terça-feira, 25 de junho de 2013

Tempos de Lúcio e outros tempos II - Ecos das ruas



Os protestos ocorridos no Brasil na última semana ecoaram pelo mundo, sendo destaque dos principais jornais internacionais. A motivação para a mobilização, apesar de variada, concentrava-se na cobrança de ações mais incisivas dos policy makers no tocante à mobilidade urbana, combate à corrupção e temas sociais.

No Ceará esse movimento trouxe uma crítica às prioridades das políticas públicas, com ênfase excessiva nos grandes eventos e uma menor preocupação com as atividades básicas do estado. O mote “mais pão, menos circo” mostra que ganha corpo um sentimento de falência múltipla das políticas sociais e que a sociedade se levanta em busca dos seus direitos.

Vamos citar apenas um tema, a saúde, para mostrar que a preocupação social é fundamentada. Em março do ano passado, o Ministério da Saúde divulgou o IDSUS, indicador que avalia o desempenho do Sistema Único de Saúde – SUS quanto ao acesso e efetividade da Atenção Básica, das Atenções Ambulatorial e Hospitalar e das Urgências e Emergências. O Ceará foi reprovado, com nota de 5,14 ficando abaixo da média nacional (5,47), o segundo pior do Nordeste e o 19° lugar na comparação nacional.
 

IDSUS – Notas dos Estados do Nordeste (Fonte: Ministério da Saúde)




















Apesar da imagem passada pela propaganda oficial, a saúde do Ceará aparece atrás de estados considerados mais pobres, como Maranhão, Piauí e Alagoas. O nosso estado só não ficou entre os quatro piores por conta das condições adversas dos estados da região norte, onde a condição geográfica é peculiar e a população esparsa no meio da floresta amazônica, dependendo do transporte aquaviário. Só para citar um exemplo, o município de Altamira, no Pará possui uma área superior a de todo o estado do Ceará, com uma população de apenas 99 mil habitantes, dando mostras do enorme desafio de se entregar os serviços de saúde naquela região.

Saúde de fantasia
O Ceará vive uma época em que a grandeza das comemorações suplanta o objetivo daquilo que se comemora. No final do ano passado, a propaganda oficial dava conta da grandiosidade da festa de inauguração de um dos hospitais regionais, em evento com artista de renome nacional, cujo cachê custou a bagatela de R$ 650 mil. Menos de um mês após a inauguração, a marquise do hospital ainda em obras caiu, ferindo dois trabalhadores – que não puderam ser atendidos no próprio hospital por falta de estrutura.

A fantasia da modernidade da saúde do Ceará é aparente nas belas fachadas espelhadas, como se a beleza da construção trouxesse ganhos na qualidade dos serviços que são prestados, a despeito da necessidade de investimentos constantes no custeio e em profissionais qualificados. Médicos, dentistas, enfermeiros e auxiliares de enfermagem ainda são as peças mais importantes para a promoção de serviços de saúde de qualidade, mas isso é pão e não circo.

A fragilidade da oferta de UTI neonatal dá bem a dimensão da inversão de prioridades. Em todo o estado, existem apenas 162 leitos, sendo que 122 estão em Fortaleza. Existem iniciativas em se aumentar esse número, com mais vinte vagas para o interior e mais dez vagas em Fortaleza, no Hospital da Mulher, mas se levarmos em conta que nascem cerca de 160 mil crianças por ano no estado, tem sido comum a imprensa noticiar a existência de filas, tal é a demanda por esses leitos.

A população pede mais saúde, mais educação, mas segurança e melhor qualidade de vida em nossas cidades. Os ecos que vêm das ruas são cada vez mais estridentes. É impossível não ouvi-los.
 



segunda-feira, 24 de junho de 2013

Fumo

Há uma nova polêmica instalada no Reino Unido. O serviço nacional de saúde inglês expediu uma norma que dá indicações para que as parteiras realizem teste de detecção de monóxido de carbono afim de detectar se a gestante fuma às escondidas e assim encaminha-la para consulta de desabituação.

Embora o teste não seja obrigatório parteiras e mulheres se manifestaram contra a medida alegando que pode estragar a relação entre ambas além de lançar desconfiança sobre as grávidas.

Estimativas admitem que na Inglaterra 20% fumem.

Saiba mais no Diário de Notícias, edição de 11/06/2013

Sátira

A sátira é uma espécie de espelho onde quem olha geralmente descobre a cara de toda gente menos de si próprio; que é a razão principal para o acolhimento que tem no mundo, e que faz com que tão poucos se ofendam com ela.

Jonathan Swift

Homens

Há homens que são como as velas; sacrificam-se, queimando-se para dar luz aos outros.

Antonio Vieira (16608-1697), padre e escritor português