domingo, 17 de abril de 2011

Acordo ortográfico II

O acordo ortográfico celebrado entre Brasil e Portugal e já em vigor despertou reações portuguesas partidas de alguns intelectuais, jornalistas e do setor editorial, com razoável repercussão na imprensa.

Ainda hoje são publicados artigos nos jornais que ignoram as novas regras a pedido dos autores.

A reação dos editores tem um fundo econômico : o receio de perderem mercado nos países lusófonos e o custo de adaptação às mudanças nas novas tiragens.

As resistências são ainda alimentadas por um certo orgulho nacional que teme pelo avanço brasileiro ao que consideram um patrimônio do país.

Considero as reações ao acordo sem muito sentido. As vantagens da padronização são evidentes. De resto ele trata de questões menores, acentos, hífen, a supressão do trema e das consoantes mudas entre outras questões.

O coração da língua, a prosódia e a semântica, isto é, a pronúncia e o significado das palavras, não mudam.
Não são os professores doutores e os filólogos que fazem a língua, mas o povo.

Essa só se altera pelo uso cotidiano. A incorporação e o descarte de novas palavras ocorrem devido à evolução da sociedade e o contágio de culturas e línguas diferentes.

O acordo não muda a forma de darmos nomes às coisas.

Os brasileiros continuarão a dizer: fila, terno, banheiro, descarga, onibus, arquivo, avental.

E os portugueses permanecerão a falar: bicha, fato, casa de banho, autoclismo, autocarro, ficheiro, bibe.

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