sábado, 26 de fevereiro de 2011

Rebeliões

Revoltas populares se alastram pelos países do Oriente Médio e Norte da África cuja repressão tem causado mortes e destruição.

Com intensidade variável esses movimentos já atingiram  Tunísia,  Egito, Bahrein, Líbia, Argélia, Marrocos e Jordânia. Nos dois primeiros os ditadores foram depostos, e na Líbia os revoltosos avançam em meio a sangrentos combates que marcam a resistencia de Kadafi.

O rastilho de pólvora parece ter sido aceso por uma combinação de grande deficit democrático, ausência de liberdade de expressão e miséria. Concessões de última hora feitas pelos déspotas não bastaram para deter o ímpeto de mudança.

Governos apoiados em fortes estruturas militares e policiais ruiram como um castelo de cartas diante da posição resoluta dos rebeldes.

Em alguns desses paises, Tunísia e Egito, por exemplo, a modernização e as melhorias econômicas implementadas não foram suficientes para assegurar a paz social na falta de democracia. Da mesma forma regimes democráticos carecem de legitimidade quando não conseguem responder às carências sociais do povo.

O desequilíbrio entre as duas variáveis, democracia e bem estar, é o caldo de cultura no qual medram as revoluções. Voto sem pão não basta. Pão sem voto não é suficiente. O desafio dos governos está em saciar as duas fomes para assegurar a estabilidade política e social.

Resta avaliar o papel da internet na arregimentação da população na eclosão dessas rebeliões. Aparentemente foi muito significativo, graças à instantaneidade e rápida difusão das mensagens.

Sua larga utilização pode explicar ainda um certo espontaneismo dos movimentos que aparentemente não se identificavam com um lideranças hegemônicas.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Lisboa

Estou sob o céu de Lisboa, de cujo azul diáfano se irradia uma luz branca, que ilumina sem arder, e que encantou entre outros o cineasta Wim Wenders. São as brilhantes manhãs de inverno, como não as há senão em Lisboa, disse Almeida Garrett ao contemplar o Tejo de sua janela. Confirmo a impressão do reputado escritor.

Mesmo com baixas temperaturas, quando não chove tenho caminhado pela cidade, ido aos museus, percorrido a zona comercial, visitado monumentos, subido e descido ladeiras, algumas íngremes, esmiuçando prateleiras de livrarias e alfarrabistas, assistido a filmes e espetáculos.

Tomo o pulso à cidade, sou um flaneur, a apreciar sem compromisso a paisagem urbana feita de pessoas e prédios. Caminho bastante, para vencer maiores distâncias desloco-me em transportes públicos, autocarros, metro e comboio, que é como se chama o trem por aqui.

Integrado ao ambiente enfrento longas filas disciplinadas pela emissão de senhas individuais; prescindo dos fatos sociais, ando vestido esportivamente; encontro alguns amigos locais e já fui surpreendido no Rossio pelo grito cearense que invocava meu nome; levo o lixo aos pontos de reciclagem; compro o pão e outras mercadorias em padarias e supermercados.

Enfim, vivo como um homem comum. Aliás, comuníssimo! E digo, a experiência tem lá seus encantos.

Vou até utilizar o SNS (Serviço Nacional de Saúde), o equivalente do nosso SUS, para renovar receita de medicamentos de uso contínuo de meu consumo. Fui avisado por telefone que a consulta antes marcada para ontem, 23, fora adiada para o dia  7 devido à ausência da médica, Dra. M. Conceição. Agora irá me atender a Dra. Aldina. Esperemos.

Recomeço

Das margens do Tejo, onde me encontro em gozo de licença sabática auto-concedida, retomo o blog. Pretendo daqui comentar os acontecimentos mundiais, falar de livros, cultura, pouca política, e a minha experiência de vida como um cidadão comum, desconhecido, livre para agir e me movimentar sem preocupação com a opinião alheia.