quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Avós

A imprensa noticia que Estela Carlotto, presidente da associação das Avós da Plaza de Mayo, em Buenos Aires, encontrou depois de 37 anos seu neto desaparecido durante a ditadura militar argentina.

Descendia de uma filha sua assassinada pelos militares.

Quando estive na Argentina integrando um grupo de deputados federais brasileiros com o propósito de avaliar a situação política e visitar presos políticos naquele país e no Uruguai constou da programação um encontro com mães e avós da Plaza de Mayo em um café da capital portenha.

Na ocasião fiquei impressionado com o comportamento dessas senhoras que, reunidas periodicamente na praça em frente ao palácio do governo, cobravam o destino de filhos e netos desaparecidos no período em que os militares governavam o país.

Impressionou-me na ocasião a forma como exigiam obstinadamente informação sobre o paradeiro de filhos e netos na esperança de que ainda estivessem vivos. Ou pelo menos aparentavam assim pensar até que tivessem certeza do que lhes acontecera.

De certa forma fiquei intimamente chocado com aquele comportamento autista, que parecia ignorar a dura realidade imposta por uma ditadura cruel, impulsionado por uma esperança que bebia na fonte do amor.

A notícia do reencontro de avó e neto me fez recordar aquela viagem e reconhecer que a determinação daquelas senhoras, que à época me pareceu um tanto absurda, representa a vitória da persistência corajosa.

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