sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
Bom senso
O bom senso, na madrugada em que o Senado acabou com a CPMF, se manifestou pela voz solitária do Senador Pedro Simon. Ele propôs que, face à carta enviada aos senadores pelo Presidente Lula dispondo-se a vincular o total do tributo aos gastos com a saúde, a sessão fosse suspensa para exame da proposta. A receptividade à sua idéia foi nenhuma.
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6 comentários:
Quando da seção de votação da CPMF, no Senado, ouviu a ambigüidade, debilidade de Lula a mais terrível CATILINÁRIA de Pedro Simon, que falava do alto da tribuna do Senado, com a convicção dos grandes espíritos. O Senador cobrou-lhe explicações sobre o veto do Palácio do Planalto à sua candidatura a presidência da Casa, agora tão vilipendiada pela maioria de seus membros e pelas intromissões do Executivo Federal. Sobre a acusação de ser imprevisível, replicou com a leniência, omissão de Lula em afastar e punir os envolvidos em irregularidades em seu governo pelo menos até que as próprias circunstâncias os tornassem insustentáveis. Relembrou o passado de lutas permanentes, ao lado do ex-líder sindical, desde a ditadura militar até as últimas campanhas presidenciais: “Sempre fui da sua amizade, gozei da sua confiança". Coerente, confirmou sua permanência no próprio partido: “Sarney passa, nós ficamos”. Sobre os conciliábulos inomináveis para convencer, seduzir a oposição neste imbróglio da CPMF, disse a verdade: “O Senhor interveio de maneira grosseira... vulgar". E, contudo, conservando o bom senso, “vox clamans in deserto”, pôde ainda Pedro Simon propor que se adiasse a votação pelo menos até a manhã seguinte, até que examinassem a tal carta-desastre em que o Presidente, desesperadamente, tenta em vão cooptar o resto da oposição.
Já se viu que o Presidente é mal assessorado e, de vez em quando, trata ele mesmo de piorar as coisas. Nada muito mal, porém: o Governo PODE, sim, prescindir dessa contribuição se administrar o País com mais seriedade. Não tem sentido, por exemplo, priorizar o pagamento de dívidas públicas – internas ou externas – em detrimento das despesas de infra-estrutura, onde se inserem os gastos com a Saúde. RANCOR e leviandade não foram, porém, os únicos fatores da reprovação da CPMF no Senado. Muito contribuiu para tanto a própria ARROGÂNCIA do Palácio do Planalto, que sempre trata o Congresso Nacional como um balcão onde encomendar, comprar serviços pela sua base aliada. Dessa vez, porém, exagerou na dose, não pôde prever a ação subterrânea de FHC, que fortaleceu Artur Virgílio, o qual liderou a retaliação vencedora do PSDB. Depois, na última hora, o próprio Lula, para tudo ou nada, foi humilhar-se com uma carta-promessa de tudo aplicar daquela arrecadação na Saúde pública até 2010.
Bom senso e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. Quem gosta de caldo de galinha?!
Barros Alves
Bom senso, entre nós, haja também no caso da TV Ceará. A transferir-se agora para o âmbito da Casa Civil, como o quer o Executivo Estadual, mal DISSIMULA-SE a HIPOCRISIA, real intenção deste projeto. Assistimos há pouco, no famigerado programa das privatizações, ao desperdício de largos patrimônios da sociedade representados em suas empresas, como as havia em muitas áreas econômicas. Muitas delas exemplos de lucratividade e empreendedorismo. Sem falar no compromisso com o bem-estar social. Agora quase tudo alienado: telefonia, bancos, eletricidade, infra-estrutura, mineração etc. etc. O pretexto: manter tais empresas é dispendioso para o Estado; retira o foco de atuação dos governos; já não existem no resto do mundo! E sabemos que muitos daqueles processos não suportariam a avaliação de simples auditoria. Qual não é agora a surpresa, vêm os governos federal e o do Estado do Ceará acenar com a necessidade mais urgente de uma empresa PÚBLICA para a área de televisão. Estes senhores não podiam fingir assim tanta esquizofrenia! Ou achar que parte da sociedade não lhes conhece a intenção de compor assim novas oligarquias, dinastias no Poder.
Pedro Simon é ave rara. Lastimavelmente !
Governador,
A CPMF merecia morrer de fato. Mereceu ser extinta.
Cada um tem sua opinião e respeitamos. Me parece que a vossa seria a favor por alguns fatores já expostos.
Mas a sua aplicação gerou vícios, desvirtuando a finalidade para a qual foi criada provisoriamente.
Os Tucanos, DEM e outros aproveitaram a oportunidade demagógica primitiva do presidente e de seus cooptados e gradativamente foram organizando-se até chegarem à certeza que essa seria a hora. Tabalharam bem desta vez.
No apagar das luzes, aquela do Presidente dizer que todo o arrecadado seria para a saúde já não colava mais.
Quanto ao senador Pedro, respeitamos também seu ponto de vista, mas desta vez ponderamos que estava sem uma definição clara e objetiva sobre como votar. Procurou ainda protelar para que ele mesmo chegasse a uma conclusão. Mas já estava tudo resolvido.
Para a política foi um marco importante. Para o Presidente foi uma lição. Mas será que ele aprende?
José de Freitas
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