quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Sigilo

Na contramão da transparência dos atos da administração pública a Comissão de Ética Pública do governo federal adotou sigilo sobre suas reuniões.

Na mesma pisada o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, impôs segredo sobre relatórios de gastos. Documentos sobre mudanças no orçamento foram por ele classificados como sigilosos.

Dias depois reconhecendo o despropósito da medida recuou determinando a revisão do decreto que trata do assunto.

Os instrumentos legais de que dispomos no país asseguram a qualquer cidadão o direito de se informar sobre atos do governo em todos os níveis. A cidadania ainda não despertou para o poder de que está investida.

Saiba mais na Folha de São Paulo, edições de 13 e 15 de janeiro de 2013

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Abandono

A Policlínica de Iguatu concluida há 15 meses não funciona por falta de equipamentos e de profissionais da saúde. Por conta disso o prédio já apresenta sinais de deterioração.

A informação está na primeira página do jornal O Estado, edição de hoje.

Há notícias de outras obras de responsabilidade do governo do estado, concluidas ou não, se deteriorando por estarem abandonadas.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Acesso

A Lei de Acesso à Informação começa a ser usada. A União já recebeu 51 mil pedidos desde sua vigência.

São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Distrito Federal concentram quase 60% das demandas. A resposta foi dada em média em dez dias. 85,3% dos pedidos foram respondidos positivamente.

Os cinco órgãos mais demandados foram : Superintendência de Seguros Privados, Instituto Nacional de Seguro Social, Banco Central, Caixa Econômica Federal e Ministério da Fazenda.

A lei precisa ser mais conhecida pela sociedade. Ela permite que qualquer cidadão se informe sobre dados do governo o que os deputados estaduais não conseguem pois seus requerimentos de informações são rejeitados pela patrulha do governo.

Saiba mais no jornal Valor Econômico, edição de 02/01/13

(In)segurança

O Ceará é o quarto estado do país em mortes durante assalto a bancos.

A notícia vem no jornal O Estado, edição de 11/01/12. Os dados são de pesquisa feita pela Confederação dos Trabalhadores no Ramo Financeiro.

domingo, 13 de janeiro de 2013

Padre Haroldo

Padre Haroldo partiu. Padre Haroldo ficou. Se não poderá mais ser visto poderemos continuar a ouvi-lo nas palavras e mensagens que nos legou em sua permanente luta em defesa da liberdade, da paz e dos pobres tudo em nome do evangelho de Cristo.

Um domingo, há anos, queria ir à missa e então escolhi a de 10,00 horas na igreja do Carmo embora  muito distante de minha casa. A surpresa ficou por conta do celebrante, o Padre Haroldo Coelho, a quem conhecia de nome e do proselitismo político. Terá sido a providência divina que marcou nosso  inusitado encontro ?

A partir desse dia passei a frequentar, quando em Fortaleza, referido templo no horário a que uma escolha aleatória me levara. Isso porque me agradava a forma como aquele sacerdote celebrava o ofício.  Seguramente fui atraido por seu carisma.

Na verdade concelebrava, como repetia sempre, convocando todos fièis a participarem do ato litúrgico. Pouco afeito à rigidez dos rituais se guiava mais pela intuição que remetia às origens do cristianismo que pelo formalismo das normas introduzidas pelo centralismo hierárquico no curso da longa história da igreja católica.

Dava a vida às palavras evitando o tom burocrático de textos oficiais, improvisando as vezes, com uma alegria espontanea que fazia contraponto à contundência de suas indignadas homilias. Os anos não banalizaram seu desempenho. Dava-me a impressão de emprestar a cada celebração a unção da primeira vez.

Foi assim, pela via religiosa, que nos aproximamos e viemos a constituir sólida e fraterna amizade. Se não foi a política que nos uniu também não nos separou. Divergências eleitorais nunca toldaram nosso relacionamento. O que havia de comum entre nós em matéria política era maior que desencontros circunstanciais. O que nos ligava, além do amor ao Ferroviário, era a paixão de Cristo, muito maior que a paixão dos homens.

De toda forma não deixava de causar admiração que optasse pela missa do Padre Haroldo cuja reiterada contundência vergastava os políticos em geral e de modo particular companheiros e partido a que eu então pertencia.

Não era caso de masoquismo político. É que nunca tomei as críticas como de caráter pessoal. Creio ter sido essa minha tolerância, expressão de um espírito democrático, que acabou nos fazendo amigos.

É certo que para meu conforto emocional dividia as críticas em três grupos :
1- as justas, cuja correção não dependia de mim
2- as justas, sobre as quais eu tinha como atuar
3- e aquelas com as quais eu não concordava

O mecanismo mental que então desenvolvi pavimentou o caminho de nossa amizade.

Ele tinha vocação para o protagonismo. Por isso se manifestava sempre sobre os temas mais variados, universais, a paz, a democracia, a justiça,ou meramente locais. Nunca sonegou a franqueza de suas opiniões, algumas polêmicas. Assim, acabou por se tornar um ícone da cidade, uma referência, alguém cujo pensamento era sempre útil conhecer.

Essa é a história de uma amizade que, se prometida, pareceria impossível. Nossa convivência sobreviveu airosamente ao poder e aos embates eleitorais.

Dividimos solidários momentos delicados, angústias e temores, fragilidades humanas, que provam a consistência das relações pessoais que empregamos, ele e eu, na busca do bem comum e da assistência aos necessitados que nos procuraram.

Sempre com a alegria do menino que sobreviveu no sacerdote feliz com os pequenos prazeres da vida, o contentamento estampado no rosto quando comemorava o dia dos seus anos.

Padre Haroldo certamente lá do céu lança sobre nós seu sorriso maroto e o olhar curioso na expectativa do que iremos fazer com o que nos transmitiu . Sua missão aqui na terra está concluida. A tarefa não. Agora é conosco, se queremos ser guardiões do seu ensinamento.