Itamar Franco, político mineiro que foi prefeito de Juiz de Fora, senador, vice-presidente e presidente da república, era uma personalidade singular.
Turrão, imprevisível, alçado a presidência em razão do impeachment de Collor, agia muitas vezes de forma intuitiva. Seu aparente anacronismo decorria do apego à tradição e valores morais permanentes.
Tinha virtudes, tão ausentes hoje, que desenharam seu perfil de um homem austero e íntegro. Nem com amigos muito próximos vacilou quando esteve em jogo o interesse público.
Seu interesse pelo cotidiano das pessoas se traduzia na preocupação que demonstrava com o preço dos remédios, do gás de cozinha, do porte dos correios entre outras questões que foram alvo de medidas de seu governo.
Ao ressuscitar o "fusca" visava mais que resgatar um símbolo da industrialização do Brasil. Pretendia com isso oferecer ao mercado um carro simples, acessivel ao consumidor mais modesto.
Era tido como homem de sorte. Tancredo Neves, seu conterraneo, nem por isto próximos, dizia que não se tratava de sorte, mas de destino.
Quando se montavam as chapas para a sucessão de Sarney ouvi no plenário da Câmara dos Deputados do senador Maurício Correia que Itamar, colega e mineiro como ele, que desistira na última hora de ir ao Rio de Janeiro para aceitar o lugar de vice de Brizola.
Seria depois o vice de Collor e em seguida ascenderia à presidência em meio a uma das maiores crises políticas da história brasileira. Sorte, ou destino?
Parece que o tempo não amenizou a amargura de considerar pouco reconhecido seu desempenho como presidente negando-lhe méritos de feitos que culminaram com o plano real e a eleição de seu sucessor, Fernado Henrique.
A um amigo, já no hospital, teria confidenciado ao telefone esperar que a morte lhe trouxesse o reconhecimento público de que se ressentia.
quarta-feira, 6 de julho de 2011
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