domingo, 5 de outubro de 2008

Criminalidade

Os homicídios em São Paulo caíram 72% ao longo de sete anos.

O mesmo ocorreu nos Estados Unidos, onde crimes, violentos e não violentos, declinaram de modo extraordinário, durante a década de 90. A queda ocorreu em todos os estados, embora tenha sido maior em Nova York, nas cidades grandes e nas menores, nas zonas urbanas e rurais.

As causas do recuo em São Paulo estão por ser melhor conhecidas. Nos Estados Unidos, estudos indicam alguns dados que explicam o fenômeno. Vejamos alguns deles:

- Mudanças na pirâmide demográfica. Redução do número de jovens na faixa de 15-24 anos, grupo que mais se envolve com o crime.

- Investimento na polícia. Durante o governo Clinton, houve transferência de recursos federais para os estados investirem em ampliação, treinamento, modernização da gestão das polícias e incentivo ao policiamento comunitário.

- Acentuado desenvolvimento ecônomico. No período Clinton, a economia americana cresceu e ocorreu redução no desemprego.

- Notável redução na "epidemia" do crack, constatada por várias pesquisas.

Há, ainda, quem alegue que a descriminalização do aborto e o aumento do número de encarcerados possa ter contribuído para a redução da criminalidade. O impacto destes dois fatores, na diminuição dos crimes, parece ter sido pequeno.

No caso de Nova York, ao que parece, outros fatores, que não a tolerância zero e o maior número de prisões, podem ter influído mais na diminuição da violência.

Um estudioso do assunto, Jeffrey Fagan, Professor da Escola de Direito da Universidade de Columbia, afirma que a criação de 250.000 novas habitações populares, durante os anos 90, tenha sido mais importante para o decréscimo da criminalidade que o encarceramento de milhares de novos presos no mesmo período.

O Professor menciona ainda em seus estudos o fato de Nova York ter convivido com três "epidemias" de consumo de drogas ilícitas. A de heroina, no início dos anos 70; a da cocaína, no fim dos anos 70; a do crack, nos anos 80. As taxas de homicídios provocadas por armas de fogo guardam relação com as curvas das "epidemias" de drogas.

O fato é que devem ser estimulados estudos que ajudem a melhor compreender as causas da violência, fenômeno de grande complexidade, conhecendo-se melhor o peso de cada uma na incidência da criminalidade. Interpretações simplistas, estimuladas pela ansiedade da população ou pela publicidade de governos, não contribuem de modo efetivo para o conhecimento aprofundado do problema.

Saiba mais lendo o artigo O crime caiu. Por quê?, de Julita Lemgruber. Está em O Globo, edição de 04/10/08.

2 comentários:

Anônimo disse...

A receita é simples: Mais bandidos na cadeia, menos crimes nas ruas.

A cidade de São Paulo teve 49,3 homicídios por 100 mil habitantes em 2001. Em 2006, este número baixou para 18,39, que significa uma redução de 62,7%. A lógica mais elementar permite-nos afirmar que quanto mais bandidos presos, menos crimes. Quanto mais eficiente é a polícia, menos assassinatos.

São Paulo, que já foi a cidade mais violenta do Brasil, tem menos da metade dos homicídios do Rio e um terço dos de Pernambuco. Será mera coincidência o fato de que São Paulo tem a maior população carcerária do Brasil? Ou isso não resulta de um excelente plano de segurança, que garante menos impunidade e mais eficiência na defesa da população?

Prender bandido dá resultado sim! Não basta pôr Hilux nas ruas para desfilar não.

Cris

Rafael Alencar disse...

Concordo com a Cris. Prender e manter preso os bandidos, sempre irá diminuir a criminalidade. É óbvio. Precisa de estudo e pesquisa para constatar isso? É só assistir o Barra Pesada ou Rota 22, a maioria das pessoas que vão presas e são "entrevistadas" já tem passagem pela polícia e/ou pior, estão em liberdade condicional. Passei 9 meses nos Estados Unidos, voltei não fazem dois meses, e lá a justiça e a polícia funcionam de verdade. A polícia está sempre prendendo crimonosos, e a justiça garantindo que eles continuem presos. Aqui é o contrário, quando a polícia prende, a justiça solta, as vezes a polícia não se dá ao trabalho nem de prender.