sábado, 20 de setembro de 2008

Fábula II

Tendo a formiga encontrado um grão de milho, este, ao sentir-se aprisionado por ela, gritou:
-Se me deres o grande prazer de deixar-me desfrutar o desejo de nascer, eu te restituirei cem vezes mais de mim mesmo.

E assim foi feito.

Leonardo Da Vinci

Fábula

O cedro, envaidecido por sua beleza, desprezava as plantas que permaneciam em torno de si e fez com que se retirassem de sua frente. Então, soprou um forte vento, que por não ter sido interrompido, lançou-o por terra e o arrancou pela raiz.

Leonardo Da Vinci

Negócios

O Brasil tem melhorado muito em diversos aspectos.

Ganhou maior protagonismo no comércio internacional, mais confiança da comunidade financeira internacional e mais capacidade para atrair investimentos estrangeiros.

Levantamento do Banco Mundial, no entanto, revela que o ambiente de negócios no País ainda deixa muito a desejar. No ranking elaborado por aquela instituição somos apenas o 125º colocado. Atrás de países como Uganda, Paraguai, Nigéria e outros igualmente pouco cotados.

Como se vê, ainda há muito a fazer.

Saiba mais no jornal O Estado de S. Paulo, edição de 10/09/08.

Pranto


Manoel Lima, o fotógrafo, que se encontrava mais perto do céu, subiu até lá, apressado por um choque elétrico fulminante.

Há algum tempo não o via. Costumava encontrá-lo em minhas andanças pelo interior, nos mais diferentes munícipios do nosso Estado.

Rosto redondo, avermelhado, um sorriso estampado entre os lábios carnudos. Era a imagem da simpatia e da operosidade.

Viajante contumaz, a chamado de Deus, antecipou a viagem definitiva. (Foto: Divulgação/DN)

Resposta

Como representante do povo cearense em Brasília, o Deputado Ciro Gomes está muito mal informado. Convinha conhecer melhor os assuntos, antes de falar.

Ao contrário do que afirmou em programa de rádio, e a coluna Vertical ,do jornal O Povo, repercutiu, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tinha, sim, projetos contratados pelo Governo do Ceará, durante minha administração. Eis a relação, com os respectivos valores e datas das contratações:

- Porto de Pecém - Terminal de Multi Uso de Transporte (TMUT) - R$ 150 milhões.
07/04/06.

- Canal da Integração - Trechos 2 e 3 - R$ 71,82 milhões. 02/06/06.

- Aquiraz Riviera Golf e Beach Vilas - R$ 55 milhões. 02/06/06.

- Aproveitamento do Potencial Hidro Agrícola. - R$ 41,73 milhões. 02/06/06.

Total: R$ 318,55 milhões.

Reincide, o Deputado Ciro Gomes, na compulsão para distorcer fatos e tentar reconstruir verdades em favor de seus interesses.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

British Library

Bordado Inglês é um blog do jornal português Público, que costumo visitar. Ele é mantido por uma portuguesa, Andréia Azevedo Soares, que vive em Londres, onde cursa uma pós-graduação.

Foi lá que colhi, British Library: dez razões para ler fora de casa (ou da universidade).

1 - O estudo rende muito mais. Como os telemóveis têm de estar desligados, e os computadores não têm acessoa à internet, sobram pouquissimas desculpas.

2 - Somos obrigados a não falar. Ou pelo menos a falar baixo. Um antídoto contra a dispersão.

3 - As cadeiras são confortáveis, mas não tanto como o sofá da sua casa. Fica então posta de lado aquela soneca entre um capítulo e outro.

4 - Qualquer pessoa que ama livros sente ali uma felicidade indizível. É o conforto de estar entre pares.

5 - O sabão líquido da casa de banho tem aroma de coco. Uma delícia.

6 - Há sempre exposições gratuitas a decorrer. Há uma agora sobre textos teatrais e a censura.

7 - O bengaleiro é gratuito e organizado.

8 - Durante o inverno, a poupança em aquecimento doméstico deve ser enorme.

9 - As salas de leitura são lindas. Sobretudo aquelas dedicadas aos manuscritos e obras antigas.

10 -E, por fim, o mais importante: quem pode se dar ao luxo, de ter à disposição, sem quaisquer custos, um acervo com mais de doze milhões de títulos?

Na falta de uma British Library por aqui, você prefere mesmo ler em casa?

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Freud e Schnitzler


Em carta datada de 14 de maio de 1922, Freud faz uma confissão. Dizendo-se no fim da vida, afirma ao destinatário tê-lo sempre evitado, pois o tomava como seu duplo. Alguém, que como ele, era um explorador das profundezas, que apreendia as verdades do inconsciente e desmanchava as convenções sociais.

E concluía: ficou-me a impressão de que o senhor sabe por intuição - realmente a partir de uma fina auto-observação - tudo que tenho descoberto em outras pessoas por meio de laborioso trabalho.

A carta se destinava ao médico, como Freud, e escritor Arthur Schnitzler. Ambos judeus e destacados membros da burguesia do império Austro-Húngaro. Schnitzler, apesar de notória tendência artística, cede a insistências do pai, também médico, e segue a medicina.

Do seu dilema, dá-nos conta em seu diário, um ano após iniciar seus estudos, em texto que transcrevo a seguir: Posso meditar o quanto quiser sobre a íntima ligação entre medicina e poesia, e, não obstante, permanece verdade que não se pode ser pleno poeta e pleno médico ao mesmo tempo. Jogado para lá e para cá entre ciência e arte, não entrego meu eu a nenhuma das duas, e me atrapalho pela poesia no trabalho e pelo trabalho na poesia.

Assim como a de Freud, a obra de Schnitzler também provoca escândalo, pois denuncia a hipocrisia da sociedade, as relações de fachada, a força dos desejos e o vigor dos impulsos sexuais. Tudo dentro de uma moldura política de falsa harmonia, que iria desembocar no esfacelamento do colosso Austro-Húngaro, após a Primeira Guerra Mundial.

Arthur Schnitzler ganharia duradoura importância como romancista, ensaista e novelista. O crítico tcheco J. P. Stern o considerou o correspondente do método psicanalítico na literatura germânica.

Freud e Schnitzler, por caminhos diversos, desvendaram o inconsciente na procura da explicação, romântica, ou científica, dos conflitos internos.

Saiba mais na revista Bravo, edição de agosto de 2008.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Companhia

Nós, blogueiros, acabamos de ganhar uma ilustre companhia, o escritor português, prêmio Nobel, José Saramago. Sim, senhor, estreou hoje seu blog, na página da Fundação José Saramago. Leva o nome de O Caderno de Saramago.

Seu texto inicial chama-se Palavras para uma Cidade. É um texto antigo, como explica o autor, uma carta de amor à Lisboa.

Segundo Saramago, o blog será uma nova forma de comunicar-se com os seus leitores.

O curioso é que vim a deparar-me com esta notícia na versão eletrônica do jornal El Deber, editado em Santa Cruz de la Sierra, na conflagrada Bolívia. Isto, depois de ter visitado os dois mais importantes jornais portugueses - O Público e o Diário de Notícias, onde não encontrei registro do fato.

Pinga-Fogo

Hoje, segunda-feira, 15/09/08, às 22 horas, participo, junto com Alfredo Marques Sobrinho e Freitas Júnior, do Pinga-Fogo, no programa Contraponto, da TV Mais, canal 15 da Net.

Oportunidade em que discutimos os principais assuntos em destaque na imprensa.

Informação e análise, com independência e qualidade.

Esgoto

Os rios e córregos da cidade de São Paulo recebem, diariamente, uma descarga de 500 litros de esgoto in natura, por segundo. Isto apenas das ligações detectadas e que podem ser regularizadas. O fluxo jorra de, pelo menos, 100 mil ligações clandestinas.

A notícia me remete ao livro que leio no momento, O Mapa Fantasma, de Steven Johnson, que narra como dois homens, o médico John Snow e o padre Henry Whitehead, mediante meticulosa investigação, conseguiram identificar a origem e a forma de transmissão do cólera, em 1854, quando uma epidemia da doença matou cerca de 50.000 pessoas, em Londres.

Na época, se desconhecia a transmissão da doença pela via hídrica, e especulava-se sobre a contaminação das pessoas pelo ar, a chamada teoria miasmática. Reforçava esta impressão, o fedor que invadia a cidade populosa, desprovida de um sistema de esgotamento sanitário.

A construção de uma rede de canalização que aliviasse a fedentina, escoando resíduos fecais não tratados, inundou o Tâmisa de excrementos. Deste mesmo rio imundo, saia a água que abastecia os londrinos. Estavam criadas as condições para desencadear a terrível epidemia.

O livro a que me referi, narra, de forma interessante, como foi escrita esta importante página da história da saúde pública.

Ele mostra como a epidemiologia se vale de técnicas detetivescas. O atraso medieval do saneamento básico em nosso País, guardaria, entre outros motivos, a aversão de nossos homens públicos às obras enterradas.

Escuta

O Senado Federal (SF) vem de aprovar Projeto de Lei (PL) que agrava a pena para os que cometerem crime de interceptação telefônica.

A decisão vem na cauda do escândalo dos grampos, que de forma criminosa devassavam intimidades de autoridades, comprometendo a liberdade das pessoas e desatando crise institucional.

Em 1998, quando Senador da República, apresentei proposição alterando o Código Penal, para tornar mais rigorosa a pena aplicável aos que praticassem este tipo de delito.

Como podem ver, o problema vem de longe.

A sala dos livros mortos

Com este título, Inácio de Loyola Brandão publicou crônica no jornal O Estado de S. Paulo, edição de 04/07/08, descrevendo a dependência de uma biblioteca, na qual são recolhidos livros que há mais de cinco anos não tenham sido requisitados por leitores.

Os livros retirados de circulação não podem ser doados, são um patrimônio público. Isto exigiria um interminável processo que a burocracia impõe, explica a bibliotecária heroína da crônica.

Antes de serem recolhidos à sala da morte, arranca-se uma ou duas páginas dos livros para cumprir a lei, que manda inutilizá-los.

Entre os autores recolhidos ao cemitério literário, havia muita gente famosa. A Menina Morta, de Cornélio Pena, A Montanha Mágica, de Thomas Mann, obras de José de Alencar, Mário Donato, Lúcio Cardoso, Maria Alice Barroso, Ibiapaba Martins e tantos outros.

Substituindo as páginas em falta por textos reproduzidos de exemplares íntegros, a bibliotecária zelosa salva livros, que destina a bibliotecas comunitárias.

Ela caminha na direção contrária dos que ateiam fogo aos livros, na fogueira das ideologias e dos preconceitos, como tem ocorrido ao longo da história.

A biblioteca do Iraque foi a vítima mais recente dessa cegueira cultural.