sábado, 26 de setembro de 2009

Leminski

Paulo Leminski, poeta, compositor, tradutor, professor de cursinho e publicitário, foi no dizer do jornalista Jotabê Medeiros, um erudito boêmio.

Filho de pai polonês e mãe negra, é autor de Catatau, o texto revolucionário que lembra o Finnegan's Wake de Joyce.

Junto com Dalton Trevisan, é o escritor paranaense mais conhecido, embora não exista nenhum centro ou instituição dedicada à sua memória, à guarda e conservação de sua obra. Tudo que há é um esforço da família para organizar e divulgar sua produção, conhecida e inédita. A tarefa aguarda financiamento.

A obra múltipla do autor, é o foco da mostra Ocupação Paulo Leminski: Vinte Anos em Outras Esferas, a ter lugar no Itaú Cultural, de 01/10 a 08/11.

Teve um fim melancólico, isolado até dos antigos amigos, alcoólatra, despediu-se do mundo aos 44 anos. Em um bilhete falou do desapego à vida: Nunca estive muito interessado em envelhecer, eu que sempre amei a juventude.

Nas caixas, guardadas por Áurea Leminski, filha do poeta, contendo cadernos, folhas soltas, fotografias, livros, recortes de jornal, é possível garimpar inéditos como os dois poemas reproduzidos abaixo.

feliz macaco do passeio público
nas tardes de domingo
os guris jogam pipocas
a mão dos homens
pinga esmolas
na pata dos mendigos


morrer
como uma barca
morrer
entre meus livros
lendo
como Petrarca
escrevendo
como Flaubert
afundar entre meus livros
como quem afunda numa mulher


Saiba mais no jornal O Estado de S. Paulo, edição de 25/09/09.

Nenhum comentário: