Oliveira Lima, diplomata brasileiro, está entre os escritores brasileiros que se debruçaram em estudos comparativos entre o Brasil e os Estados Unidos na busca de explicações para a assimetria de desenvolvimento dos dois grandes paises das américas.
Não fora o pioneirismo de Hipólito José da Costa que empreendeu, um século antes do diplomata pernambucano, viagem de observação a serviço do Conde de Linhares, pela costa leste dos Estados Unidos tendo produzido relatório com observações agrícolas, industriais e botânicas sobre aquele país, poderia ser considerado o fundador dessas comparações de que cuidaram mais tarde, entre outros, Monteiro Lobato e Viana Moog.
Com efeito, Oliveira Lima publicou, datado de Washington em 1899, o livro Nos Estados Unidos - Impressões Políticas e Sociais, que reúne escritos de 1896 a 1899 estampados originalmente na Revista Brasileira e no Jornal do Comércio.
Foi o início de estudos que se sucederam no tempo com o fim de analisar as razões da disparidade de desenvolvimento entre o Brasil e os Estados Unidos de que se ocupariam vários autores.
O Senado Federal vem de reeditar a mencionada obra com proveitosa introdução do diplomata Paulo Roberto de Almeida que prepara de modo conveniente o leitor para melhor aproveitar o texto que se segue.
Retirei do livro trecho que reproduzo por considerar útil à comparação feita com o Brasil quanto a nomeação discricionária pelo executivo de ocupantes de funções no governo por critério de natureza política.
Foi o Presidente Cleveland que segundo o autor "pôs mais da metade dos lugares que o chefe eleito da nação tinha ao seu dispor, na competitive list ou lista dos lugares dados por concurso e cujas nomeações não são de serviços partidários : foram assim subtraidos à ganância dos politiqueiros quase todos os empregos federais abaixo de chief clerk, e muitos nas alfândegas, recebedorias das receitas internas etc".
Até Cleveland, "o presidente contava para distribuição com nada menos de 125.000 cargos somando anualmente mais de U$ 60 milhões de dólares de vencimentos".
Como no Brasil a prática não mudou está aí uma das causas do nosso atraso. É o que permite, em nome da governabilidade, o acordo entre Cristo e Judas, como admitiu Lula, e a apropriação dos trinta dinheiros pelos donatários dos cargos.
Esse é o preço altíssimo a ser pago pela fragmentação partidária que dificulta a constituição das maiorias parlamentares indispensáveis à atuação dos governos
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Um comentário:
Fácil aos historiadores e sociólogos explicar as razões da inegável preponderância dos EUA sobre o Brasil, por exemplo.
Muito mais nova, é também aquela nação muito mais rica e desenvolvida.
Povoaram-na, desde o começo, imigrantes ingleses e franceses que ali chegavam com a família.
Os portugueses para aqui vinham sós, eram meros soldados ou mercenários,ou bucaneiros, ou aventureiros desocupados na Europa.
A ideologia protestante, que privilegia e encoraja o enriquecimento pelo trabalho e pelo dinheiro bem ganho estava na cabeça e no coração dos colonizadores da América do Norte.
Entre nós, jesuítas e outros setores da igreja Católica ainda viam com reservas o enriquecimento e a indústria humana.
Uma constituição democrática, até hoje vigente quase como foi escrita pelos fundadores da Federação norte-americana, distribuiu e confirmou direitos iguais para todos.
Aqui, nos trópicos, elas sucedem-se antes que possam ser aprendidas: a da monarquia, a da República, e, neste período, várias e várias, cada uma cheia de emendas.
A Segunda Guerra mundial consolidou a economia norte-americana, livre dos bombardeios e na condição de supridor das armas e dos alimentos necessários para que a Europa se destruísse a si mesma.
Do ponto de vista da mentalidade das elites dominantes, as dos EUA foram sempre comprometidas com povo norte-americano, o bem-estar na nação.
Entre nós, são elites burras, predadoras, mal-educadas, muito pouco identificadas com o povo, os recursos, a autonomia do Brasil.
Isto faz que qualquer governadorzinho, um deputadozinho qualquer presumam quase sempre que podem agir talvez fora da lei.
Nos interiores como nas capitais.
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