sábado, 5 de novembro de 2011

Bebida

Se beber não dirija; se dirigir não beba.

Agora mais que nunca a máxima é importante. O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu: dirigir embriagado é crime.

Saiba mais no jornal O Estado de S. Paulo, edição de 03/11/11

Royalties II

O tema, tal como vem sendo tratado, coloca em risco o pacto federativo e a comunhão entre as unidades federadas que formam a união. Bom senso, espírito público e sensatez se fazem necessários para levar a delicada questão a um desfecho que não comprometa a União.

Esta, como não tem deputados nem senadores que a defendam, pode ser a mais prejudicada com a perda de recursos e o desentendimento entre estados.

É bom que não esqueçam os governadores do norte e nordeste que o STF considerou inconstitucional o critério de rateio do Fundo de Participação dos Estados determinando prazo para que seja elaborada lei que defina a forma de distribuição do dinheiro entre os estados.

Ceará, Bahia e Maranhão, por exemplo, estão entre os grandes beneficiados pela regra atual. Na hora de votar a nova lei, ninguem se engane, haverá uma ofensiva dos demais estados contra o que chamarão os privilegiados de hoje.

O argumento será o de que pobres, os há, e em número considerável, por toda parte. Foi com argumentos desse tipo que vi, indignado, com minha tenaz oposição, o Senado ampliar o limite legal do nordeste no estado de Minas Gerais e incorporar o Espírito Santo.

Isso significa dizer que os novos nordestinos passaram a gozar dos incentivos fiscais e creditícios a que a região tem direito através do Banco do Nordeste e da Sudene. Relembro que na ocasião houve tentativa, malograda, de estender a fronteira da região até Campos (RJ) alegando a pobreza do norte fluminense.

Ao aprovar essa lei esdrúxula os senadores cumpriram a profecia ancestral que anunciava : um dia o sertão vai virar mar.

Royalties I

Os governadores dos estados não produtores de petróleo viram no pré sal e consequente aumento da quantidade de óleo extraido uma oportunidade para participarem da receita auferida mediante uma participação percentual no resultado obtido.

Estavam em seu direito e lutavam pelas unidades que governam. Escorados em folgada maioria parlamentar tripudiaram sobre a união e os estados produtores.

 A tunga não dispensou sequer os poços em exploração cujas regras de divisão pactuadas estão em vigor e as receitas incorporadas aos orçamentos de estados e municípios.

A sangria dos cofres dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo pode chegar, segundo leio na imprensa, a algo como 25% de suas receitas. É a decretação da falência das duas unidades federadas.

A confusão foi parar na mesa do então presidente Lula que vetou o projeto aprovado no Congresso.

O risco de queda do veto desencadeou novo debate tendo afinal o Senado aprovado uma nova proposta, algo diferente da anterior mas ainda assim extremamente danosa aos dois estados. A matéria está soba apreciação da Câmara dos Deputados.

Gelatina

Além da bancada da saúde, do nordeste, dos evangélicos, dos ruralistas, e outras menos conhecidas surgiu agora uma nova associação de parlamentares : a "bancada gelatina," formada por um grupo de cerca de 80 deputados insatisfeitos com o governo.

Esses grupos suprapartidários se reunem em torno de interesses comuns que desconhecem, quando necessário, limites partidários e obediência ao governo.

Os gelatinosos subordinam seus votos à satisfação de suas conveniências. Por ora não incomodam tanto devido à ampla base de apoio de que dispõe o governo Pelo que conheço a tendência desse insólito grupo é aumentar de tamanho.

Saiba mais no jornal O Estado de S. Paulo, edição de 04/11/2011

Assembleia Legislativa

A ampla maioria do governo no parlamento estadual rejeitou todos os requerimentos do Dep. Heitor Ferrer que pediam informações sobre o escândalo dos empréstimos consignados.

É a Assembleia escusando-se de uma obrigação básica: o dever de fiscalizar. Se não fiscaliza já não faz questão sequer de se informar.

Depois, ninguém se admire do descrédito da instituição junto à sociedade.

Saiba mais no jornal Diário do Nordeste, edição de 04/11/11

A frase do dia

É inadmissível num hospital faltar material. Tudo falta.

Deputado Augustinho Moreira (PV), criticando a situação do HGF.

Faltou dizer que o centro cirúrgico fechou por falta de material.

Gregos II

Por uma pequenissima margem de votos o parlamento grego aprovou voto de confiança ao governo. Significa que o susto maior passou.

O programa de estabilização fiscal prossegue e o povo grego ainda vai continuar a pagar um preço alto pelo desregramento financeiro dos governos que dirigiram o país nos últimos anos amparados no facilitismo de crédito dos bancos.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

ONGs

A presidente Dilma suspendeu por 30 dias o repasse de recursos do governo federal para ONGs. Elas estão no epicentro das crises desencadeadas pela corrupção que mina a administração e já levou à degola  seis ministros.

As irregularidades vão desde a não prestação dos serviços contratados, à falta de prestação de contas e o desvio de dinheiro para os bolsos de particulares.

A medida cautelar adotada é importante, mas apenas uma luz amarela acesa no trânsito das falcatruas. Afinal foram, em sete anos, R$ 19,2 bilhões repassados à essas organizações pela união.

O que virá depois dela, dependendo de sua consistência e abrangência, poderá interromper o fluxo livre de verbas que irriga contas de partidos e companheiros.

Gregos

Os gregos não se entendem, ou não são entendidos.

Quando parecia que a união europeia havia enfim lhes arremessado uma boia de salvação feita de mais empréstimo e uma redução de 50% no valor da dívida soberana com os bancos o premier grego Papandreou ateou fogo ao mercado anunciando a convocação de um plebiscito para ratificar o acordo.

Com o povo nas ruas em permanente manifestação contra o remédio amargo das medidas de combate à crise ninguem poderia esperar algo diferente da rejeição da proposta.

Surpresos com o anúncio da proposta grega a União Europeia, leia-se Merkel e Sarkozy, radicalizaram : cabe à Grécia decidir se quer continuar a jornada juntos ou deixar a zona do euro.

Os economistas são unânimes em afirmar que sair do euro nas circunstâncias atuais equivale a um hara-kiri econômico.

A reação pragmática do ministro grego das finanças contra o plebiscito chamou o governo à realidade e a convocação foi desfeita. Da aprovação de um voto de confiança no parlamento depende o destino do governo.

Já há quem fale em renúncia do gabinete para dar lugar a um novo governo de coalizão com maior consistência política para dar prosseguimento ao plano de resgate financeiro do país.

Leituras

Acabei de ler há poucos dias livros que recomendo sobretudo aos que se interessam por histórias de escritores e livros.

São eles :

1-Diário de um Pároco de Aldeia, George Bernanos, editora É

O autor é um católico conservador francês que lutou na primeira guerra mundial e anos depois exilou-se no Brasil onde morou em Barbacena tendo mais tarde retornado à França.

O livro trata das crises místicas de um cura de uma pequena cidade do interior da França, seu envolvimento com os paroquianos, a formação e atuação dos padres e os dilemas da igreja.

Não é um livro fácil de se ler. Tem uma densidade que pede atenção e leva o leitor a refletir sobre o homem no mundo e suas tribulações.

2-Se Um de Nós Dois Morrer, Paulo Roberto Pires, Alfaguara.

Sobre o legado póstumo de um advogado culto, autor de um único livro, vítima da falta de inspiração, da falta de persistência, ou de ambas, que não consegue escrever outra obra.

As pastas recheadas de documentos, textos dispersos, instruções a serem cumpridas, algumas bizarras, que confia a ex namorada constam de impressões sobre autores, personagens das relações de ambos, um editor oportunista e planos de obras não realizadas.

Reflexões de alguém que padece do mal de Montano e recomenda à herdeira de seus papeis procurar o escritor Enrique Vila Matas e entregar-lhe um desabafo sobre o processo criativo em literatura.

3-Livro Livre, vários autores, editora Imã.

Reflexões sobre o livro, a edição e a leitura a propósito dos novos suportes e os leitores digitais, os e-books, eas repercussões sobre o hábito de ler e a cadeia do livro.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Saudade

Esta é uma palavra mítica. Não tem sinônimo, não teria correspondente em outras línguas. Seria um monopólio da língua portuguesa.

Achei no livro Excerptos, F. Briguiet e Cia. Rio de Janeiro, MCMXXX, de autoria do médico, escritor, que pertenceu à Academia Brasileira de Letras, Aloysio de Castro o texto que se segue, um gesto que define uma palavra.

                                                                 A Saudade

Recordo-me que certa vez, quando era médico de uma enfermaria de mulheres, indaguei de uma polaca, ali recolhida, que sentimento era o zal. A mulher quiz responder, mas nada disse e olhou ao longe sem palavras. Eu senti então que a saudade é um olhar ao longe, sem palavras.


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Lula II

Lula antes de ser um político, um ex-presidente, é um doente que sofre a mesma ansiedade e temor de qualquer um que se veja subitamente diagnosticado com um câncer como o dele.

Merece, não apenas pelo seu passado de lutas e serviços prestados ao país, mas como qualquer ser humano, a solidariedade e o apoio dos brasileiros.

Os ataques que tem sofrido na rede só desqualificam seus autores pelo que têm de inoportuno. Revelam o lado sórdido do ser humano e a pusilanimidade dos que se ocultam no anonimato.

Nesse aspecto a internet é bastante vulnerável. A agressividade e a falta de respeito com que agem alguns não tem justificativa servindo para descredenciar esse importante instrumento de comunicação.

As críticas que Lula mereça como agente político não devem ser formuladas no momento em que está frágil física e emocionalmente.

Não é justo misturar sua doença no vale tudo da política ou com o ódio que alimenta a manifestação de alguém que por qualquer razão não o aceite.

Se o SUS tem deficiências, e o atendimento aos brasileiros anônimos deixa muito a desejar, é justo que cada um cobre do governo melhorias no sistema.

A doença do ex-presidente pode até servir de pretexto para se fazer isso. A forma como alguns o fazem é abjeta e merece repúdio