O Governo inglês, através de seu Embaixador em Brasília, Peter Collecott, entregou correspondência dirigida aos ministros Celso Amorim, das Relações Exteriores, e Tarso Genro, da Justiça, instando o Brasil a adotar uma série de medidas de controle da emigração para a Inglaterra, sob pena de restaurarem a exigência de visto para brasileiros que viajem para aquele País.
As medidas, inaceitáveis, propõem, entre outras coisas, a presença de um representante daquele País em nossos aeroportos, para triagem de passageiros com destino à Inglaterra.
Caso nosso Governo se recuse a cumprir as exigências feitas, o passo seguinte será a imposição do visto para brasileiros, o que resultaria, dentro do princípio da reciprocidade, em medida idêntica de nossa parte.
A atitude dos ingleses não difere, no geral, dos demais países europeus, cujas legislações são cada vez menos tolerantes com a imigração ilegal. Cerca de 600.000 imigrantes ilegais, por ano, desembarcam na Europa.
A globalização apagou fronteiras nacionais, a amenização ideológica derrubou um muro e ergueu uma cortina, a Guerra Fria terminou, mas a economia e a xenofobia se encarregaram de levantar barreiras invisíveis, mas eficazes, entre os povos.
Os mesmos homens que inventaram os transportes modernos, que encurtam distâncias, se encarregaram de aumentá-las, por meio da política e do preconceito.
Pelo gosto de muitos, a globalização deve se resumir à liberdade comercial e de fluxos financeiros. Gente, só complica.
Saiba mais n'O Estado de S. Paulo, edição de 16/08/08.
sábado, 16 de agosto de 2008
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2 comentários:
Cada vez mais xenófobas vão ficando agora Inglaterra, França, Espanha. Movidas já pelo medo desencadeado pelos ataques terroristas, já pela grave questão do emprego para os seus patrícios. E, entretanto, a imigração é, será a solução para as velhas nações da Europa, cujas populações não raro diminuem agora por causa dos programas de controle de natalidade. Para os países da periferia a emigração é, por seu lado, também uma oportunidade muito especial de ver uma parcela de seus filhos com renda e educação e emprego garantidos.
Perdôem-me o blogueiro e o comentarista, mas às vezes me canso de ver países sub-desenvolvidos como podem ser o Brasil e o México exportando seus problemas para outros países e depois chamando-os de xenófobos e posando de vítimas.
Há de se perguntar porque tanta gente quer deixar o Brasil, e não se criticar países como a Inglaterra que não quer descascar o nosso abacaxi.
Moro no fora do brasil há quase três anos e o que vejo é que a nossa reputação fora das fronteiras é péssima. Os bons brasileiros infelizmente pagam pelos maus.
A reciprocidade é outra batatada ufanista onde os que mais perdemos somos os próprios nacionais. Países como o Chile e o México foram bem mais inteligentes e trataram de aprender.
Aqui no México, a despeito de os EUA exigirem visto dos mexicanos, não se exige visto dos americanos. A coisa é profundamente simples: quem perde mais, os EUA por serem menos visitados pelos mexicanos ou o México por menos visitados pelos norte-americanos?
No Chile o visto para Mexicanos, Norte-Americanos e Canadenses (três países que exigem vistos dos chilenos) é outorgado no momento do desembarque, mediante o pagamento de uma taxa (equivalente ao custo da emissão do visto destes países) chamada "taxa de reciprocidade".
Se o Brasil fosse mais pragmático e menos ingênuo, estaria fazendo o mesmo.
No caso particular da Inglaterra, quem já teve a oportunidade de viajar para a Inglaterra a partir da França via Eurotúnel sabe que o trâmite migratório é feito a partir do lado francês. Eu pessoalmente não vejo nada de absurdo. Pior é se sujeitar à perda de tempo de se tirar um visto inglês, ou como está hoje, se sujeitar a ser deportado na chegada. Melhor nem sair de casa. Na verdade, o que estes oficias migratórios da Inglaterra fariam era a outroga do visto no ato do embarque, em lugar de gerar as longas filas dos consulados americanos.
O que realmente precisamos é de mais objetividade e mais pragmatismo, e obviamente menos ufanismo e boçalidade.
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