terça-feira, 30 de setembro de 2008

Crise II


A crise do sistema financeiro americano e seus desdobramentos no resto do mundo parecem não ter fim.

A rejeição do plano de resgate das instituições em risco, proposto pelo Governo americano, foi rejeitado, quando, sua aprovação, acertada com os dois candidatos à Presidência dos Estados Unidos e os líderes dos partidos Democrata e Republicano, parecia assegurada, levou à derrubada das bolsas, prolongando a incerteza reinante no mundo financeiro internacional.

No Brasil, a Bovespa, em queda pela primeira vez desde 1999, suspende o pregão. A Inglaterra estatiza bancos, a Bélgica, Holanda e Luxemburgo unem-se para salvar o Fortis, com o apoio de bilhões de euros.

A quebradeira em marcha assusta os especialistas, que ainda não enxergaram a luz no fim do túnel, a não ser a da locomotiva em sentido contrário, representada pelas falências em série. Limitam-se a fazer previsões sobre as mudanças, que deverão ocorrer no sistema financeiro mundial, a partir da catastrófe que estamos vivendo.

Eis algumas opiniões que recolhi na imprensa:

- O mundo financeiro dos últimos 25 a 30 anos morreu. Otávio Canuto, representante do Brasil no BID.

- A idéia de que é muito dificil regular o sistema financeiro, e que ele tem capacidade de se autocorrigir, se revelou equivocada. Aloisio Araújo, da FGV-Rio.

- O consumo nos EUA precisa cair uns 5% a 6% do PIB, é um novo modelo. Charles Morris, ex-banqueiro.

Saiba mais n'O Estado de S. Paulo, edição de 28/09/08.

2 comentários:

Célio Ferreira Facó disse...

Singular esta crise nos EUA. Pelo que pode desfazer, acusar do próprio capitalismo enquanto modo de produção e distribuição de riqueza. Expõe-no pelas suas contradições, ineficácias, erros. Expõe-lhe as vísceras fragílimas, Camaleônico, sem ser infalível, transformou-se desde o começo, encerrando a Idade Média: capitalismo comercial, capitalismo industrial, capitalismo financeiro. Pretende-se autônomo e avançou, desde sempre contra as trincheiras do Estado e da administração pública, levado pela ideologia da “mão invisível”, reguladora dos mercados. Vai agora ao chão e precisa urgente, para que se não instale o caos, do socorro do Estado, dos recursos do Estado, quer dizer, da sociedade. Esta não lhe aparece senão, na ideologia, como fornecedora de recursos. Eis aí vemos que é tudo uma afetação – do sistema e dos seus máximos representantes: muitos dos papéis agora podres nos EUA detinham avaliação AAA, superlativa.

Célio Ferreira Facó disse...

Esta crise, negra, preocupante se demora, mereceu hoje de O Povo uma capa apenas espetaculosa, sem a gravidade cabível. Letras garrafais, má diagramação. De concepção infeliz, mal formulada, predominantemente escarlate, com desequilíbrio da imagem ampliadíssima, exagerada, carente de textos. Não raro são assim as capas deste jornal local. Quem quiser isto avaliar, sentir, pode, p. ex., comparar a do Diário do Nordeste, de hoje, sobre o mesmo tema: há ali muito mais textos, manchete e ilustração muito mais sóbrias, como convém à grande bancarrota das Bolsas mundo afora.