Como Deputado Constituinte que fui, acompanhei a mobilização da juventude, para que a nova Constituição incluísse dispositivo que permitisse o direito de voto a partir de dezesseis anos.
Lembro do entusiasmo com que o Deputado Hermes Zanetti, do Rio Grande do Sul, lutava em defesa desta proposta.
A idéia foi acolhida em caráter facultativo. Os números mostram o desinteresse dos jovens pela idéia. Muitos têm renunciado ao exercício do direito que conquistaram.
No Rio de Janeiro, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) contabiliza, apenas, 27,4 mil jovens na faixa etária entre 16 e 17 anos com título de eleitor, contra 42,9 mil em 2004.
No País, eles eram 3,6 milhões em 2004. Agora somam apenas 2,9 milhões, uma redução de 19%. Enquanto isso, no mesmo período, o eleitorado geral aumentou de 121 milhões para 130,6 milhões.
A política parece ter saído da agenda da juventude.
O movimento estudantil perdeu importância, desabastecido de motivações ideológicas, que sucumbiram junto com o naufrágio do socialismo real e o desabamento do muro de Berlim. Junto, afundaram os compromissos éticos apregoados às massas. As limitações do mundo real frearam os sonhos dos slogans, quando partidos de esquerda chegaram ao poder.
Tudo e todos, aos olhos dos jovens, terão ficado muito iguais e indistintos.
Já não há porque lutar, a não ser pela sobrevivência, num mundo ameaçado pela competição exacerbada e o egoísmo transformado em apetrecho moral indispensável à vitória. Há uma sensação, nefasta, de desnecessidade da política.
Saiba mais n'O Estado de S. Paulo, edição de 11/08/08.
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Dr. Lúcio, sabemos todos que participação política é resultao de longo aprendizado. Os jovens estão decepcionados com os seus "professores" de Política. Aliás, quem não está nesta macunaímica Terra de Santa Cruz?
Por outro lado, também somos sabedores de que determinadas bandeiras (aborto, quilombolas,alguns movimentos indigenistas) são meros instrumentos artificiais de campanha encetada por grupos (ou guetos) de natureza eminentemente ideológica. Não representam, de fato, preocupações da sociedade. Na verdade, antes de atividade política, que considero importantíssima, o jovem brasileiro consciente e informado está preocupado com sua sobrevivência financeira. Sua meta principal é o primeiro emprego. O resto é conversa fiada. O paradoxal nisto tudo é que é exatamente o conteúdo "político" que determina a qualidade dos que chegam ao poder e vão proporcionar políticas que gerem emprego etc e tal.
Barros Alves
Masque text pobre. Só podia ter sido coisa de jormal para as "massas"...
Eu me considero bem politizado e por isso mesmo, me recusei a votar até ser OBRIGADO. Não me senti motivado nem sentia que a política fazia parte de meu universo para dar meu voto em 1998, quando tinha 17 anos.
Votar deveria ser algo comum na sociedade, em vários momentos da vida de cada um, não somente na eleição de líderes do Governo da sociedade. A eleição deveria começar na sala de aula, com líderes de turma, mas isso era subversivo de mais até 1985. Depois disso, esqueceram desse detalhe. Se não somos mais ditadura, então o povo vai ter de engolir a democracia obrigatoriamente pelo voto. Se não votar, adeus vida econômica, porque não teras direito a uma conta em banco, se tiver dinheiro suficiente para isso.
Democracia é concenso, e para isso as pessoas tem que se sentir livres e a obrigatoriedade do voto me parece uma violação da liberdade. Argumente e me convença ao inves de me obrigar por meio de restrições a uma vida confortável.
Hoje posso olhar com lupa a vida do que se pretende a representar a mim e a outros. Agora voto e faço campanha a favor do que acredito e contra o que percebo ser fraco em idéias e ideais. Mais do que isso, tento convencer e argumentar com os eleitos que minhas idéias e ideais são melhores, mais construtivos e mais justos.
Não votar siginifica não acreditar. Gandhi já fez algo semelhante. Porque o jovem que não vota tem que ser tachado de descomprometido com as causas sociais? Então a maioria dos com mais de 40 anos são céticos e portanto devem agir pensando em si? Ceticismo, ou outros tipos de estrutura de pensamento, neste caso, são escudos para a manutenção do poder.
Lúcio, faça sua crítica. Participar é também criar vaga para que outros participem. Você é um político necessário e está fazendo melhor com este blog pessoal.
Seja um líder.
Faço então uma proposta. Busque dentro de seu partido um debate sobre isso para buscar estes eleitores. Crie um site do diretório cearense, marque com escolas e outros partidos, palestras em escolas fora da época de eleição e durante a eleição, vá lá com mais frequencia para, mais do que pedir votos, mostrar e argumentar as idéias do partido.
Cazuza já cantou uma verdade, todos querem uma ideologia pra viver, e essa juventude não ta acreditando que a maioria dos partidos do Brasil tenham alguma.
Fico grato por ter aceitado meu texto de comentário, mesmo não sendo um texto cortês. Peço até desculpas pelo pouco cuidado com a ortografia e sintaxe e pela forma transtornada de escrever. Diria que é a "síndrome da internet" que acaba empobrecendo a o pensamento mais longo e a escrita.
Boa sorte.
Postar um comentário