segunda-feira, 5 de março de 2007

A Fisionomia de um Projeto

O “rio da integração nacional”, como é chamado o São Francisco, foi descoberto, praticamente junto com o Brasil, em 1502. Apesar dos maus tratos a que foi submetido ao longo da história, continua assemelhando-se a uma mão aberta e generosa, recebendo água de 168 afluentes e banhando os estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas; sendo que sua bacia hidrográfica também envolve parte de Goiás e Distrito Federal.

Mesmo durante a estação seca, é a represa de Sobradinho que garante a regularidade de vazão do São Francisco, alimentando cinco grandes companhias hidrelétricas, como a do São Francisco (Chesf). As águas do rio põem em funcionamento o sistema nervoso das hidrelétricas, alimentando-lhes os geradores e, depois disso, seguem para o mar.

O projeto de transposição prevê a captação de 26 metros cúbicos por segundo (m³/s), ou seja, 1,4% do volume de água que o rio despeja no mar. Essa água será preciosa para o abastecimento das bacias dos rios Jaguaribe, no Ceará; Apodi, no Rio Grande do Norte; Piranhas-Açu, na Paraíba e no Rio Grande do Norte; Paraíba, na Paraíba; e Moxotó e Brígida, em Pernambuco.

Dados do Ministério da Integração Nacional esclarecem que, hoje, 95% do volume médio liberado pela barragem de Sobradinho – 1.850 metros cúbicos por segundo – são despejados na foz e apenas 5% são consumidos no Vale. Nos anos chuvosos, a vazão de Sobradinho chega a ultrapassar 15 mil metros cúbicos por segundo, e todo esse excedente também vai para o mar, revelam estudos técnicos.

Não se quer, de maneira alguma, tomar medidas que agravem as condições de degradação do ecossistema, pois o rio já tem problemas em relação às suas nascentes e ao longo de suas margens. Ao contrário, o que almejamos é uma recuperação que pode significar nova vida para o São Francisco.

O Programa de Revitalização, cujas ações já se iniciaram, contempla justamente a melhoria da navegação no rio, o que trará avanços para o transporte de soja, algodão, milho e outros grãos, que transitam do oeste da Bahia para o porto de Juazeiro, também na Bahia, escoando-se a produção, por ferrovia, para os maiores portos do Nordeste.

Serão financiados projetos de reflorestamento das margens do rio, recuperação do leito, combate à erosão e ao assoreamento, além de obras de saneamento, tratamento de esgotos e projetos de desenvolvimento sustentável para atender às populações ribeirinhas.

Doze milhões de pessoas podem ter o abastecimento garantido com a captação de água do Velho Chico, dividindo-se o projeto em dois eixos: o canal leste, que atenderá Pernambuco e Paraíba, e o canal norte, responsável pelo abastecimento do Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco.

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