quinta-feira, 1 de maio de 2008

CPOR

Vi nos jornais que foi inaugurada a nova sede da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará (SSPDS), no antigo quartel do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR), adaptado para a nova finalidade.

O prédio foi adquirido do Exército Brasileiro durante meu Governo, quando, também, foi elaborado o projeto de sua reforma e iniciada a construção. Com a nova administração, a obra foi paralisada, sendo retomada muitos meses depois.

Na reestruturação pela qual vem passando, o Exército desfaz-se de imóveis prescindíveis às suas novas funções, colocando-os à venda.

Assumindo o Governo do Ceará, manifestei ao Comandante da 10ª Região Militar a intenção de adquirir para o Estado, o imóvel que abrigou, durante anos, o CPOR.

Julgava inadequada a ocupação do Palácio da Abolição pela referida Secretaria estadual. Era minha intenção destinar aquele espaço nobre a um centro de ciência e tecnologia, voltado para os jovens, à semelhança do que existe em países desenvolvidos, como exemplo La Villette, cité des sciences et de l' industrie, em Paris.

As novas instalações do órgão de segurança pública cearense, ensejariam a integração progressiva das polícias Civil, Militar, Corpo de Bombeiros, a partir de seus comandos, sob a liderança do Secretário de Segurança.

Vivi muitos anos ao lado do CPOR. Na verdade, cheguei ao antigo bairro do Alagadiço com poucos meses de idade, para morar no número 711. E anos depois, no 549 da Avenida Bezerra de Menezes. Ambos endereços, vizinhos de esquina do quartel. As casas ainda existem. A primeira, muito descaracterizada, é hoje uma loja de móveis. A segunda, sobrevive praticamente inalterada, sediando uma entidade de deficientes auditivos.

O CPOR sempre esteve inserido na vida do bairro e integrado à comunidade. Eram freqüentes os desfiles militares e as festas cívicas. Havia, também, vida social, com a exibição semanal de filmes, aos quais a comunidade tinha acesso, constituindo-se um ponto de encontro da juventude do bairro. Era comum nas festas e solenidades, a presença da Miss vencedora dos então prestigiosos concursos de beleza. O Comandante da unidade, junto com o corpo de alunos, equilibravam bem o binômio diversão e treinamento militar.

Por ocasião das formaturas militares e dos exercícios físicos, soldados e alunos sedentos, consumiam quantidades industriais de água gelada, servida pelas empregadas sobre a mureta que separava nossa casa da rua.

Quando o CPOR foi desativado, as instalações serviram a outras finalidades do Exército. Já não havia a alegria jovem e a descontração de outrora, que davam uma feição animada à face austera das instituições militares.

A aquisição do prédio não foi fácil. O que parecia coisa simples, arrastou-se por mais de uma ano.

O Exército, que ocupava o prédio há décadas, não tinha como provar aos burocratas de Brasília que o imóvel lhe pertencia. Até o dia em que o General Chefe do Departamento de Engenharia tomou para si a tarefa de resolver o problema. Conheci-o aqui, em Fortaleza, este ano. É o General Enzo, atual Comandante do Exército Brasileiro.

Não fora minha decisão de comprar o imóvel, seguramente ele teria ido parar nas mãos da iniciativa privada, que ali ergueria torres imensas de apartamentos.

A continuidade administrativa promove o progresso e o desenvolvimento.

Agentes de saúde

Manchete de primeira página do jornal O Estado:

9 mil agentes comunitários de saúde são efetivados

Quem consultar jornais antigos, vai encontrar notícia idêntica nos diários de determinado dia de 2006.

É que os agentes já estão efetivados desde quando a Assembléia Legislativa do Estado do Ceará, por unanimidade, aprovou, e eu sancionei, mensagem de lei, de minha autoria, propondo a medida. O atual Governo nunca a implementou.

Quase dois anos depois, manifestou-se sobre a matéria, remetendo nova proposta ao legislativo, restringindo drasticamente direitos garantidos pela lei em vigor.

O Deputado estadual Adahil Barreto (PR-Ce), juntamente com uns poucos colegas, acionados pela mobilização dos agentes de saúde, conseguiram ainda reverter algumas perdas constantes no novo texto. Não conseguiram, no entanto, restaurar conquistas anteriores, que são fundamentais. A categoria promete continuar a luta na justiça, em busca dos direitos sonegados.

Na verdade, o atual Governo cearense não fez nada pelos agentes de saúde, a não ser retirar conquistas alcançadas na administração anterior, ao reparar situação injusta que perdurava há anos.

Toda propaganda que fizer sobre o tema será enganosa.

Memória

Você é capaz de lembrar a data do último jogo entre Brasil e Irlanda, realizado na terra de Oscar Wilde?

Fuzis

Manchete de primeira página do Diário do Nordeste, edição de 30/04/08:

Afronta à polícia
Fuzil furtado de quartel da PM estava com traficantes

Lembram do roubo das armas, ocorrido no dia 8 de outubro do ano passado, de dependências do Comando Geral da Polícia Militar?

O "competente inquérito" foi instaurado e concluído, mas não se sabe quem roubou e muito menos se foram recuperadas as armas.

A imprensa independente e investigativa do Ceará bem que poderia ajudar a desfazer o mistério.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Música

O jornal O Estado de S. Paulo, edição de 21/04/08, publicou matéria sobre a Mostra Brasileira de Música Antiga, realizada na cidade de Araripe, no Estado do Ceará.

A iniciativa partiu de Elisandro Carvalho, 30 anos, ex-seminarista, responsável pelo Instituto Atos, que coordena uma série de projetos, entre os quais a Orquestra Filarmônica Chapada do Araripe, como também a ação Cabaças e Cordas.

O Atos atende, hoje, à cerca de 150 jovens e crianças que desejam se dedicar, com afinco, à música.

O evento contou com a participação de professores de música dos municípios do Crato e de Juazeiro, contando com músicos de renome, como Hermeto Pascoal, Sebastião Tapajós e o argentino Pablo Lerner, residente em Budapeste.

A primeira mostra ocorreu em 2006, com seus 45 instrumentos adquiridos através do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (FECOP), que, segundo Elisandro, viu no projeto uma chance de melhorar a qualidade de vida das crianças da região e capacitá-las para entrar na vida artística.

São obras como essas, feitas nos grotões, para beneficiar gente simples, que desconhece as intrigas que cercam o poder e a maldade de adversários ambiciosos, que alimentam meu coração de homem público.

Por elas, considero-me pago das agruras da política.

A frase do dia

O tempo libera o homem das inquietações.

Terêncio

terça-feira, 29 de abril de 2008

Adolfo Caminha

Foi editado em Portugal, pela Palimpsesto, sendo a primeira vez naquele País, O bom crioulo, do escritor cearense Adolfo Caminha (1867-1897).

O romance tem como tema o homossexualismo, assunto tabu na época em que o livro foi escrito.

O autor teve vida breve e tumultuada, com sua obra discriminada e ignorada. O reconhecimento demoraria a chegar.

Hoje, o livro de que falamos, já tem traduções na França e nos Estados Unidos.

Torcato Sepúlveda, ao comentar a edição portuguesa, diz que se ela demorou tanto para vir à luz, deve-se à natureza do enredo.

Anota, ainda, que a primeira obra de ficção na literatura portuguesa a tratar de homossexualismo foi Sedução, de Marmelo Silva, já no século XX.

Presídio

Violência tem sido uma constante nos nossos presídios.

Agora, face ao descaso do Governo para com o problema, a situação agravou-se. No período 2003-2006 foram mortos, nos estabelecimentos penais do Ceará, 39 presos. Em 2007 e 2008 o número já chega a 38.

A decisão de construir às pressas duas casas de custódia esconde a negligência que levou à situação de calamidade, anunciada há tempos pelo Secretário de Segurança do Estado, o qual reconheceu haver recebido os xadreses das delegacias sem presos.