quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Janela

Janela Indiscreta, o notável filme de Alfred Hitchcok, é baseado em um conto de Cornell Woolrich, cuja trama consiste na história de um homem imobilizado, que bisbilhota de sua janela a vida alheia.

É uma história de suspense, baseada no ponto de vista do personagem, James Stewart, que, ao contemplar seus vizinhos, suspeita que um crime acabe de ser cometido sob seus olhos.

Numa época em que Hitchcock fazia sucesso, era famoso, ganhava dinheiro mas não era levado a sério pela crítica, os franceses Chabrol, Rohmer e Truffaut, jovens críticos do Cahier du Cinema, entronizaram-no no panteão dos grandes cineastas.

A entrevista que Truffaut fez com Hitchcock esclarece muito sobre os filmes realizados pelo diretor americano. Transformada em livro, é considerado, por alguns, como um dos mais belos já escritos sobre cinema.

Grace Kelly substitui na tela o enfermeiro do livro, no filme que consiste em três momentos distintos: O homem imóvel que olha para fora; o que ele vê; a reação dele. O filme retrata o que Stewart vê e como ele reage ao que vê. É a pulsão do olhar que impele o voyeur a lançar a vista em derredor.

Para saber mais sobre o filme e o conto que lhe deu origem, recomendo:

Jornal O Estado de S. Paulo, edição de 27/09/08.

Janela Indiscreta e Outras Histórias - Cornell Woolrich. Companhia das Letras.

Hitchcock/Truffaut - Companhia das Letras. 2004.

Um comentário:

Célio Ferreira Facó disse...

Inefável o prazer de um bom filme. Um cineasta é um contador de histórias e dispõe, para tanto, de múltiplos recursos, artes: literatura, teatro, fotografia, pintura. Inegável também, em cada um, o subjetivismo particularíssimo, sua visão do mundo, que acrescenta à própria obra. Neste Hitchcock, que beirou a perfeição, ressalta quase em cada filme a preocupação por sondar, penetrar, radiografar, expor a alma humana nos apelos mais egocêntricos. Não raro sob o impacto do medo, da solidão, do imprevisto. Quem não viu em Psicose o complexo de Édipo explorado até o extremo? Em Os Pássaros é a fragilidade humana ante a adversidade onipresente do mundo objetivo. Outro prazer infinito proporciona-nos o próprio desempenho de um grande ator. Este, por caminhos próprios, logra compreender totalmente a personagem que deve reproduzir exatamente como sabe que a quer o diretor. Al Pacino, Jack Nicholson, Morgan Freeman, Anthony Hopkins pensamos que poderiam tudo exprimir com o corpo, o rosto, um olhar.