segunda-feira, 5 de março de 2007

A seca e as jóias da coroa

Tratada geralmente com excessos sentimentais, parcialidade política e pouca fundamentação científica, a questão das secas periódicas continua a desafiar o Nordeste. Relatos históricos garantem que D. Pedro II jurou vender até a última jóia da coroa para que nenhum cearense morresse de fome. Com isso, provou apenas que os flagelos não se resolvem com belas frases.
Durante muitos anos, a açudagem foi considerada a nossa única saída para os humores do clima. Com o tempo, porém, a construção de barragens e grandes reservatórios, por si só, mostrou-se incapaz de promover melhorias na agricultura e assegurar prosperidade para as regiões secas.
Hoje, afinal, sabemos que não basta acumular água. É preciso investir numa política conseqüente de gestão dos recursos hídricos, capaz de planificar medidas estruturantes, interligando bacias e conectando os esforços da União, estados e municípios. Há inúmeros projetos de transferência de água muito bem sucedidos na Rússia, nos Estados Unidos e em vários outros países.

Nesse ponto, apesar das gigantescas dificuldades, o Ceará tem muito o que dizer. Já avançamos bastante no sistema de integração das águas, desenvolvido de forma planejada há 15 anos, com a construção de açudes, canais, estações de tratamento, adutoras e poços profundos que se comunicam por todo o Estado.

Esse sistema leva a água das regiões úmidas para as zonas secas. Por causa disso, o Ceará possui hoje 2.600 quilômetros de rios perenizados.

Nesse ponto, é bom que se diga que a Política Estadual dos Recursos Hídricos adota os princípios básicos de descentralização, integração e participação comunitária, para garantir que a água seja usada de forma racional pela sociedade, representada nos Comitês de Bacias Hidrográficas.

No longo caminho rumo ao desenvolvimento sustentável, uma das mais importantes obras hídricas do País é a transposição das águas do velho Chico, e o Ceará está se preparando para a concretização desse projeto, com sua política de recursos hídricos e pontos de apoio, dentre os quais se destaca um grande canal que vai interligar vários municípios do interior.

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