* Artigo publicado no jornal Diário do Nordeste, edição desta terça-feira (24/03/09)
O mundo, todos sabem, se encontra diante de uma crise e ninguém, em sã consciência, pode afirmar ainda a sua extensão, assim como nem uma única pessoa em todo o mundo foi capaz de perceber a disseminação de suas causas e prever sua eclosão. A crise, isto é fato novo, não arrastou de imediato as economias das regiões periféricas do mundo, o que foi sentido em países como Brasil, China, Índia e Rússia, apenas para citar aqueles que vinham obtendo taxas de crescimento mais expressivas no contexto da economia global.
Veio à luz um novo cenário, onde países em desenvolvimento já não se mostram tão estreitamente atados aos rumos da economia norte-americana. Há não mais de dez anos, teria sido diferente. O novo quadro foi submetido a um duro teste, ainda que seja prematura uma avaliação definitiva. Que não se veja aí motivo para reações auto-suficientes. Ninguém está blindado por inteiro. Apesar de estarmos, digamos, um ´passo atrás´ do epicentro da crise, já sentimos o impacto de seus efeitos: a expectativa de crescimento no país para esse ano é próxima de zero.
A conjuntura indica a necessidade política de se estabelecer alguns consensos. O momento exige grandeza na construção de uma agenda positiva para o setor produtivo nacional, preservando empregos e mantendo a estabilidade econômica a salvo, tanto quanto possível, dos efeitos da crise.
O governador de São Paulo, José Serra, uma das principais lideranças da oposição no país e provável candidato à Presidência da República nas próximas eleições, mostrou a boa direção, quando reafirmou a necessidade de colocar os interesses maiores do país acima dos interesses partidários, voltados para a disputa eleitoral. Mesmo porque, sabe ele, nada de promissor herdará, caso eleito, se não forem tomadas já medidas necessárias à manutenção da boa estabilidade da nossa economia, ainda que tenhamos momentaneamente que recuar para metas mais modestas de crescimento - o que será mais fácil se prevalecer, no ambiente político, a postura proativa que dele a sociedade espera.
LÚCIO ALCÂNTARA Ex-governador e presidente da Executiva Estadual do PR
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário