A metáfora é a guardiã da liberdade.
Adélia Prado
sexta-feira, 4 de abril de 2008
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2 comentários:
TUDO É METÁFORA. Tal foi o primeiro estilo de todas as literaturas; só muito mais tarde passou-se à prosa. Presente em todas as línguas e mesmo recurso essencial da linguagem enquanto faculdade de comunicação, parece multiplicar-se, voar nos versos. Há uma imaginação infinita na poesia. O mar pode compor a metáfora das tarefas restantes, iminentes, que cumprir. O sol, da vida; a noite, do medo. Depois Da Chuva, belo filme de Akira Kurosawa, contém na cheia inicial do rio, sob grande chuva, a metáfora da vida plena de entusiasmo e disciplina, elevação pela nobreza. Foi tal fenômeno que permitiu a Jorge Luís Borges envidar esforços por construir a poesia de uma palavra só. Compôs um conto em que o protagonista, poeta, deve declamar ao rei, numa disputa, a poesia definitiva, de palavra única, a qual, enfim pronunciada ao ouvido do grande imperador, dê-lhe a compreender todo o mundo, o domínio de todas as falas, toda sabedoria, loucura. E, contudo, quem há de achar a explicação definitiva à palavra, frase, cujo significado se empresta a outros termos, idéias, segundo os contextos? Sem o instrumento da metáfora não se saía da identidade reflexiva de vocábulos iguais apenas a si mesmos: flor é flor; Cleópatra é Cleópatra. A metáfora ultrapassa as limitações de termos e emula, imita a vida, para dizer, compor com eles novidades, realidades: “Foi Cleópatra a mais eminente flor do Egito Antigo”.
A metáfora somente é perceptível aos sábios, pois os tolos não a enxergam.
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