sexta-feira, 25 de abril de 2008

ONGs

Ao ver o intenso debate nacional que se trava sobre as relações de ONGs com o Governo Federal, a propósito de favorecimento às organizações vinculadas a partidos políticos - ou dirigentes de orgãos repassadores de recursos, lembro de medida pioneira que adotei quando administrei o Estado do Ceará.

Estabeleci que a contratação de organizações não-governamentais para administrar creches, acolher adolescentes, idosos e drogados se faria mediante licitação, com exigências constantes de edital, que mostrassem a adimplência da instituição e provassem capacidade de executar o serviço em condições satisfatórias, cobrando preço justo.

Evitava-se, assim, o paternalismo e o parasitismo governamental dessas entidades.

As reações, que foram muitas, só contribuíram para mostrar que eu estava certo ao tomar a decisão. Combatia-se o clientelismo e o favorecimento político.

As insatisfações só fortaleceram meu propósito de fazer prevalecer o interesse público.

Arroz


A crise mundial de oferta de alimentos leva o Governo brasileiro a determinar a proibição da exportação de arroz.
Somos auto-suficientes em relação ao produto, com uma sobra que permite exportar quantidade relativamente pequena. A escassez internacional de alimentos aumenta a demanda pelo arroz brasileiro, elevando o preço da mercadoria.
A providência do Governo visa evitar a escassez do produto e a subida do preço, que poderia levar à inflação e à insatisfação popular, por se tratar de um alimento básico na mesa do brasileiro.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Polêmica

Instalou-se uma polêmica, instigada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), sobre a produção de biocombustíveis e a redução na produção de alimentos, com a conseqüente elevação de preços e a escassez de produtos.

A crise dos alimentos aflige sobretudo os pobres na África, Oriente Médio e parte da Ásia. Os preços dos alimentos básicos, que ficaram praticamente estáveis durante anos, dispararam no último triênio, quando subiram 180%.

A insatisfação popular ganha as ruas na África, no Haiti, no México, entre outros países. O alimento caro e escasso, quase inacessível para as pessoas de classe mais baixa, é o combustível que pode acender o pavio de rebeliões em muitos lugares do mundo.

À essa situação, Strauss-Kahn, diretor-gerente do FMI, chamou de problema moral. Não imaginei, quando começou a ganhar velocidade a idéia de produzir biocombustíveis, que a situação tomasse esse rumo.

A alternativa que surgia me parecia uma excelente resposta ao problema da poluição do meio ambiente, à escassez dos combustíveis fósseis, ao preço crescente do petróleo e à instabilidade política dos países produtores de óleo. Não por acaso, o presidente Chavez, da Venezuela, surgiu como um dos adversários da idéia. Pensei que aparecera uma oportunidade para incrementar o desenvolvimento de países potencialmente produtores, capaz de gerar emprego e renda para suas populações pobres.

O Brasil, que tem terras e tecnologia para produzir biocombustíveis, através do Ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e do presidente Lula, refuta a acusação com o argumento de que a produção de alimentos aqui continua a crescer e que os subsídios agrícolas da Europa e dos Estados Unidos constituem, estes sim, obstáculos ao aumento da produção e comercialização de alimentos por parte de países pobres ou em desenvolvimento. Argumentam, ainda, com a contradição da União Européia, que, ao se contrapor ao programa, esquece que estabeleceu percentual crescente de adição de biocombustíveis na gasolina, até atingir 20%.

Nos Estados Unidos, o secretário americano de Energia, Samuel Bodman, afirma que a crescente produção de etanol, a partir do milho, contribui para encarecer o preço dos alimentos. Reconhece a importância do etanol extraído do milho como vital para a independência energética do País, mas recomenda diversificar sua produção.

A lei de energia sancionada em dezembro, pelo Presidente Bush, estabelece metas para a produção de combustíveis renováveis a partir de celulose e aparas de madeira. Os processos para produção de biocombustível derivado da celulose ainda são caros e complexos.

O fato é que, apesar de todo o desenvolvimento tecnológico alcançado, milhões de pessoas no mundo continuam a passar fome.

Nem a revolução verde de anos atrás nem o surgimento dos transgênicos deram resposta a este drama humano, talvez porque ela esteja no próprio homem, que ainda não a ofereceu.

Saiba mais nos jornais O Estado de S. Paulo e o Globo, edições de 19 e 20/04/08.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

O Papel do Jornal

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o novo ombudsman, jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva, diz que o jornal precisa encontrar o seu novo papel. Assim como o rádio encontrou, quando se pensava que a televisão decretaria seu fim. Sobreviveu, com menos audiência, mas num formato definido.

Para ele, o jornal precisa ter mais qualidade, tratar de menos assuntos e com mais profundidade, ter mais foco. Fornecer o que a internet não pode dar.

Respondendo à pergunta sobre o que mais o irrita nos jornais, assim falou:
"Superficialidade, em primeiro lugar. Depois, erros de português. Invencionices de texto. A tentativa de chamar a atenção com o que o repórter considera engraçado. Opiniões ralas que nada acrescentam para o leitor".

Aconselho a leitura para quem é mestre desse ofício. O avanço da internet, com seu funcionamento anárquico, sem censura, plantou um desafio à mídia impressa, que levará, fatalmente, a grandes transformações no conteúdo dos jornais e no comportamento dos jornalistas.

A novidade é que as grandes corporações da imprensa, com o surgimento da internet, perderam o controle sobre a notícia. A massificação do acesso vai fazer o resto. Todos serão leitores. Todos serão jornalistas.

E aí, como é que fica? Sei lá...

Saiba mais no jornal Folha de S. Paulo, edição de 20/04/08

Monteiro Lobato


Com o fim da briga judicial entre a família do escritor e a editora Brasiliense, a obra de Monteiro Lobato voltou a ser reeditada, agora pela editora Globo. A vendagem da obra adulta de Lobato se constituiu em surpresa para a responsável pelo lançamento.

Este mês, um dos títulos que está voltando às estantes das livrarias é O Presidente Negro, ficção científica publicada em 1926, que prenunciava a chegada de um negro à Presidência dos Estados Unidos.

2008 poderá ser o ano em que a ficção vira realidade.

Saiba mais no jornal Folha de S. Paulo, edição de 17/04/08.

Civilidade política

É o título de artigo escrito pelo cineasta David Mamet, no jornal Folha de S. Paulo, edição de 6/4/08, no qual faz uma revisão de suas convicções, inspiradas nas ideologias dos anos 60, e critica o papel do governo nas sociedades.

Dele, pinçamos o trecho abaixo, no qual fala do tratamento que, na sua visão, a Constituição dá aos três poderes independentes, segundo ele, a única coisa de que se lembra dos doze anos de ensino fundamental e médio:

"Redigida por homens dotados de alguma experiência prática de governo, a Constituição parte da premissa de que o chefe do Executivo trabalhará para tornar-se rei, que o Parlamento vai conspirar para vender a prataria da casa e que o Judiciário vai considerar-se olímpico e fazer tudo o que puder para melhorar em muito (destruir) o trabalho dos dois outros ramos".

Brasil superpotência

A conceituada revista inglesa The Economist, na edição da semana passada, publicou editorial sob o título: Uma superpotência econômica, e agora em petróleo também.

A publicação destacou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2007, de 5,4%, e nossa pujança como produtores de matéria-prima.

Considera um equívoco os que se impressionam com o nosso crescimento modesto, quando comparado com China e Índia.

Lembra que o Brasil cresceu a taxas chinesas nas décadas de 50 e 60, mas que é muito difícil para um País de classe média, como o nosso, crescer a taxas mais altas.

Atribui o crescimento brasileiro atual a três fatores:
- o controle da inflação
- o fim da dívida externa
- a democratização

Finalmente, a propósito das recentes descobertas de novas reservas de petróleo e gás, indaga: conseguiria o Brasil se tornar uma potência do petróleo assim como é um gigante agrícola?

domingo, 20 de abril de 2008

Bom Pastor

Domingo passado, foi o Dia do Bom Pastor. O evangelho de São João nos brindou com a bela parábola do pastor e suas ovelhas.

No dia anterior, 12 de abril, fora o aniversário de nascimento de meu pai, falecido há anos. Por alguma razão, associei a leitura bíblica a ele. Não tanto a seu pastoreio, que de algum modo ele foi pastor, enquanto pai, médico, professor e político. Mas a uma passagem breve de sua vida que aflorou à memória.

No início de sua atividade profissional, foi médico de um estabelecimento dirigido por religiosas, conhecido por Bom Pastor, localizado na Praça do Liceu. Cercado por muros altos, recuado da rua, destinava-se a abrigar mães solteiras. Acolhia aquelas que, no jargão moralista da época, haviam dado um mau passo. Discriminadas, sofriam rejeição da sociedade e da família. Envergonhadas, ficavam reclusas na instituição à cura das irmãs. O preconceito era maior que os elevados muros do convento.

Lembro-me de ter ido lá poucas vezes, quando criança, em companhia dos meus pais, certamente em dias festivos, para missa na capela, que me parecia, aos olhos infantis, tão distante do portão de entrada.

O que o mundo terá feito daquelas jovens, feridas pela sociedade preconceituosa da época? Não sei bem quando me dei conta da função daquela casa, mais tarde convertida em presídio feminino.

Confio que o Bom Pastor tenha velado por ovelhas tão carentes.

Filhos

Pesquisa Datafolha revela que quatro em cada dez filhos não foram planejados. Se pudessem voltar no tempo, 15% dos pais não teriam filhos.

Minha mulher e eu nos planejamos para termos dois filhos. Levamos em conta para isso, o fato de ela ter uma vida profissional intensa e minha atividade política, que é, por natureza, instável e cheia de incertezas.

Era aconselhável ter uma família menor, para dispensar a atenção devida aos filhos. Tivemos, ainda, a sorte de termos dois filhos maravilhosos, uma mulher e um homem.

Pensando hoje, retroativamente, talvez desempatássemos o jogo.

Saiba mais no jornal Folha de S. Paulo, edição de 20/04/08.

Curiosidade

O que ocorreu com os municípios que tinham sistema próprio de previdência para seus servidores e os prefeitos dilapidaram os fundos que a eles pertenciam?

O Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) gostaria de saber o que aconteceu.

A imprensa independente e investigativa do Ceará poderia buscar a resposta a essa pergunta.

Obituários

Acaba de sair, pela editora Companhia das Letras, O Livro das Vidas, coletânea de 57 obituários publicados pelo jornal New York Times.

Textos bons para sobreviverem ao tempo e a natureza perecível dos jornais, particularmente de uma seção pouco visitada. Por ela passaram grandes editores do jornal, garantia de qualidade dos textos. Aliás, cheios de ironias, recurso permitido em obituários de países do primeiro mundo.

Como já disse alguém, tudo existe para acabar em livro...

Saiba mais em O Globo, edição de 18/04/08.

Imperdível

O editorial do jornal O Estado de S. Paulo, edição de l8/04/08, sob o título É público? Esbanje-se.

Clique aqui para ler o texto na íntegra.