terça-feira, 7 de outubro de 2008

Fundamentalismo


O fundamentalismo religioso emergiu, no fim do século passado, como um movimento de grande repercussão na sociedade americana, com impacto político de dimensões consideráveis. Em uma sociedade profundamente religiosa, mais que a Europa Ocidental ou o Japão, temas ligados à fé costumam ganhar proporções que afetam a vida política do País.

Para se ter uma idéia do sentimento religioso nos Estados Unidos (EUA), uma pesquisa feita pelo Instituto Gallup, em 1979, revelou que 80% dos americanos acreditavam na origem divina de Jesus Cristo. Um em cada três americanos adultos confessou ter passado por uma experiência de conversão religiosa e quase a metade deles acredita na Bíblia como um livro infalível.

Agora mesmo, na atual campanha eleitoral, o debate político está impregnado de religião e etnia. Grupos cristãos conservadores pregam o criacionismo, defendem sua inclusão nos currículos das escolas e divulgam sua doutrina de forma aguerrida. Assumem um papel cada vez mais evangelizador.

Segundo Simpson, citado à página 38 do livro O Poder da Identidade - A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura, de Manuel Castells, o fundamentalismo cristão consiste em um conjunto de crenças e experiências cristãs que incluem:

-Fé na absoluta inspiração divina da Bíblia, bem como em sua infalibilidade.

-A salvação individual mediante a aceitação de Cristo como o Salvador (tendo ressuscitado), por conta de sua redenção dos pecados dos homens em sua morte e ressurreição.

-A expectativa do retorno do Cristo do paraíso à terra, antes do fim do milênio.

- O apoio às doutrinas cristãs dos protestantes ortodoxos, como nascimento virginal e a Santíssima Trindade.

Recomendo aos interessados em conhecer melhor o complexo funcionamento da sociedade nos dias de hoje, a leitura do livro de Castells, que aborda, de forma compreensível, as transformações fragmentárias e paradoxais da humanidade, sob o impacto das novas mídias e das redes formadas graças ao extraordinário desenvolvimento das comunicações.

Um comentário:

Célio Ferreira Facó disse...

A moral é já suficiente controle sobre nossos atos; permite-nos prescindir de Deus. A tradição judaico-cristã quis eleger um Deus soberano, juiz supremo de nossos atos, tão incompreensível quanto vingativo e capaz de paixões corporais.

De lembrar que o próprio Jesus nada estabeleceu de religião. Santo Agostinho, que era também notável filósofo, quer dizer, amigo da sabedoria, não acreditava em milagres, antes recusava-os claramente: “Não existem”, escreveu.

A filosofia da práxis, ao contrário, concede todo o poder, arbítrio possíveis ao humanismo; livra-se das velhas concepções fatalistas. Estas, como se sabe, querem situar FORA do homem todas as causas de suas alegrias, infortúnios. Agora deve-se abandonar tais quimeras como velhas lendas do passado. O humanismo não faz super-homens; pode, porém, fortalecê-los o suficiente; pode também colaborar efetivamente para o aperfeiçoamento das sociedades. Representa agora o caminho da salvação individual e coletiva. É a sabedoria que o próprio Deus nos teria ensinado, se nos fosse ensinar alguma.