quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Freud e Schnitzler


Em carta datada de 14 de maio de 1922, Freud faz uma confissão. Dizendo-se no fim da vida, afirma ao destinatário tê-lo sempre evitado, pois o tomava como seu duplo. Alguém, que como ele, era um explorador das profundezas, que apreendia as verdades do inconsciente e desmanchava as convenções sociais.

E concluía: ficou-me a impressão de que o senhor sabe por intuição - realmente a partir de uma fina auto-observação - tudo que tenho descoberto em outras pessoas por meio de laborioso trabalho.

A carta se destinava ao médico, como Freud, e escritor Arthur Schnitzler. Ambos judeus e destacados membros da burguesia do império Austro-Húngaro. Schnitzler, apesar de notória tendência artística, cede a insistências do pai, também médico, e segue a medicina.

Do seu dilema, dá-nos conta em seu diário, um ano após iniciar seus estudos, em texto que transcrevo a seguir: Posso meditar o quanto quiser sobre a íntima ligação entre medicina e poesia, e, não obstante, permanece verdade que não se pode ser pleno poeta e pleno médico ao mesmo tempo. Jogado para lá e para cá entre ciência e arte, não entrego meu eu a nenhuma das duas, e me atrapalho pela poesia no trabalho e pelo trabalho na poesia.

Assim como a de Freud, a obra de Schnitzler também provoca escândalo, pois denuncia a hipocrisia da sociedade, as relações de fachada, a força dos desejos e o vigor dos impulsos sexuais. Tudo dentro de uma moldura política de falsa harmonia, que iria desembocar no esfacelamento do colosso Austro-Húngaro, após a Primeira Guerra Mundial.

Arthur Schnitzler ganharia duradoura importância como romancista, ensaista e novelista. O crítico tcheco J. P. Stern o considerou o correspondente do método psicanalítico na literatura germânica.

Freud e Schnitzler, por caminhos diversos, desvendaram o inconsciente na procura da explicação, romântica, ou científica, dos conflitos internos.

Saiba mais na revista Bravo, edição de agosto de 2008.

2 comentários:

Anônimo disse...

Dr.Lúcio,
valeu a resposta tão precisa que você deu ao Ciro Megalô. Eu sonho com o dia em que o povo dará o bilhete vermelho à tipos como esse medíocre representante do Ceará no Congresso Nacional.

Célio Ferreira Facó disse...

Nem Freud tudo pôde explicar. SEM CONCORDAR que intervenções possam ocorrer nas praias de Fortaleza e do Estado, criando-lhes obstáculo ao livre acesso, e também por impedir a apropriação do patrimônio público por particulares, como tem-se dado à solta, entre nós, sem que a Prefeitura cumpra o seu dever de tal impedir, disciplinar, o Ministério Público leu hoje de Fábio Campos, em O Povo, que estaria então a desejar que se faça aqui apenas o “turismo bicho-grilo”. Cumpre bem o seu papel o MP. Do jornalista, esperávamos todos que fosse mais hábil na arte de analisar fatos e textos, pois evidente não foi feliz quer na expressão, quer na conclusão apressadíssima que se permitiu. De resto, os fortalezenses já perceberam que a coluna daquele repórter escreve-se amiúde com a paixão – a razão abandonada em algum lugar.