Há em Portugal uma prestigiosa editora denominada Cotovia. O catálogo de 2011 traz na contracapa um texto de Michelet sobre o pássaro que lhe dá o nome e que transcrevo a seguir.
Parece que a natureza tratou severamente a cotovia. A disposição de suas unhas não lhe permite empoleirar-se nas árvores. Faz o ninho quase rente à pobre lebre, tendo por único abrigo o rego da terra.
Que vida precária a sua quando no período do choco! Quantos cuidados, quantas inquietações! Apenas uma mão cheia de relva oculta ao cão, ao milhafre e ao falcão o doce tesouro desta mãe.
Duas coisas a sustentam e animam: a luz e o amor. Ama metade do ano. Mas, quando o amor lhe falta, fica-lhe a luz - e a luz reanima-a. O menor raio de luz basta para lhe restituir o canto.
Michelet, Os Pássaros
segunda-feira, 4 de julho de 2011
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