sábado, 26 de julho de 2014

Permanência da palavra

O mármore se desfaz, o bronze perece mas as palavras escritas ---- aparentemente o meio de expressão mais frágil -- sobrevivem. Vão-se seus criadores e elas permanecem -- Flaubert lançou seu grito de protesto diante do paradoxo de estar ele morrendo como um cão abandonado enquanto a "prostituta Emma Bovary, criatura sua, surgida de palavras sem vida rabiscadas em folhas de papel, continuaria a viver. Até aqui somente os livros conseguiram exceder à morte em astúcia e tem realizado o que Paul Éluard definiu como a compulsão maior do artista : le dure désire de durer.

De George Steiner, no livro Nenhuma Paixão Desperdiçada

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