sexta-feira, 3 de abril de 2009

Visto, Lido, Ouvido III

Cinema

Tive oportunidade de assistir bons filmes em minha temporada lisboeta. Seguem-se alguns de que me recordo:

Amália
Produção portuguesa sobre a vida, paixões, sofrimento e desilusões de uma menina pobre que se tornou ícone de Portugal no mundo, a fadista Amália Rodrigues. Há menção a sua proximidade com Salazar e restrições internas que enfrentou, após a revolução de 25 de Abril.

O banqueiro morto era a promessa irrealizada de uma felicidade que nunca foi completa nem permanente.

Não falta a etapa brasileira e o amor tropical colhido na efervescência de Copacabana.

A Troca
Baseado em um episódio verídico, ocorrido nos Estados Unidos, na década de 30, salvo engano, retrata o sofrimento de uma mãe cujo filho desaparece, sendo-lhe impingido um outro, como se fora o seu.

É um relato cruel do poder policial e do poder médico que, associados, determinam a internação compulsória da mulher em um manicômio, para ocultar o erro cometido e o despreparo e corrupção da polícia.

Seu único "erro" era saber que a criança que lhe entregaram não era seu filho, e a persistência com que recusava a solução dada e continuava a buscá-lo.

É um filme que impressiona pela brutalidade do enredo e a pungência do drama. Tanto maior quando se sabe tratar-se de obra de ficção inspirada em um fato real. Imperdível.

Benjamin Button
Filmado a partir de um conto de F. Scott Fitzgerald, sobre um menino que nasce velho e rejuvenesce com o passar do tempo, até tornar-se um bebê.

Um drama interessante, com quadros de humor, frutos de situações incomuns, algumas constrangedoras, criadas em decorrência do inusitado fenômeno cronológico. A paixão que une por algum tempo o casal inviável, é de uma beleza atroz. Existe mesmo isso? Foi a expressão que me ocorreu para descrever o que vi e senti.

Valquíria
Outro filme realizado a partir de fato real, transcorrido durante a Segunda Guerra Mundial. Narra a conspiração de oficiais alemães, pertencentes à elite do exército germânico que, insatisfeitos com a forma como Hitler conduzia o país e a guerra, queriam destituí-lo.

A figura central é o Coronel Stauffenberger, um aristocrata, herói de guerra, que encarnou o papel mais arriscado na trama.

O atentado falhou, mas, embrulhado no pacote do nazismo, ainda não foi completamente digerido pelos alemães. Haja vista as objeções encontradas pela produção para fazer as filmagens na Alemanha.

Não faltam violência, pusilânimidade, altivez, traição e acasos que escreveram a história. Há uma sucessão de cenas tensas, que deixam o espectador em estado de permanente alerta.

Quem quer ser um bilionário
Um filme diferente, ao mesmo tempo trágico e alegre. Realização inglesa com ingredientes da Bollywood indiana.

O cenário da Índia, a um só tempo majestosa e miserável, admite uma história inverossímil, mas com um forte conteúdo humano, que lhe dá surpreendente substância.

Trata-se de uma produção barata, cuidada, exitosa, que expõe as mazelas e a pobreza de uma potência emergente, que despertou reações negativas dentro e fora da Índia, arrebatando uma coleção de óscares.

Críticos torceram o nariz ao que consideram uma fórmula fácil para alcançar sucesso e uma rejeição não revelada a um filme com um improvável final feliz. A infelicidade parece ser, para alguns críticos de cinema, um elemento indispensável à aprovação de uma película.

Teatro

Assisti a uma adaptação para o teatro da obra de Eça de Queiroz, Os Maias. O João da Ega roubou a cena. Lido e representado, está entre meus personagens prediletos.

Um clima singular cercou a apresentação da peça. É que ela se deu no Teatro Trindade, que é belíssimo, e eu ainda não conhecia, cenário de encontros de Maria Eduarda e Carlos da Maia, heróis do romance.

Nenhum comentário: