quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Brasil

Difícil é saber se o país vais conseguir passar por fase "sangue, suor e lágrimas" depois de anos de "sexo, drogas e rock-n-roll".


De Luis Stuhlberger, diretor da Credit Suisse Hedging-Griffo, avaliando o crescimento econômico do Brasil

Tom Jobim

Decorridos 20 anos da morte de Tom Jobim vale a pena recordar uma frase sua,


Ao saber que os Beatles eram mais tocados que ele não deu o braço a torcer. Bem humorado disse: " Mas eles são quatro".

A frase do dia II

As pessoas precisam saber que as vidas de negros e pardos são tão importantes quanto as dos brancos.


Bill de Blasio, prefeito de Nova York, a propósito da morte de um negro por sufocamento por um policial branco

Frase do dia

Um dia ouvi uma mulher dizer que deveriam tirar o galo de bronze que fica em cima da igreja e colocar um urubu.


Do padre negro Wilson Luís Ramos à frente da igreja de Adamantina, estado de São Paulo, relatando episódios de racismo.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Escola pública

Em São Paulo sobe o número de alunos que procuram a escola pública. O número de estudantes que migraram para a escola pública cresceu 25% desde 2011 segundo a Secretaria da Educação de São Paulo. Neste ano 190 mil estudantes fizeram este movimento.


Há razões econômicas, o custo crescente do ensino em escolas privadas, e a intenção de ficar habilitado para se credenciar ao Prouni. O programa só atende alunos matriculados na escola pública ou em estabelecimentos privados com bolsa integral.


Saiba mais na Folha de São Paulo, edição de 30/11/14

Velhice

A velhice é muito boa, mas dura pouco.


José Sarney

Sinceridade

Continuo chata, mas muito gostosa.


Luana Piovani, atriz

A frase do dia

Os políticos lidam melhor com a complexidade da economia do que os economistas com a complexidade da política.


Eduardo Gianetti, economista repercutindo o anúncio da nova equipe econõmica

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Freud

A questão metafísica da existência de vida após a morte paira ainda sobre muitos espirítos preocupados com o que virá após o óbito.

Freud, perguntado durante uma entrevista se não estava preocupado com o que lhe aconteceria após a morte teria respondido : Estou tão preocupado com isso quanto com o botão do meu casaco.

Saiba mais na Folha de São Paulo, edição de 10/11/14, no artigo Metafísica da autoria de Luiz Felipe Pondé

domingo, 23 de novembro de 2014

Emprego

Pela primeira vez em outubro, desde que foi iniciada a série histórica do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged) em 1999, o país fechou o mês com saldo negativo de empregos.

Foram fechadas 30.283 vagas, O saldo negativo foi uma surpresa. Esperava-se pelo menos a criação de 50 mil vagas.

Considerando o mau desempenho da economia nacional pode acontecer do fantasma do desemprego estar batendo à nossa porta.

Saiba mais no jornal O Estado de São Paulo, edição de 15/11/14

Frases

O público só não aceita quando faço papel de pobre.
Beatriz Segall, a Odete Roitman da novela Vale Tudo

Ah, Manoel, sem você vai ficar tudo tão rasteiro, Quem escreverá sobre o nada com teu jeito ?
Ignácio de Loyola Brandão, escritor lamentando a morte do poeta Manoel de Barros

O Brasil ficou caro antes de ficar rico
Geraldo Alckmin, governador de São Paulo

O palácio é integrado por paredes mudas. Só quem fala sobre reforma (ministerial) é essa pessoa modesta que vos fala aqui.
Presidente Dilma Rousseff dizendo que não estabeleceu prazo para que os ministros entreguem os cargos

Segredo

O que mais se condena na mulher, é não saber calar o que sabe; mas quantos homens há no mundo, que não guardam o segredo, senão do que ignoram ?

Rafael Bluteau (1638-1734) transcrito no livro Uma Antologia Improvável organizado por Vanda Anastácio, editora Relógio d'Água

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Jatene

O Brasil perdeu um grande médico. Adib Jatene foi médico na acepção integral da palavra. Foi muito mais que um excelente cirurgião cardíaco. Ministro da saúde por duas vezes, com Collor e Fernando Henrique, foi não apenas íntegro mas dinâmico e eficiente.

Chegou a ser considerado como padrão de qualidade, creio que pelo Lula que chegou a convida-lo para voltar ao ministério, mercê de ser honrado e pairar acima de partidos.

Com ele fiz uma parceria que resultou na criação da CPMF para financiar a saúde cujo emprego pelo governo determinou sua saída do ministério por discordar da forma como estavam sendo usados os recursos.

Deixou algumas frases que definem bem sua preocupação com a formação de médico e seu desempenho profissional.

Sem desdenhar das especialidades disse : "médico tem que ser mesmo especialista é em gente".

"Para ser um médico completo tem que ter compromisso com as pessoas carentes".

Quando alguém depois de operado perguntava se podia voltar a trabalhar ouvia dele : "O que mata não é o trabalho é a raiva"

E por último, quando um paciente examinado por ele, por medo, pretendia adiar um exame : "Se eu soubesse o dia em que sua artéria irá fechar eu chamaria você um dia antes".

Saiba mais no artigo Lições de Humildade na Folha de São Paulo, edição de 17/11/14

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segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Medicina

A medicina retrospectiva ou histórica (...) tem, ao menos, a vantagem de ser inofensiva.

Júlio Dantas, médico e escritor português

domingo, 9 de novembro de 2014

Muro

Completam-se 25 anos que caiu o muro de Berlim. A queda marcou a desconstrução da União Soviética e o fim da guerra fria.

Pouco tempo após a queda recebemos em nossa casa um alemã que havia sido colega de minha mulher em um colégio da Suiça e que se fazia acompanhar de seu filho, então um jovem adolescente.

O garoto me presenteou com um mimo, um fragmento do muro que me disse com certo orgulho haver sido colhido por ele próprio que assim colaborara para sua destruição. Vinha numa caixinha de metal que trazia um rótulo com a inscrição The berliner wall com a letra do menino.

Um artista plástico a meu pedido elaborou uma espécie de escultura que guarda o pequeno troféu que me foi presenteado. As comemorações da derrubada física do muro, cujos resquícios persistem em algumas mentes, me fizeram recordar o episódio relatado.

Estaria entre os participantes das festividades comemorativas do evento o menino de ontem, o homem de hoje ?


sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Seca

Comentando a seca que castiga São Paulo, capítal e cidades do interior, determinando rigoroso racionamento de água, o sociólogo José de Souza Martins fez interessante observação.

Ao lamentar a perda de sabedoria das populações que saem do campo afirma : Elas entram no mundo fantasioso de que na cidade tudo pode ser comprado, a água vira mágica da torneira.

Saiba mais no jornal O Estado de São Paulo, edição de 19/10/14 no suplemento Aliás

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Alemanha

25 anos após a reunificação a Alemanha continua dividida. A divisão não é mais política, o estado é um só mas persistem desigualdades econômicas e sociais entre as partes ocidental e oriental.

Num discurso célebre Helmut Kohl, o artífice da fusão, afirmava que os recém criados estados do leste logo iriam "desabrochar" e se transformar em "paisagens onde vale a pena viver e trabalhar".

A previsão é que a convergência do desenvolvimento entre as duas partes se daria em dez anos. Não foi bem assim que aconteceu. O processo é bem mais lento do que parecia à primeira vista.

Na economia a diferença é flagrante. O PIB gerado pela antiga Alemanha Oriental é 67% da produção do lado ocidental. No ano passado o PIB per capita no leste foi de 23.600 euros enquanto no oeste o valor foi de 35.400 euros. Além disso o desemprego é 1/3 maior na antiga Alemanha Oriental.

À melhora dos indicadores nos primeiros anos da reunificação seguiu-se um arrefecimento na década passada quando o PIB do leste passou nos últimos 13 anos de 62% para 67% da produção ocidental.

Saiba mais n0 jornal O Estado de São Paulo, edição de 12/10/2014


Biografia

A homenagem do biógrafo ao biografado é biografa-lo

Millor Fernandes

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Segurança

Com medo de roubos e arrastões, frequentes no campus e arredores, cada vez mais alunos da USP se fazem acompanhar por seguranças.

Nos últimos dois anos furtos e roubos no campus tiveram incremento de 55% segundo dados da Guarda Universitária.

Por R$ 50,00 mensais segurança particular acompanha estudantes até em casa.

Saiba mais na Folha de São Paulo, edição de 12/10/14.

Diplomas

Caiu o número de concludentes de cursos superiores no país. A redução se deu sobretudo nas áreas de saúde e educação.

Cursos como farmácia, odontologia e enfermagem acusaram uma diminuição de 13,4% em 2013 comparado com 2012. Em cursos de formação de professores a queda foi de 10%. Nos demais cursos a média foi de 5,5%.

O Ministério da Educação atribui o fato, entre outros motivos, a maior fiscalização das faculdades. Influem para isso também os baixos salários e problemas de gestão, sobretudo nas cidades menores.

Pela primeira vez, desde 2002 quando teve início a série histórica, foi reduzido o número de formandos.

Saiba mais na Folha de São Paulo, edição de 13/10/14 

Guimarães Rosa

A jutiça liberou a venda do livro "Sinfonia de Minas Gerais" uma biografia do escritor mineiro João Guimarães Rosa escrita por Alaor Barbosa e proibida desde 2008.

A proibição decorre de uma ação movida pela filha do escritor, Vilma Guimarães Rosa, que alegou para tanto plágio da obra de sua autoria, "Relembramentos - João Guimarães Rosa, meu pai".

A Desembargadora Elisabete Filizzola, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, ao negar o pedido de embargo do livro assinalou que "sequer a vida privada do biografado chegou a ser posta em risco".

O autor da biografia afirma não ter mais interesse comercial na questão. Da-se por satisfeito com a decisão da justiça que segundo ele lança uma luz no debate sobre a publicação de biografias não autorizadas pelo biografado ou seus familiares.  

Saiba mais no jornal Folha de São Paulo, edição de 16/10/14

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

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Fonte: O Estado de S. Paulo (12/10/14) 
Foto: Edu Monteiro

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Hong Kong

Em Hong Kong manifestações exigem eleições livres para escolha de seu governante. O acordo que colocou um fim no domínio britânico prevê eleições em 2017. Até aqui funcionou na antiga colônia um regime político, o chinês, comunista, e um sistema econômico capitalista. É a fórmula "um país dois sistemas" que tornou possível a transferência do território da Inglaterra para a China.

As manifestações constituem a maior dor de cabeça para o governo chinês desde 1989 quando ocorreram os protestos da praça da Paz Celestial em Pequim. A China quer condicionar a escolha do governador de Hong Kong a uma lista integrada por seis nomes previamente escolhidos pelo governo.

É contra esa limitação que os manifestantes se insurgem enchendo as ruas. É a revolução dos guarda-chuvas, assim chamada graças ao uso do prosaico objeto na defesa contra o gás lacrimogênio e o spray de pimenta empregado pelas forças policiais.

Curioso que o líder dos protestos, Joshua Wong, seja um jovem de apenas 17 anos. Sem querer abrir um precedente que abra uma brecha no fechado regime comunista o governo reluta em ceder à pressão que cobra abertura política. O aceno com a promessa de negociações ainda não sensibilizou os rebeldes.

Saiba mais no jornal O Estado de São Paulo, edição de 05/10/14  

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Cultura

No Brasil, 42% não consomem cultura. A pesquisa foi realizada pelo Ibope entre outubro e novembro de 2013.

A pergunta feita foi sobre a quantidade de vezes que as pessoas praticaram alguma atividade cultural no último ano. As respostas foram divididas em quatro grupos :

o não consumidor (42%)
o consumidor de cinema (33%)
o consumidor de festas (15%)
o praticante cultural (10 %)

Saiba mais na Folha de São Paulo, edição de 24/09/14
                                                                                                    

Argentina

A braços com uma enorme crise da economia o governo argentino decidiu instituir uma série de exigências a serem feitas às pessoas que pretenderem viajar ao exterior. São 32 dados que os viajantes internacionais deverão informar para terem suas viagens liberadas. Tudo para estancar a hemorragia de divisas que vem ocorrendo naquele país.

Entre outros itens passarão a serem cobrados dos que pretendam viajar para fora do país itinerário completo, número de malas e códigos de malas despachadas, dados sobre milhagem, histórico de não comparecimento, como a passagem foi paga, assento ocupado, nacionalidade.

Dá vontade de desistir, não ?

Saiba mais na Folha de São Paulo, edição de 26/09/14

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

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De Nair Benedicto
Fonte: O Estado de S. Paulo (31/08/2014)

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

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Salto. Uma das peças da intervenção artística As Margens do Rio Pinheiros, de Eduardo Surr, é instalada sobre a Ponte Cidade Universitária, em São Paulo, onde permanecerá até 25 de outubro. Com seu boneco de resina vestido apenas com a camiseta e cueca, de pé sobre um trampolim, o artista quer chamar a atenção para um dos rios mais poluídos da capital. Há outros manequins "olhando a sujeira e a inutilidade" nas Pontes Cidade Jardim e Eusébio Matoso.
Fonte: O Estado de S.Paulo - 21/09/2014  

Carro elétrico

Na Noruega os carros elétricos deixaram de ser solução para a poluição do ar para se transformarem em um novo problema urbano.

Com fortes subsídios fiscais o número de carros elétricos naquele país já é grande e não para de aumentar. O governo sofre pressão para eliminar, ou pelo menos reduzir, os subsídios pois aqueles veículos autorizados a trafegar nas faixas reservadas aos onibus congestionam o trânsito afetando o fluxo dos transportes coletivos com prejuizo para seus usuários.

Hoje já existem naquele país de 5,1 milhões de habitantes 32 mil carros elétricos em circulação. O fim do subsidio, previsto para terminar em 2017 poderá ser antecipado para desacelerar o crescimento da frota elétrica.

Está aí um problema novo de um país muito desenvolvido...

Saiba mais na Folha de São Paulo, edição de 03/09/14

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Meretrício político

Do livro Getúlio - 1945-1954 Da volta pela consagração popular ao suicídio do cearense Lira Neto :

Segundo depoimento de Roberto Campos, encarregado de organizar o Departamento Econômico do recem criado BNDE Maciel Filho, designado presidente do banco resistia em aceitar a ideia de condicionar o ingresso na instituição a prestação de concurso público de títulos e provas.

Insistia em reservar uma cota de pelo menos 20% das vagas para admissão sem a necessidade de seleção pública. Maciel dizia ser "isso a necessária e inevitável taxa de meretrício político".

A informação está na página 233 e remete ao livro de memórias, Lanterna na Popa de autoria de Roberto Campos.

De lá para cá o bordel aumentou de tamanho e cresceu muito o número de meretrizes atuantes sob diferentes disfarces. Todas muito ativas.

sábado, 20 de setembro de 2014

Refrigerantes

O consumo de refrigerantes diminui no Brasil. Em 2013 houve uma redução de 3,4%, ou 524 milhões de litros.
De 2010 a 2012 a queda foi de 3,3% per capita, de 86,1 litros para 83,31. Em contrapartida a população passou a consumir mais néctares, chás e energéticos. A expansão da  água mineral foi de 39%, 6,8 bilhões de litros, em 2013.

Saiba mais na Folha de São Paulo, edição de 14/09/14 

Amor

Eu o amo ainda e sempre vou amar.

Luciana Gimenez, apresentadora, sobre Mick Jagger, pai de seu filho mais velho, Lucas

Desigualdade

Opiniões manifestadas em debate promovido pelo jornal O Estado de São Paulo, edição de 15/09/14, sobre políticas públicas e a redução das desigualdade.

Marcelo Neri:
A desigualdade importa ou não importa ?
Isso é uma escolha.

Marcos Lisboa:
O debate não é a questão social versus o ajuste econômico.
Isso é um espantalho.

domingo, 14 de setembro de 2014

Fidelidade

Do Salmo 77, cantado na missa de hoje :

Mas apenas o honravam com seus lábios
e mentiam ao Senhor com suas línguas;
seus corações enganadores eram falsos
e, infiéis, eles rompiam a Aliança.

Para uma reflexão nos tempos de campanha políticia que estamos a viver.

Amizade

Frontispicio de um livro  composto por J.M.P.S da cidade do Porto, no ano de 1816 :

                                                     DEFINIÇÃO  DA  AMIZADE, 
                                                         seu augmento no tempo
                                                                 da  felicidade,
                                                            e diminuição total no  
                                                                   da desgraça

                                                                   
                                               Obra muito útil para a mocidade, que
                                                  principia a entrar na ordem do Mun-
                                                  do, onde lhe parece, que tudo  o que
                                                  luz he ouro, quando he tudo falso, e
                                                  só lisongeiros mostrando-se amigos pa-
                                                  ra lhe comerem o que tem; e depois
                                                  de os verem pobres voltarem-lhe as
                                                  costas: à maneira dos pardaes, que se
                                                  ajuntão em bandos a fazer muita festa
                                                  ao Lavrador quando este traz o milho
                                                  na eira: e logo que o recolhe na tulha
                                                  desaparecem, e só vem hum por hum
                                                  chamar-lhe vilão, esquecidos do bem
                                                  recebido, e que pagam com tal grati -
                                                  tidão insultante.

                                                  
    

                                   

             

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Cartel

Cartel virou sinônimo de delito, mas cartel não é nada mais nada menos que monopólio.

José Serra, ex-governador de São Paulo a propósito da suspeita de fraude em licitações do metrô.

Ateu

Por ser ateu e não acreditar em uma razão para estarmos aqui, tive uma vida muito triste, sem esperança.

Woody Allen, cineasta, em entrevista à Folha de São Paulo

e-mail

Tornou-se cada vez mais frequente que as pessoas utilizem o e-mail para se comunicarem em detrimento da correspondência tradicional por meio de cartas e até de encontros presenciais.

A inovação tecnológica abrevia os contactos, aproxima de forma rápida as pessoas contornando dificuldades que a vida dita moderna impõe aos deslocamentos cada vez mais dificeis.

No entanto está claro para mim que os contactos pessoais são sob certo aspecto insubstituiveis. Nada como o olho no olho para apreender a verdade de sentimentos e atitudes, esclarecer dúvidas e confirmar ou modificar impressões.

Spring-Serenity Duvall, professora de comunicação no Salem College, Estados Unidos, decidiu dar um basta na comunicação por e-mails com seus alunos.

Dizendo-se assediada por e-mails de alunos escritos com excesso de informalidade, encaminhados para avisar sobre faltas e atrasos à aula, repetir perguntas sobre temas objetos de explicações presenciais anteriores e exigências de respostas imediatas às mensagens resolveu limitar a correspondência ao pedido de reuniões particulares com ela.

A atitude radical da mestra reflete não apenas uma frustração pessoal mas um sentimento compartilhado pela comunidade acadêmica de modo geral. O abuso do emprego do instrumento eletrônico acabou se convertendo num incômodo a ser evitado.

Saiba mais no jornal O Estado de São Paulo, edição de 31/08/14, página E8

sábado, 30 de agosto de 2014

Hímen

Candidatas a ingressar no serviço público em São Paulo 25 anos atrás eram obrigadas a se submeter a um exame para atestar a presença do hímen.

O fato vem narrado em crônica de autoria Debora Diniz no jornal O Estado de São Paulo, edição de 10/08/14 que passou por esse constrangimento ao se inscrever em concurso para integrar os quadros da Secretaria de Educação do Estado.

A justificativa para a insólita exigência era a necessidade de as mulheres aprovadas apresentarem exames colposcópicos como condição para assumirem o cargo. Só estavam dispensadas disso as virgens. Daí a necessidade de comprovar a integridade da membrana que impede a colheita do material para realizar o exame exigido. 

Peso

Perder peso pode ser um caminho aberto para a depressão. Um estudo inglês feito com pessoas na faixa dos 50 anos demonstrou que emagrecer pode melhorar a saúde de alguém mas não a torna necessariamente mais feliz.

Obesidade e depressão podem ter algo em comum o que pode requerer acompanhamento emocional de quem optou por perder peso.

Abrir mão de hábitos alimentares prazerosos e a percepção de que embora mais magro os problemas continuam podem tornar os aderentes ao regime mais susceptiveis de desenvolver depressão.

A pesquisa confirma a importância de controlar o peso para evitar problemas da saúde tais como diabetes, hiertensão arteiral e doenças cardíacas. De qualquer sorte há necessidade de se prestar atençãso ao equilíbrio emocional de quem ingressa num programa de emagrecimento.

Saiba mais no jornal O Estado de São Paulo, edição de 10/08/14

Concessões

As concessões que o governo faria, constantes do Pacote de Investimento em Logística, o PIL, patina.

Dois anos depois de anunciado pela presidente Dilma, com previsão de R$ 79,5 bilhões de investimento no prazo de cinco anos, o impulso gerado na economia é de pouco mais de R$ 2,0 bilhões.

A cifra, soma de todas as concessões vencedoras nos leilões, representa pouco mais de 2,5% do total previsto.

Saiba mais no jornal O Estado de São Paulo, edição de 10/08/14 

Guerra

O escritor inglês H.G. Wells chamou a Primeira Guerra Mundial, cujo centenário decorre este ano, de "a guerra para acabar todas as guerras."

Lloyd George, primeiro-ministro britânico ao fim da Primeira Guerra, disse que ela "era a guerra para cabar com todas as guerras e a próxima também seria".

O político inglês teria razão. A humanidade continua a esperar em vão que a próxima guerra seja a
última.

Saiba mais no jornal O Estado de São Paulo, edição de 10/08/14, crônica do Verissimo.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Titulação

O candidato do governo ao governo do estado exibe no horário destinado à propaganda eleitoral entre seus feitos a paternidade de um programa de titulação de propriedades rurais beneficiando pequenos proprietários.

Seria mais verdadeiro se reconhecesse que fui eu, quando governador, que desencadeei essa ação e preparei a infraestrutura para que houvesse continuidade.

Agosto

Os fatos confirmam que pelo menos para a política brasileira agosto é mesmo um mês aziago.

Foi nesse mês que aconteceram algumas tragédias no Brasil envolvendo políticos.

Getúlio Vargas - Suicida-se a 24/08/54 com um tiro no coração

Jânio Quadros - Renuncia a Presidência da República em 25/08/61

Juscelino Kubitschek - Morre em acidente de automóvel no dia 22/08/76

Fernando Collor - Investigado por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) a partir de 16/08/92 que culmina com aprovação de seu impeachment quatro meses depois

Miguel Arraes - morte de Miguel Arraes em 13/08/05

Eduardo Campos - morre em acidente aéreo no dia 13/08/14

Saiba mais no jornal O Povo, edição de 24/08/14

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Panamá

Primeiro. Ancon passou pelo canal em 15 de agosto de 1914.

O canal do Panamá completa 100 anos.

Para construi-lo os americanos tiveram que bancar a separação do Panamá da Colômbia que não concordava com a obra.

Construido, passou a ser operado pelos americanos que ganharam a concessão para administra-lo.

A obra teve início em 1881 sob o patrocínio da França entregue a execução ao engenheiro Ferdinand de Lesseps que anos antes havia construido a canal de Suez.

Problemas de planejamento e corrupção levaram a interrupção da obra. A coisa foi tão grave  que o verbete Panamá foi integrado à linguagem cotidiana como sinônimo e denegociata e corrupção.

A obra seria retomada em 1904 pelos americanos e terminada dez anos depois. Foram muitos os óbices enfrentados no curso da construção. Estima-se em 30.000 os mortos pela febre amarela até seu término.

Há alguns anos, finda a concessão, o Panamá retomou a adminstração do canal investindo num projeto de modernização para permitir a navegação de navios de grande calado, ora em curso, que espera-se esteja concluido no começo de 2016.

Para concorrer com o Panamá os chineses estão interessados na abertura de um novo canal na Nicarágua.

Saiba mais no jornal O Estado de São Paulo, edição de 17/08/14

Biografia

Quero revelar tudo.

Roberto Carlos, cantor. Após a polêmica sobre biografias não autorizadas revelou estar escrevendo livro autobiográfico.

Jatinhos

A previsão é que o Brasil este ano ultrapasse o México e passe a ser o segundo mercado mundial de aviação executiva abaixo apenas dos Estados Unidos.

As frotas brasileira e mexicana andam a volta de 830 aeronaves. Nos Estados Unidos são 13.000.

Saiba mais no jornal O Estado de São Paulo, edição de 12/08/14

Turismo

Os gastos de turistas brasileiros no exterior dispararam no mês de julho.

A cifra de US$ 2,414 foi recorde e significou 10% a mais comparada com a despesa de mês idêticodo ano anterior.

44% dessa fatura foi paga mediante cartões de crédito.

Saiba mais no jornal O Estado de São Paulo, edição de 23/08/14

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Ibirapuera

O parque Ibirapuera, principal área de lazer da cidade de São Paulo, completa 60 anos. A data será marcada por duas semanas de comemoração.

O parque é o mais popular de São Paulo e o oitavo melhor do mundo segundo eleição feita pelo site Trip Advisor. Em média 250 mil pessoas frequentam o parque por semana sendo 120 mil aos domingos.

Foi iaugurado no dia 21 de agosto de 1954, ano do quarto centenário de fundação da cidade de São Paulo.

Saiba mais na Folha de São Paulo, edição de 16/08/14

Universidades

Ranking chinês a cargo da Academic Ranking of World Universities (ARWU) incluiu 6 universidades brasileiras entre as 500 melhores do mundo.

A USP, na posição 144´, é a única da América Latina a integrar a lista. As demais brasileiras são, por ordem de classificação :

317 - Universidade Federal de Minas Gerais
318 - Universidade Federal do Rio de Janeiro
362 - Unesp - Universidade Estadual Paulista
365 - Unicamp
421 - Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Saiba mais na Folha de São Paulo, edição de 16/08/14

Retorno

De volta à casa após 7 dias em Portugal. Alguns dias na província, Benfeita, uma aldeia na região de Coimbra parte do Conselho de Arganil.

Comemorava-se a festa de N.Senhora da Assunção padroeira local. Dia 15, data consagrada à santa, é feriado nacional. Além disso agosto é o mês de férias na Europa e as pessoas costumam viajar por essa época.

Calcula-se que em Lisboa não fique mais que 30% da população. De resto a cidade está cheia de turistas. Afinal Portugal está considerado atualmente um dos melhores destinos turísticos do mundo.

Para a Benfeita durante a festa convergem naturais dali que vivem na capital, ou mesmo no exterior, e aproveitam a ocasião para um reencontro com familiares e amigos num mergulho nas origens.

Assim aconteceu com  minha mulher Maria Beatriz que foi inclusive, junto com a prima Maria Leonor, responsável pela organização da festa. Ambas recebiam pela função o título de mordomas. Desincumbiram-se muito bem de suas tarefas tendo a festa recebido elogios de todos.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

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"Retratei Maitê Proença em close, de olhos arregalados.
Nada do corpo. Apostei naquele retrato maluco
e aceitaram." (Ensaio Luiz Garrido)
Fonte: O Estado de S.Paulo - 10/08/2014

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Tapete Vermelho. A duquesa Kate e os príncipes Willian e Harry 
visitam a instalação de papoulas na Torre de Londres que 
homenageia os soldados britânicos mortos na 1ª Guerra.
Fonte: Imagens da semana - O Estado de S.Paulo (10/08/2014)

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Economia

1- Que crise é essa em que estamos com o menor nível de desemprego de todos os tempos ?

Alexandre Tombini, presidente do Banco Central

2- Será muito difícil impedir pelo menos um trimestre de recessão.

Luiz Gonzaga Beluzzo, economista, professor da Unicamp

Piadas

Alunos, especialmente alunas, de cursinhos em São Paulo têm se queixado aos pais de piadas feitas em sala de aula por professores que consideram machismo, homofobia e racismo.

Para evitar processos as direções desses estabelecimentos pré-vestibulares têm orientado aos professores que evitem esses comentários jocosos.

Piadas como "o movimento feminista mais importante da história foi o movimento dos quadris", correm risco de extinção".

Sobre o assunto um professor disse: "Virei chato. Não faço mais brincadeiras. Minhas aulas estão terminando mais cedo. Passo exercícios a mais".

Outro, comentou: "O incrível é que há dez anos você podia contar piada de preto, de português. Ao mesmo tempo era inimaginável ter dois meninos se beijando no cursinho como temos agora".

Saiba mais na Folha de São Paulo, edição de 10/08/14

Tradução

Autores fazem literaturas nacionais, tradutores fazem a literatura iniversal.

José Saramago

sábado, 9 de agosto de 2014

Falar e ouvir

Precisamos cultivar a arte de ouvir uns aos outros. Não porque chegaremos a um acordo, mas para raciocinarmos sobre a vida que desejamos e aprendermos hábitos que levam a isso..

Michel Sandel, professor de filosofia

Felicidade

Pesquisa em 31 cidades da Europa revelou que os habitantes mais felizes estão no Porto. Seguem-se no ranking da felicidade europeia Munique e Barcelona.

Já os mais infelizes habitantes das cidades pesquisadas estão em Marselha.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Médicos

Em Portugal o Tribunal de Contas avaliando o desempenho do setor saúde sugere que o tempo médio de consulta nos Centros de Saúde do governo seja de 15 minutos quando há dois anos era de 21 minutos.

A medida permitiria um acréscimo de 10,7 milhões de consultas, 37% a mais que o número atual. O objetivo da proposta seria amenizar a escassez de médicos de família problema com o qual o país vem se defrontando há alguns anos.

Já quanto à qualidade do atendimento...

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Avós

A imprensa noticia que Estela Carlotto, presidente da associação das Avós da Plaza de Mayo, em Buenos Aires, encontrou depois de 37 anos seu neto desaparecido durante a ditadura militar argentina.

Descendia de uma filha sua assassinada pelos militares.

Quando estive na Argentina integrando um grupo de deputados federais brasileiros com o propósito de avaliar a situação política e visitar presos políticos naquele país e no Uruguai constou da programação um encontro com mães e avós da Plaza de Mayo em um café da capital portenha.

Na ocasião fiquei impressionado com o comportamento dessas senhoras que, reunidas periodicamente na praça em frente ao palácio do governo, cobravam o destino de filhos e netos desaparecidos no período em que os militares governavam o país.

Impressionou-me na ocasião a forma como exigiam obstinadamente informação sobre o paradeiro de filhos e netos na esperança de que ainda estivessem vivos. Ou pelo menos aparentavam assim pensar até que tivessem certeza do que lhes acontecera.

De certa forma fiquei intimamente chocado com aquele comportamento autista, que parecia ignorar a dura realidade imposta por uma ditadura cruel, impulsionado por uma esperança que bebia na fonte do amor.

A notícia do reencontro de avó e neto me fez recordar aquela viagem e reconhecer que a determinação daquelas senhoras, que à época me pareceu um tanto absurda, representa a vitória da persistência corajosa.

Sobrevivência

Às vezes a gente precisa se fazer de burra para sobreviver.

Valesca Popozuda, funqueira

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Desperdício

Com tanta gente passando fome é triste constatar que o mundo perde 30% do alimento produzido.

A Ásia industrializada é a região que apresenta a maior perda. No Brasil segundo a Embrapa a mior perda, chega a 50%, está no transporte e manuseio.

1,3 bilhão de toneladas de alimentos são perdidas no mundo por ano, 26,3 milhões vão para o lixo anualmente.

Saiba mais na Folha de São Paulo, edição de 21/07/14

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Água

O conflito pelo uso da água, face à escassez atual em razão da falta de chuvas, gerou um desentendimento entre a Agência Nacional de Águas (Ana), Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e Operador Nacional do Sistema Elétrico (Ons).

Os três órgãos se acusam mutuamente de falta de regulamentação adequada para o emprego da água com as finalidades de consumo humano, geração de energia e transporte por meio de hidrovias.

A medida que o líquido se torna escasso há uma agudização desse choque de interesses que já começa a se fazer sentir também no comprometimento das relações dos estados entre si e destes com a União. O caso mais notório é o de São Paulo onde o colapso de abastecimento da capital deu lugar a acusações entre os governos federal e estadual e disputa pela água entre aquele estado e o Rio de Janeiro.

A situação decorre do descaso com os recursos naturais, o deperdício e a falta de gestão que assegure a utilização racional de bens como a água, de todos o mais precioso.

Saiba mais no jornal O Estado de São Paulo, edição de 27/07/14

terça-feira, 29 de julho de 2014

Esperança e cura

O médico americano Jerome Goopman há 30 anos trata de pacientes com câncer. Professor da Faculdade de Medicna da Universidade de Harvard escreveu, entre outros, o livro A Anatomia da Esperança (Editora Objetiva) relato de casos que demonstram que acreditar na cura, mesmo quando há poucas chances, pode ser de grande valia no tratamento.

Concedeu entrevista à Veja, edição de 29/09/04 da qual recolhi os seguintes trechos :

"A esperança não cura mas pode dar ânimo ao paciente para que ele continue a lutar pela sua melhora. Ela inspira coragem para superar o medo".

"Esperança não tem nada a ver com otimismo. O otimista acha que tudo vai dar certo, que tudo vai acabar bem. Mas sabemos que a vida não é assim. Nutrir esperança é reconhecer, sempre baseado na realidade dos fatos, que é possível encontrar um caminho".

"Um médico jamais deve se considerar na posição de juiz, dando ao paciente uma sentença de dias, semanas ou meses de vida. Nunca se deve considerar uma pessoa perdida a priori. A onisciencia a respeito da vida e da morte não faz parte do domínio do médico".

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Herois

Os herois discretos são a grande reserva moral de um país.

Mário Vargas Llosa

domingo, 27 de julho de 2014

Reflexão dominical

Para reflexão dos candidatos que concorrem à eleição deste ano :

Leitura do Primeiro Livro dos Reis - 1 Rs 3,5. 7.12

Naqueles dias, em Gabaon, o Senhor apareceu a Salomão em sonho, durante a noite, e lhe disse :
"Pede o que desejas e eu te darei". E Salomão disse : "Senhor meu Deus tu fizeste reinar o teu servo em lugar de Davi, meu pai. Mas eu não passo de um adolescente que não sabe ainda como governar. "Além disso, teu servo está no meio de teu povo eleito, povo tão numeroso que não se pode contar ou calcular. Dá, pois, ao teu servo, um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal. Do contrário, quem poderá governar este teu povo tão numeroso"? Esta oração de Salomão agradou ao Senhor. E Deus disse a Salomão : "Já que pediste estes dons e não pediste para ti longos anos de vida, nem riquezas, nem a morte de seus inimigos, mas sim sabedoria para praticar a justiça, vou satisfazer o teu pedido; dou-te um coração sábio e inteligente como nunca houve outro igual antes de ti, nem haverá depois de ti"

Literatura

Por-se a serviço de uma causa destroi a beleza da literatura.

Orhan Pamuk

sábado, 26 de julho de 2014

Intelectual

Já li muita definições de intelectual mas esta, de George Steiner, é a mais sucinta embora não menos precisa : Intelectual é um ser humano que tem na mão um lápis quando está lendo um livro.

In Nenhuma Paixão Desperdiçada, editora Record.

Permanência da palavra

O mármore se desfaz, o bronze perece mas as palavras escritas ---- aparentemente o meio de expressão mais frágil -- sobrevivem. Vão-se seus criadores e elas permanecem -- Flaubert lançou seu grito de protesto diante do paradoxo de estar ele morrendo como um cão abandonado enquanto a "prostituta Emma Bovary, criatura sua, surgida de palavras sem vida rabiscadas em folhas de papel, continuaria a viver. Até aqui somente os livros conseguiram exceder à morte em astúcia e tem realizado o que Paul Éluard definiu como a compulsão maior do artista : le dure désire de durer.

De George Steiner, no livro Nenhuma Paixão Desperdiçada

sexta-feira, 25 de julho de 2014

UMA MENINA DE (AO MENOS) 800 ANOS
(Pasquale Cipro Neto)
 
 O documento régio mais antigo redigido em português de que se tem notícia o Testamento de D. Afonso II, o terceiro rei de Portugal. A data desse documento? 27 de junho de 1214. Já lá se vão 800 anos e alguns dias.

Há registros de documentos escritos antes, mas, por ser oficial e por ter estrutura e formas que o distinguem do galego-português, isto, por ter sido escrito em português (arcaico), o Testamento de D. Afonso II simboliza a "certidão de nascimento" da nossa língua.

Para alguns, esse "nossa" que acabo de empregar motivo bastante para uma "guerra", mais ideológica do que real ou concreta. Explico: tanto no Brasil quanto em Portugal há gênios que dizem que o que se fala no Brasil "brasileiro".

Dou um exemplo, real e inacreditável: um amigo (brasileiro) entrou numa loja do aeroporto de Lisboa e perguntou algo a uma funcionária, que respondeu em inglês. O "cliente" fingiu que no ouvira o que ouvira e continuou a conversa em português, mas a rapariga... Bem, diante da insistência dela em responder em inglês, tornou-se inevitável a pergunta: "Mas por que a senhora me responde em inglês se entende perfeitamente o que lhe digo em português?". Prepare-se, caro leitor: "Porque eu só falo português com portugueses; com turistas, falo inglês".

Sim, nos 514 anos desses 800 (que certamente so mais de 800), o português do Brasil fez o que afirma Caetano Veloso na genial "Língua" (de 1984): "Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões". "A língua de Luís de Camões" o português de Portugal, e "a minha língua" o português brasileiro moderno, feito com o roçar do português europeu.

A origem (latina) de "roçar" é  a mesma de "romper" ("rasgar, quebrar, arrebentar"). "A minha língua" se faz como faz quem tem nas mãos uma foice e sai abrindo caminho.

Não se pode esquecer que, por extenso de sentido, "roçar" tem os traços semânticos de "tocar", "resvalar", "friccionar", sentidos que se ilustram bem pelo roçar de pernas que se dá numa conjunção carnal amorosa -na letra de Caetano, essa conjunção se dá entre o português de lá e o de cá. Se pensarmos na metáfora de uma conjunção carnal, os corpos (as duas vertentes da língua) aproximam-se e afastam-se, aproximam-se e afastam-se...

No belíssimo documentário "Língua _Vidas em Português" (do moçambicano Victor Lopes), disponível no YouTube, o grande escritor moçambicano Mia Couto faz referência e reverência específica ao namoro e à conjunção carnal entre o português europeu e o do Brasil. Mas do notável José Saramago a mais cabal definição: "Penso que no haja propriamente uma língua portuguesa; há línguas em português".

Celebremos os mais de 800 anos e a multiplicação de outros tantos -que decerto virão. E celebremos o que já se fez e se faz na nossa língua, que nossa, sim, e de todos, sem ressentimentos ou preconceito.

Lembro aqui uma apresentação de Caetano Veloso em Roma. Ao chamar para o palco a magnífica cantora portuguesa Dulce Pontes, Caetano disse, em italiano, que a chamaria "per cantare con me nella nostra lingua portoghese".

Lembro também o grande Fernando Pessoa: "A minha pátria a língua portuguesa". Em "Língua", Caetano cita esse pensamento e, num primeiro momento, altera-o ("Minha pátria minha língua") e exemplifica-o com esta exortação: "Fala, Mangueira!". Em outro momento, Caetano cita-o novamente e o emenda: "A língua minha pátria/ E eu no tenho pátria, tenho mátria / E quero frátria".

Como diz Mia Couto, o Brasil deu as costas para a África (e também para Portugal, creio). E, de certa maneira, estamos todos de costas uns para os outros.

Independentemente disso, as línguas em português seguem (e seguirão!) belas, firmes e fortes. É isso. 

Fonte: Folha de São Paulo (17/07/2014)

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Aeroportos

O governo comemorou o funcionamento tranquilo dos aeroportos durante a Copa. Realmente não há notícias de congestionamento, tumulto, atrasos que viessem a causar desconforto aos usuários naquele período. O temido caos aéreo não aconteceu.

Certamente terão contribuido para isso providências como suspensão de voos não relacionados aos eventos da Copa e outras medidas para diminuir o tráfego aéreo nas sedes de jogos.

Na verdade o tráfego em aeroportos caiu 4% nas cidades-sede. O número de pousos e decolagens nos aeroportos durante os dias de jogos da Copa foi 4% menor do que um mês antes. O cálculo foi feito segundo dados dos boletins diários de tráfego aéreo de 12/06 a 13/07.

Ao longo da Copa houve apenas três dias de pico todavia não foram mais intensos que em Carnavais ou feriados de fim de ano.

Saiba mais na Folha de São Paulo, edição de 17/07/14

Energia

O aumento na conta de energia elétrica desencadeou um processo de desativação de indústrias que optaram por substituir a produção pela venda de energia.

Com contratos de longo prazo empresas deixaram de produzir para venderem a energia contratada. Miram a rentabilidade do capital indicando que vai mal a performance industrial do Brasil.

O maior exemplo dessa prática está no setor de alumínio formado por grandes consumidoras de energia elétrica. A produção local foi reduzida, a energia comercializada o que lvou a um aumento de da importação em 888%.

Algumas fábricas, diante da elevação do preço da energia, não puderam arcar com os custos, tornaram-se inadimplentes e tiveram o fornecimento cortado.

Saiba mais no jornal O Estado de São Paulo, edições de 04 e 06/07/14

quarta-feira, 16 de julho de 2014

A convite da Liberty Fund --uma associação americana que promove dezenas de colóquios por ano pelo mundo inteiro e publica as grandes obras do pensamento político "liberal"-- passei os últimos dias relendo Alexis de Tocqueville (1805-1859), autor do clássico "Da Democracia na América" (e do igualmente magistral "O Antigo Regime e a Revolução").

Da primeira vez que viajei com ele pelos Estados Unidos, ainda estudante, devo ter entendido metade da obra (estimativa otimista). Hoje, confesso que consegui uns 75% --e simpatizei com a essencial inquietação do aristocrata francês.

A "era democrática" nascia desse lado do Atlântico. Acabaria por se espalhar pelo mundo. Mas Tocqueville, apesar de admirações mil pelo novo país, detectou na "era da igualdade" o seu problema mais marcante: como escapar às "tiranias da maioria", que poderiam ser ainda mais brutais do que as tiranias do passado?

No Antigo Regime, a tirania tinha solução: as cabeças decepadas de Charles 1º (na Inglaterra) ou de Luís 16 (na França) eram uma resposta possível. E eficaz.

Mas como fugir, na era democrática, a essas tiranias majoritárias, silenciosas, muitas vezes ignaras, que subvertem as liberdades básicas em nome de uma difusa "vontade geral" --que, por ser geral, têm sempre prioridade sobre as vozes dissonantes?

Conheço as respostas clássicas para aliviar os potenciais prejuízos: separação de poderes; eleições regulares; liberdade de expressão; fortalecimento da sociedade civil. Tocqueville tocou todos esses instrumentos.

Mas o que perturba é verificar que, para Tocqueville, nenhum desses mecanismos pode ser suficiente para evitar o dilúvio da tirania majoritária. A história do século 20 é o retrato dessa melancolia profética: será preciso recordar os ditadores que usaram a democracia para liquidar a democracia?

Só que o problema das democracias não se limita às "tiranias da maioria". Também é preciso ter em conta as "tiranias da minoria" --uma observação sagaz introduzida na discussão do colóquio por John O'Sullivan, um conhecido colunista britânico para quem um dos problemas das democracias modernas está na forma como alegadas "elites" (políticas, intelectuais, acadêmicas etc.) capturam a liberdade das maiorias.

Pode ser sob a forma de um "paternalismo soft" (o que devemos comer, beber, fumar etc.). E pode ser sob a forma de um "paternalismo hard" (o que devemos ler, pensar, que expressões usar, que sensibilidades de minorias respeitar etc.).

Escusado será dizer que as nossas democracias estão hoje dominadas por esses dois tipos de tiranias: por um lado, a tirania de populistas autoritários que conquistam facilmente a ignorância e a pobreza das massas com suas promessas ilusórias de redenção.

Por outro lado, encontramos também a tirania de uma suposta "intelligentsia" vanguardista que gosta de tratar os cidadãos como crianças --crianças que não sabem pensar, nem comportar-se, nem viver sem a tutela de um Estado "babysitter", que as embala do berço até a cova. Haverá solução para isso?

Curiosamente, Tocqueville achava que sim. E mais: considerava que essas soluções deveriam nascer no interior das democracias --e não pelo retorno reacionário a uma idade de ouro aristocrática que, na verdade, nunca verdadeiramente existiu.

Algumas dessas soluções já foram referidas: separação de poderes; liberdade de expressão; pluralismo religioso; reforço da independência da sociedade civil (a "arte de associação", como lhe chamava Tocqueville e que ele presenciou com agrado nos Estados Unidos).

Mas a mensagem fundamental de Tocqueville é que a única forma de preservar a liberdade perante a tirania passa por cultivar nos indivíduos o gosto por essa liberdade.

Ou, como o próprio escreveu num dos momentos mais sublimes da sua "Da Democracia na América", o principal objetivo de um governo virtuoso é permitir que os cidadãos possam viver sem a sua ajuda. E acrescenta Tocqueville: "Isso é mais útil do que a ajuda alguma vez será."

Passaram quase 200 anos sobre essas palavras. Curiosamente, não envelheceram uma ruga.

Fonte: 1º/07/2014 - Folha de S.Paulo
Autor: João Pereira Coutinho
Vou ao supermercado e fico pasmo com os produtos nas prateleiras. Não falo da quantidade de iogurtes, bolachas, pastas dentifrícias ou papel higiênico que me transformam no famoso burro de Buridan --o asno do paradoxo filosófico que morre de fome por não saber qual dos pedaços de feno escolher. De fato, tanta variedade paralisa qualquer um.

Falo de outro fenômeno igualmente agônico: a quantidade de produtos alimentares que parecem diretamente saídos de um consultório médico.

Um iogurte não é um iogurte, com um determinado sabor e uma determinada textura. É quase um remédio de farmácia que promete diminuir o colesterol e controlar 50 outros indicadores orgânicos igualmente importantes para a saúde do sujeito.

E quem fala em iogurtes, fala em sucos (com seu cortejo de vitaminas), batatas fritas (com reduções heroicas na quantidade de sal) e até chocolates (alguns deles prometem melhorar o fluxo arterial). Como se chegou a isto? Verdade: com a "morte de Deus" e o fim de uma vida transcendente, cuidar do corpo transformou-se na única religião dos homens modernos. De tal forma que nem a gastronomia está a salvo: antes do prazer ou da mera fome, está primeiro a saúde. Hoje, não se come mais para viver. Come-se para viver até aos cem --uma importante revolução civilizacional.

Honestamente, nem sei por que motivo não se abrem restaurantes em hospitais, com refeições cozinhadas por médicos e servidas por enfermeiros. No final, o cliente faria análises ao sangue e só pagaria a conta se tivesse o número certo de triglicerídeos.

O problema é que nem no hospital o cliente estaria a salvo. Desde logo porque é cada vez mais difícil saber o que comer: existem estudos, publicados a um ritmo demencial, que dizem uma coisa e o seu contrário. Às vezes, na mesma semana --ou até no mesmo dia.

A carne vermelha é má, defendem uns. A carne vermelha é ótima, garantem outros. Sobre os laticínios, há opiniões para todos os gostos: são puro veneno; são simplesmente insubstituíveis. E até as gorduras, que deveriam ser um inimigo consensual, parece que não são tão inimigas assim.

A revista "Time", aliás, dedicou matéria especial ao fenômeno: durante décadas, o país declarou guerra às gorduras. Que o mesmo é dizer: incluiu no Index da dieta nacional a carne vermelha, os ovos, os laticínios, a manteiga. A mensagem era simples: conservar um coração saudável implicava dizer adeus a todo esse lixo. Conclusão? Os americanos foram dizendo adeus ao lixo, optando por aves, leite magro ou cereais. Infelizmente, a mudança na dieta não os tornou mais saudáveis. Pelo contrário: o país está mais doente do que nunca.

A diabete de tipo 2 aumentou 166% entre 1980 e 2012. Os problemas do coração continuam no topo da lista --e das mortes. E, sobre a obesidade, estamos conversados: falar dos Estados Unidos é imaginar uma nação disforme de glutões disformes. Explicações? Não, a gordura não é o papão que se imaginava, explica a revista. Não entro em termos técnicos, até porque eles são demasiado gordurosos para mim. Mas parece que a gordura do peixe e dos vegetais é boa para o coração. E até a gordura "suspeita" de um bom filé (cozinhado com manteiga, claro) tem vantagens respeitáveis na limpeza do mau colesterol.

Os verdadeiros inimigos, hoje, são os carboidratos presentes nos açúcares, nos doces, nos farináceos. Isso, claro, enquanto não surgir um novo estudo a defender precisamente o contrário --ou, pelo menos, a colocar as coisas na suas devidas proporções.

E eu? Que fazer perante essa selva de alarmes contraditórios? Nada. Rigorosamente nada. Perdido no supermercado, vou retirando das prateleiras os alimentos que a ciência aprova e desaprova nos dias pares e ímpares, respectivamente.

E confesso que as gorduras continuam a ter espaço generoso na minha dieta animalesca. Não que eu me orgulhe disso, cuidado. Mas enquanto não existirem estudos definitivos sobre o assunto, prefiro seguir as recomendações da minha ilustre dra. Gula.

Fonte: 24/06/2014 - Folha de S.Paulo
Autor: João Pereira Coutinho


Leitura

A Academia Americana de Pediatria recomenda ler para o bebê desde o nascimento para ajudar a enriquecer a linguagem, racíocínio e a própria vida.

A entidade apregoa : Leiam para seus filhos desde o nascimento.

Novos estudos baixam a os benefícios da interação com os pais e os livros para antes dos dois anos,.

Saiba mais no jornal O Estado de São Paulo, edição de 29/06/14

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Indústria

As montadoras passam a prever queda de 10% na produção de veículos este ano.

No primeiro semestre a baixa foi de 16,8% em relação à igual período do ano passado. Associação do setor atribui a redução à menor oferta de crédito. Conta com uma recuperação das vendas após a Copa.

De qualquer forma o desempenho final estará longe da previsão inicial de crescimento de 1,4%. Em cosequência do freio na produção o México já  ultrapassou o Brasil no ranking da indústria automobilística. Ocupamos agora a oitava posição.

Saiba mais na Folha de São Paulo, edição de 08/07/14

Copa

Terminada a Copa podemos dizer que o balanço foi positivo. Os estrangeiros levam uma boa imagem do Brasil graças à cordialidade e alegria dos brasileiros e não ocorreram incidentes que prejudicassem a imagem do país.

É certo que ficam as obras inacabadas e as que sequer foram iniciadas e os estádios gigantescos de futuro muito incerto dada a escassez de público nos jogos domésticos. Fica de herança o Regime Diferenciado de Contratação (RDC) uma mudança na lei de licitações que facilita a fraude nas concorrências.

Quem disse que não ia ter Copa ou apostava em turbulências e desorganização durante o certame errou feio. O governo cumpriu, no geral, o manual e as exigências da Fifa e deu certo.

A decepção veio de onde menos se esperava. O sonho do hexa embalado pelo otimismo inconsistente da imprensa transformou-se num pesadelo que ainda irá nos perseguir por muito tempo.

Quanto a influência do resultado na política é esperar para ver. Agora vai começar o jogo eleitoral. Já na economia leio os jornais e fico em dúvida, tanto são as opiniões divergentes sobre o tema.

O troféu para os brasileiros ficou com a polícia que desbaratou a máfia dos ingressos. Se os peixes graúdos vão ser fisgados talvez seja querer demais nesse mar de cumplicidades e corrupção que inunda o mundo do futebol.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Breve notícia do primeiro livro impresso em linguagem



Breve notícia do primeiro livro impresso em linguagem
Lúcio Alcântara *
“Deus que julga as obras e a intenção de cada um, julgue as nossas, pois o juízo do homem está mais pronto a julgar a outrem que a si mesmo.”      
Apologia de João de Barros em lugar de prólogo
(Quarta Década da Ásia)

O mundo culto português foi surpreendido quando, em 25 de maio de 1965, o professor José Vicente Pina Martins publicou artigo no “Diário de Notícias” sobre a existência de um exemplar do Tratado de Confissom impresso em português na cidade de Chaves no ano de 1489. Descoberta esta devida ao livreiro Tarcísio Trindade, de Alcobaça, levada ao conhecimento do mestre que a estudou em artigos especializados vindo a publicá-la mais tarde em edição fac similar diplomática, de 1973, precedida de minuciosa introdução.
Achados como esse, comparável ao da Vita Christi por Jaime Cortesão em 1920, são raros em bibliografia, ainda mais que o cimélio encontrado nunca havia sido mencionado por quantos se debruçaram sobre a história da tipografia e do livro em Portugal. Até então A Vida de Cristo, de 1495, era tido como o primeiro livro em língua portuguesa, traduzido do latim, impresso na oficina de Valentim Fernandes e Nicolau da Saxonia. O aparecimento do incunábulo revolucionou os estudos sobre a origem e penetração da imprensa em Portugal ao abrir novas possibilidades de investigação. À luz dos conhecimentos atuais, os judeus são considerados os precursores da imprensa em terras lusitanas a partir do Pentateuco, Faro, 1487. Ao todo, segundo Cadafaz de Matos, somaram quinze os livros publicados em hebraico até a expulsão dos judeus em 1497. Até aqui não foi possível comprovar, como sugerem alguns estudiosos, a existência de prelos cristãos anteriores aos judaicos. O Pentateuco (1487) e o Tratado de Confissom seriam dois marcos a balizarem o nascimento da imprensa lusa e o surgimento de publicações em vernáculo. Controvérsias sobre a localização da primeira tipografia colocam Leiria, Guarda, Lisboa e, após a descoberta do Tratado de Confissom, Chaves, como hipotéticas sedes, mas, de certeza, a primazia ainda cabe a Faro, comprovada pela publicação do Pentateuco.
Ao proceder a um meticuloso exame dos aspectos editoriais e gráficos do Tratado de Confissom Pina Martins provocou uma revisão sobre os pródromos da imprensa portuguesa. A partir da conclusão a que chegou, passou-se a admitir uma quarta via para sua entrada no país, a espanhola, com eixo nas cidades de Zamora/Monterrey/Chaves, seguida pelos impressores anônimos do Sacramental e do Tratado de Confissom, antecedente das outras três já mapeadas (1). A saber:
- Barcelona/Braga, seguida por Johann Gherlinc.
- Augsburgo/Sevilha/Lisboa, seguida por Valentim Fernandes.
- Salamanca/Porto/Braga, correspondente ao itinerário de Rodrigo Álvares.
Possibilidade esta antes ignorada a despeito da proximidade entre os dois países e da presença da tipografia em Espanha desde 1472(1). Verdade que D. Manuel II, último rei de Portugal, notável bibliófilo, autor do magnífico catálogo, Livros antigos portugueses da biblioteca de sua majestade fidelíssima, já em 1929 estranhava “que catorze anos tivessem decorrido entre a introdução da arte de Gutenberg em Espanha por oficiais alemães e a sua entrada em Portugal pela mão de impressores hebreus”(4), estranheza só satisfeita em 1965 pelas páginas do incunábulo flaviense, exemplar único, achado fortuito em meio a um monte de livros velhos.
O “livrinho”, como o chamou carinhosamente Pina Martins, é um pequeno in-quarto, com trinta fólios e cinquenta e nove páginas impressas e um cólofon onde a lacuna é a omissão do nome do impressor. Para além do livro em si, da referência a Chaves como local da impressão, todo o resto se situa no terreno movediço das probabilidades amparadas por inferências obtidas a partir de apuradas pesquisas encetadas pelo reputado bibliólogo luso, removidas assim objeções dissimuladas à sua tese. Um manual destinado a orientar confessores e penitentes de certo teria boa acolhida entre os peregrinos de passagem por aquela vila nortenha em trânsito para Santiago de Compostela.
Por outro lado, os caracteres tipográficos empregados no Tratado, a disposição do texto em duas colunas, a filigrana do papel, uma mão direita coroada por uma corola de seis pétalas, uma identidade próxima entre as fórmulas do cólofon, aproximam-no das obras impressas por Antonio Centenera com oficina estabelecida em Zamora. A partir das analogias identificadas, foi possível supor que um impressor português tenha levado a cabo o trabalho com limitados recursos tipográficos preteridos por Centenera na vizinha cidade espanhola.
 Segundo Luis Felipe Barreto, citado no Catálogo dos Quinhentistas Portugueses da Biblioteca Nacional, a cultura discursiva do renascimento português resulta de três grandes dinamismos – o escolástico, o humanista, o da expansão dos descobrimentos. O predomínio cultural da escolástica se reflete no número expressivo de títulos editados no período sob a égide ou de mecenas ao seu serviço. Aliás, mesmo no período hebraico da tipografia portuguesa (1487 - 1497) apenas uma obra, o Almanach Perpetuum, de Abrãao Zacuto, um compêndio de astronomia, não tinha caráter religioso. Do total de 1.904 obras estampadas em Portugal no século XVI, seiscentas e cinquenta de uma, ou seja, 34% delas foram de responsabilidade da igreja (5). Em relação aos incunábulos portugueses, dos trinta conhecidos, dez inserem textos litúrgicos publicados com o apoio das autoridades eclesiásticas das três dioceses mais importantes, Braga, Lisboa e Porto (3).
Foi nesse ambiente de forte inspiração religiosa que surgiu o Tratado de Confissom, um guia para uso de confessores e penitentes, espécime de literatura moral, mais profundo que outros do gênero (6). O livro está dividido em duas partes, reservadas, a primeira, objetiva, ao confessor; a segunda, subjetiva, ao penitente, para facilitar seu exame de consciência, precedidas por um pródromo que alerta o juiz sobre suas obrigações e exorta-o a ser reto e justo. Um manual estruturado com apoio em exemplos, de forma a não falhar na revelação de pecados, e aplicação de penas segundo tabela canonicamente fixada. Enérgica reprimenda à corrupção da igreja e abusos dos eclesiásticos. Curioso que o livro  conclua com orações canônicas para as refeições, diferentemente dos congêneres, cujo costume das terminações era uma preparação para a morte. Como se, absolvido dos pecados pela confissão o penitente à mesa antecipasse a ceia do Senhor. A arte de viver e conviver substitui a arte de morrer (5).
O mérito do Tratado de Confissom, segundo Pina Martins, é bibliográfico, por haver antecipado em seis anos as primícias da tipografia lusitana. Nem seria de esperar maior valor literário em livro escrito com o fito de instruir práticas religiosas. Da autoria presumida de um eclesiástico, confessor e pregador, está vazado em um estilo seco, pobre de imagens, não obstante revestido da “beleza de uma arquitetura sem ornatos” (5). Vale ressaltar o léxico moderno com o emprego de palavras que sobrevivem até hoje.
Não é desprezível a título de documento que expõe a confissão como instrumento de controle social e revelador do comportamento do homem português no século XV.
A afirmação de Sousa Viterbo de que “em bibliografia é muito difícil, se não impossível, asseverar que se disse a última palavra sobre o assunto por muito verossímil que seja”, cautela esposada por outros especialistas, veio a ser confirmada a propósito da instituição do primeiro livro impresso em língua vernácula. Quando a prioridade indiscutível estava atribuída ao Tratado de Confissom, sustentada por fundados argumentos, eis que artigo assinado pela professora da Universidade de São Paulo, Rosemarie Erika Horch, confere o primado a uma tradução portuguesa do Sacramental, obra do espanhol Clemente Sanchez de Vercial, saída do prelo em Chaves, no ano de 1488(11). Conclusão esta retirada com base em investigação levada a efeito a partir de exemplar depositado na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro dada a conhecer em 1986. Segundo ela, após a publicação do Catálogo dos Incunábulos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (1957), surgiram comentários sobre a natureza incunabular da referida publicação, alimentada pela ausência no volume em estudo das folhas finais onde estariam as indicações tipográficas. Não obstante o óbice comprobatório, Serafim da Silva Neto, em 1957, com base em informação colhida no Dicionário Bibliográfico Português de Inocêncio Francisco da Silva, é taxativo ao considerar que ele “tem as características de incunábulo”. É que, no verbete, Clemente Sanchez de Vercial do aludido glossário, além das edições vernáculas do Sacramental, datadas de 1502 e 1539, está reproduzido um comentário imputado ao conselheiro Francisco Freire de Carvalho sobre ter visto na biblioteca do arcebispo de Lacedemônia e Vigário Geral do pratriarcado, D. Antonio José Ferreira de Sousa, outro exemplar do mesmo livro traduzido em português, impresso em 1488, que descreve em pormenor, anotada inclusive a falta da folha inicial. Ao tomar como ponto de partida a informação oferecida por Inocêncio, a pesquisadora localizou a obra do conselheiro Freire Carvalho, intitulada Primeiro Ensaio sobre a História Litteraria de Portugal, desde a Mais Remota Origem até o presente tempo, Seguido de Differentes Opusculos, Que Servem para sua Maior Illustração, e Offerecido aos Amadores da Litteratura Portuguesa em Todas as Nações. Lisboa, Typ. Rollandiana, 1845, 8º de 445 págs. a qual cita elementos constantes do Sacramental de 1488. Em seu texto reproduz o remate do livro onde vem em latim muito mutilado a indicação do impressor e de Chaves como sede tipográfica, dados despercebidos pelo autor da observação e o dicionarista. O cotejo feito entre o exemplar descrito por Freire Carvalho e o da Biblioteca Nacional faz crer se tratarem ambos da mesma edição restrita, a discordância às cores das letras capitulares. Sem embargo da exaustiva apuração empreendida, não foi possível identificar o tradutor nem afirmar com segurança o responsável pela impressão, possivelmente um espanhol fixado em uma das cidades próximas a Chaves. Embora a autora não tenha conseguido identificar os tipos do Sacramental com os de nenhum tipógrafo contemporâneo, há um vínculo de interesses topográficos com o Tratado de Confissom que emprestou insuspeitada notoriedade tipográfica à cidade. Mais que isso, segundo Artur Anselmo, pesquisador do assunto. Para ele, haveria entre as duas preciosidades afinidade temática e técnica que remete ambas a uma provável origem comum traduzida  no papel usado e nos tipos de Antonio Centenera. Por fim, um comentário sobre os dois exemplares mencionados. O da Biblioteca Nacional, com suas folhas iniciais completas, não pode ser o mesmo da descrição de Freire Carvalho onde estão dadas como ausentes.
Exemplares únicos, o Tratado de Confissom e o Sacramental são remanescentes do vandalismo dos homens e da ação destruidora do tempo para testemunharem o princípio e a evolução da imprensa, essa formidável invenção da Renascença difundida pelo protagonismo português na descoberta de novos mundos, malgrado sua interdição no Brasil até a transferência da Corte em 1808.
Após esta breve incursão pelo alvorecer da imprensa em Portugal, cumpre elaborar uma cronologia de livros publicados à época, segundo coligi de fontes diversas assentadas em constatações comprovadas.
De acordo com Artur Anselmo(3) todos os impressores que trabalharam em Portugal com caracteres de matriz gótica, do início da atividade tipográfica até o final do século XV, estão distribuídos por três ramos:

a) ramo comum a impressores do Sacramental e Tratado de Confissom.
b) ramo comum a Johann Gherlinc e Rodrigo Alvares.
c) ramo comum a Valentim Fernandes e Nicolau de Saxonia.

Quanto aos livros publicados, esbocei uma síntese cronológica que contempla em sua estrutura as mudanças ocorridas desde quando Queirós Veloso considerou, no volume I da Bibliografia Geral Portuguesa a Vita Christi “como a primeira obra impressa entre nós em linguagem” (6).
Ordenados a seguir, os livros listados auxiliam a melhor compreender a sequência de publicações surgidas na fase pioneira da imprensa em Portugal:

1487 – Pentateuco – Primeiro livro publicado em Portugal em hebraico (Faro, Samuel Gacon).
1488 – Sacramental – Tradução portuguesa do texto de Clemente Sanchez de Vercial (Chaves, impressor ignorado).
1489 – Tratado de Confissom – Primeiro livro impresso escrito em português (Chaves, impressor ignorado).
1494 – Breviarium Bracharense – Primeiro livro publicado em latim em Portugal (Braga, João Gherlinc).
1495 – Vita Christi – Obra prima da bibliografia portuguesa traduzida do latim. (Lisboa, Valentim Fernandes e Nicolau da Saxonia).
1497 – Constituições que fez o senhor Dom Diogo de Sousa Bispo do Porto – Primeiro livro que teria sido impresso por um português. (Porto, Rodrigo Álvares).

Sem a pretensão de esgotar a lista de incunábulos portugueses, relacionamos os vinculados a eventos marcantes na bibliografia lusitana na esperança de que o presente texto colabore com quantos se aventurem na senda dessa fascinante aventura.

Bibliografia

01- ANSELMO, Artur. Estudos de história do livro. Lisboa: Guimarães, 1997.    189p.
02- _____________. Livros e mentalidades. Lisboa: Guimarâes, 2002. 191p.
03- _____________. Origens da imprensa em Portugal. Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1981. 510 p.
04- D. Manuel II. Livros antigos portugueses 1489 - 1600 da bibliotheca de sua majestade fidelíssima. Braga: APPACDM, 1995. 633 p. v.1.
05- HUE, Sheila Moura (Org.); PINHEIRO, Ana Virginia (Org.). Catálogo dos quinhentistas portugueses da Biblioteca Nacional. 2. ed. Rio de Janeiro: Edições Biblioteca Nacional, 2004. 157p.
06- MARTINS, José V. de Pina. Tratado de confissom: (Chaves, 8 de agosto de 1489). Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1973. 281p.
07- MATOS, Manuel Cadafaz de. O Primeiro livro impresso em Portugal. Jornal de Letras, [S.l.], 12 jul. 1987.
08- PACHECO, José. A Divina arte negra e o livro português: (séculos XV e XVI). Lisboa: Vega. 282p. (Coleção Artes / História).
09- PEIXOTO, Jorge. História do livro impresso em Portugal. Coimbra, 1967. 30p.
10- PINTO, Américo Cortez. Da famosa arte da imprimissão. Lisboa: Ulisseia Limitada, 1948. 507 p.
11- PRELO. Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, n. 10, jan./fev. 1986. Trimestral.
12- SILVA, Innocêncio Francisco da. Diccionário bibliográfico portuguez. Lisboa: Imprensa Nacional, 1859.478p. t.2.