segunda-feira, 18 de abril de 2011

Ramos

Ontem fui à missa no Mosteiro dos Jerônimos uma bela e solene celebração do Domingo de Ramos abrindo a semana da Páscoa.

O templo, exemplar do estilo Manuelino, impressiona pela sua monumentalidade e o detalhe das formas esculpidas na pedra.
Foi o período áureo de Portugal, reinado de D. Manuel I, o Venturoso, marcado pelas grandes navegações e descobertas que alargaram o mundo e descortinaram novas fronteiras abertas pela intrepidez do homem.

Lobato e Twain

A onda exagerada do politicamente correto vai fazendo postumamente vítimas célebres por toda parte.

No Brasil a mais recente foi Monteiro Lobato, cujos livros para crianças foram proibidos pelo Conselho Nacional de Educação para adoção nas escolas públicas acusados de racismo e discriminação contra os negros.

A alternativa proposta à medida tão radical foi a supressão de certos textos das obras.

Nos Estados Unidos tocou a vez a Mark Twain. A edição "correta" diminuída de Huckleberry Finn, de responsabilidade de Alan Gribben da Universidade de Auburn, Alabama, substituiu a palavra nigger por slave e injun por indian.

Em 2009 John Foley anunciava que a vitória de Obama abria caminho para finalmente banir Huckleberry Finn, Por Favor não Matem a Cotovia, de Harper Lee e Ratos e Homens, de John Steinbeck do mundo editorial.

Creio que esses brigadistas do politicamente correto exageram em sua condenação ao racismo ao quererem impor alterações em textos consagrados pelo tempo escritos quando não vigia o pensamento liberal que hoje rejeita todas formas de discriminação.

Saiba mais em Notícias Magazine, do jornal Diário de Notícias, edição de 23/01/11

domingo, 17 de abril de 2011

A frase do dia

A propósito do debate sobre a dívida:

As democracias precisam tanto de uma liderança corajosa como de um eleitorado que compreenda o custo de adiar as decisões dificeis.

Raghuran Rajan, economista indiano ex funcionário do FMI.

Mau humor

"Segundo um inquérito em que perguntaram às mulheres italianas se gostariam de fazer sexo comigo, 30% responderam Sim enquanto os outros 70% responderam, Outra vez?"

Silvio Berlusconi, Primeiro-Ministro da Itália

Acordo ortográfico III

A seguir dois exemplos da maneira lusitana de se expressar que demonstram de forma clara a diferença no modo de falar em Portugal e no Brasil.

Merkel sofre derrota histórica, Verdes sobem à boleia do nuclear. No jornal Diário de Notícias, edição de 28/03/2011. Nós jamais diríamos assim que os Verdes cresceram nas eleições alemãs pegando carona no desastre nuclear ocorrido no Japão.

Vá à bola de transporte público. Cartaz afixado no Metro. Não seria com esta frase que faríamos uma campanha para estimular os torcedores a usarem o transporte coletivo para irem aos estádios.

Acordo ortográfico II

O acordo ortográfico celebrado entre Brasil e Portugal e já em vigor despertou reações portuguesas partidas de alguns intelectuais, jornalistas e do setor editorial, com razoável repercussão na imprensa.

Ainda hoje são publicados artigos nos jornais que ignoram as novas regras a pedido dos autores.

A reação dos editores tem um fundo econômico : o receio de perderem mercado nos países lusófonos e o custo de adaptação às mudanças nas novas tiragens.

As resistências são ainda alimentadas por um certo orgulho nacional que teme pelo avanço brasileiro ao que consideram um patrimônio do país.

Considero as reações ao acordo sem muito sentido. As vantagens da padronização são evidentes. De resto ele trata de questões menores, acentos, hífen, a supressão do trema e das consoantes mudas entre outras questões.

O coração da língua, a prosódia e a semântica, isto é, a pronúncia e o significado das palavras, não mudam.
Não são os professores doutores e os filólogos que fazem a língua, mas o povo.

Essa só se altera pelo uso cotidiano. A incorporação e o descarte de novas palavras ocorrem devido à evolução da sociedade e o contágio de culturas e línguas diferentes.

O acordo não muda a forma de darmos nomes às coisas.

Os brasileiros continuarão a dizer: fila, terno, banheiro, descarga, onibus, arquivo, avental.

E os portugueses permanecerão a falar: bicha, fato, casa de banho, autoclismo, autocarro, ficheiro, bibe.