quarta-feira, 14 de maio de 2008

Marina


É mais que um nome de mulher. É uma guerreira terna e delicada, frágil. E, ao mesmo tempo, forte, como a natureza que busca proteger.

Tombou como uma árvore da floresta, que lhe serviu de berço, abatida pela serra elétrica, acionada por intrigas do poder e a inércia da burocracia.

Fomos colegas no Senado Federal. Fizemos amizade pavimentada por uma comunhão de ideais e mútuo respeito.

Tive-a ao meu lado, quando produzi o texto que se converteria na que viria a ser conhecida como a lei da natureza. Sendo doce e suave, era, no entanto, inflexível em suas convicções essenciais.

Como Governador do Ceará, visitei-a algumas vezes, em seu gabinete, para tratar de assuntos de interesse do Estado. Parecia um corpo estranho na engrenagem do poder.

Foi mais um ícone que uma Ministra do Governo. Creio que tenha se mantido tanto tempo no cargo por sua trajetória de vida e o reconhecimento universal. Caindo, ajuda mais que ficar esvaziada a vagar como um zumbi na selva de concreto, vidro e aço de Brasília.

Foi menos uma executiva de uma política ambiental e mais um símbolo poderoso da natureza e dos riscos que corre a vida na terra.

6 comentários:

Anônimo disse...

Início de quarta-feira bem inspirada, Dr. Lúcio! Parabéns pelo texto verdadeiro e tocante. Marina Silva é uma dessas pouco brasileiras decentes.
Ivana Maia

Anônimo disse...

Bonito, Dr. Lúcio, essa homenagem lírica a uma mulher aparentemente frágil mas de muita garra na defesa ambiental de nossa terra Brasil.

Anônimo disse...

Esse é o Lúcio Alcântara.

Célio Ferreira Facó disse...

Vai-se outra NOTÁVEL do governo de Lula, que se elegeu para fazer "mudanças" neste País. CONTRA a situação deplorabilíssima, debilitante da Assembléia Legislativa do Ceará escreve hoje Fábio Campos, em O Povo. Papel precípuo dos Parlamentos, em todo o mundo moderno, é o CONTROLE dos atos do Executivo. Está assim nas lições de Montesquieu, de John Locke, de Thomas Jefferson. Na Inglaterra, mais ou menos desde 1215. Na França, desde 1789. Imprescindível garantir a separação, INDEPENDÊNCIA dos poderes. No Ceará, terra atrasada, como se sabe, de compadrios, nepotismos e hábitos medievais, a Assembléia Legislativa mal e mal realiza esta sua função essencial. Ou realizam-na por ela apenas DOIS deputados: Heitor Férrer e Adahil Barreto. Estes, pois, NÃO são agora a oposição; SÃO o próprio LEGISLATIVO. Segundo Adahil Barreto nem sequer se reúne a Comissão de Fiscalização e Controle senão raramente. Depois da posse de seus membros, só seis vezes até hoje. Nesta anomalia, a bancada governista decide o destino de qualquer projeto de lei, requerimento, pedido, votação. Pode dar as costas às reivindicações da cidadania. Pode blindar o Executivo Estadual. Em que pesem os esforços de Domingos Filho e o trabalho vigoroso de Heitor e de Adahil. Compreensível então que o Governador, tendo de ir a Europa, mande fretar avião em que levar auxiliares e convidadazinhas à Europa: sabe que dispõe de um legislativozinho amistoso.

Anônimo disse...

Dr. Lúcio, que bonito texto!

Para corroborar o que diz, hoje o jornal britânico "The Independent" diz que a saída de Marina foi um "golpe para o futuro do planeta". Menos planetária e mais brasileira, classifico o Brasil em um grau de "colapso iminente" quanto à questão ambiental...

Anônimo disse...

Sem dúvida, é irrefutável que a Senadora Marina Silva possui grande valor pessoal. Afinal, não é qualquer pessoa que chega onde ela chegou saindo de onde saiu.

Mas também é verdade que ela dificultou muito o programa de infra-estrutura do país.

Já passara a hora de sair.