemos ver era uma agenda intensa, reveladora do ecletismo de suas atenções.

Saiba mais no jornal Folha de S. Paulo, edição de 09/10/08.