segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Na Biblioteca

Na Biblioteca

por Ina D. Coolbrith (1891)
Bibliotecária da Biblioteca Pública de Oakland


Quem diz que estas paredes são vazias,
Não consegue enxergar uma multidão de pessoas.
Essas pessoas são como nuvens de abelhas
Entre canteiros de trevos perfumados.

Elas não escutam o silenciar dos passos,
E mantêm vivas vozes pelo tempo.
Sua fala, em muitas línguas e códigos,
anula cada passagem obscura

Aqui, estão os amigos que nunca traem;
Companheirismo que nunca se cansa,
Aqui, vozes são resgatadas do silêncio
E cinzas mortas reascendem seus fogos.

A Morte pode tocar somente a carne,
O pensamento imortal, época a época,
sobrevive, e aqui, em vários tons,
Fala através de muitas páginas.

Aqui, a pesquisa da História aguarda a ação
De homens e nações para realizar-se;
Aqui, a Ciência de olhos límpidos progride e decifra
Os segredos do universo.

Aqui, terras e mares, de polo a polo,
São esparramados diante dos olhos do viajante;
Aqui, a Fé desdobra seu pergaminho místico.
Para satisfazer o espírito.

Aqui, Homero canta a heróica Tróia;
Aqui, Dante dedilha a harpa da dor;
Aqui, Shakespeare sussurra a tristeza, a alegria,
De todo o esforço da existência humana.

Sozinha e silenciosa? Por que, se a Biblioteca cresce
em forma e som? Os hóspedes do pensamento
São habitantes daqui; e pensamento é vida.
Sem isso, a terra e o homem nada seriam.

Na guerra e na conquista dos louros do ofício
Um grandioso clímax está garantido:
Os líderes do mundo são aqueles
Que fazem estes livros e sons.

Tradução: Simone de Souza Soares, aluna da Escola de Biblioteconomia da UNI-RIO
Recuperação e versão: Profª Ana Virgínia Pinheiro (UNI-RIO/EB)
Colaboração: Profª Ludmila Popow Mayrink da Costa (UNI-RIO/EB)
Fonte: Library Journal, v.16, n.12. p. 137, Dec. 1891.

3 comentários:

Anônimo disse...

Governador Lúcio, é um prazer está comentando em seu blog. Venho acompanhando durante algum tempo. O que acha do projeto de lei do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) em acabar com a meia entrada nos finais de semana? Abraços!

Célio Ferreira Facó disse...

Há uma imortalidade possível nos livros, na literatura, a varar séculos e séculos, indefinidamente. Para sempre haverá Shakespeare, e Homero, e Virgílio, e Dante, e Voltaire, e Goethe, e Camões, e Cervantes, e Sartre... Toda a plêiade inominável de autores, e línguas, e documentos. Eis a obra mais duradoura, mais complexa e feliz da humanidade: a arte da escrita.

Lúcio Alcântara disse...

Caro Rafael, obrigado pro sua presença como comentarista no blog. Sou contra o projeto do Senador Azeredo que limita a meia entra em espetáculos culturais. Lúcio