terça-feira, 2 de setembro de 2008

Agnóstico

Ultimamente, a imprensa tem divulgado o lançamento de livros escritos por cientistas que questionam a fé e a existência de Deus. São inimigos de Deus e das religiões. Esgrimem argumentos científicos para se opor à crença em Deus. São, sobretudo, os evolucionistas que têm se mostrado os mais aguerridos neste combate.

Do outro lado, há cientistas que acreditam ser possível conciliar fé e razão, ciência e religião. Um dos mais prestigiosos militantes dessa corrente é Francis S. Collins, Diretor do Projeto Genoma, autor do livro A Linguagem de Deus, da Editora Gente. Foi neste livro que encontrei a origem da palavra agnóstico, e a narração de como o cientista britânico Thomas Henry Huxley a cunhou, em 1869.

Com a palavra, Huxley : Quando atingi a maturidade intelectual e comecei a me perguntar se era ateísta, teísta ou panteísta; um materialista ou um idealista; um cristão ou uma pessoa com opiniões próprias, descobri que quanto mais aprendia e meditava, menos conseguia uma resposta pronta; até que enfim, cheguei a conclusão de que não criei nem ajudei a criar nenhuma dessas definições, a não ser a última. A única coisa em que a maioria dessas boas pessoas concordava era a única que me tornava diferente delas.

Estavam bastante certas de que ligar-se a uma determinada "gnose" resolveria mais ou menos o problema da existência; embora tivesse bastante certeza de que eu não havia resolvido, e tinha uma convicção muito sólida de que esse problema era insolúvel.

Assim, tomei cuidado, e inventei o que imaginava ser o título adequado de "agnóstico". Isso veio à minha mente como uma antítese sugestiva ao "gnóstico" da história da igreja, que aparentava saber muito justamente sobre coisas que eu desconhecia.

Um agnóstico, afirma Collins em seu livro, diria que o conhecimento sobre a existência de Deus simplesmente não pode ser alcançado.

No mesmo livro, há uma passagem que narra um encontro de Darwin com dois ateístas, aos quais teria perguntado por que se chamavam ateístas, e disse preferir o termo agnóstico, de Huxley. Um deles, respondeu-lhe que o agnóstico era um ateísta claramente respeitável, e o ateísta, apenas um agnóstico explicitamente agressivo.

4 comentários:

Célio Ferreira Facó disse...

Com efeito. Isto diz-nos a etimologia dos vocábulos. Não estar a negar a existência de Deus o agnóstico; apenas afasta-o do rol de ontologias possíveis de compreender. É como se se recusasse a debater o corpo de extraterrestres antes de encontrar algum. É muito mais ousado o ateu; este declara, agora cada vez mais com o estilo científico, que Deus não pode existir. Mas isto pode ser muito apressado. Como seja, ser ateu ou agnóstico não faz por isso homens imorais. José Saramago é agnóstico. E Kant, o filósofo, o foi também. A lista pode ser ampliada rapidamente.

Célio Ferreira Facó disse...

Quanto às religiões, já se observou há muito a sua utilidade prática de conter as massas. Ou o modo despudorado como os detentores de Poder político sempre as usaram para dominar mais facilmente. Em todos os lugares. Ao ponto de Voltaire assim resumir este seu papel: “Se Deus não existisse, precisaria ser inventado”.

Rafael Alencar disse...

Acho que Collins foi muito feliz ao dizer que: "...o conhecimento sobre a existencia de Deus simplesmente nao pode ser alcancado."
Da mesma maneira que Deus nao pode ser "provado" tambem nao pode ser negado... Mas alguns ateus nao aceitam a fe alheia, e ficam a bombardear a religiao, Igreja, etc...

David disse...

Eu considero que o maior problema da existência de uma divindade são seus poderes.

Na imaginação, o homem "pode" muita coisa e que levada a questão nas relações e utilizada pelos que querem ostentar seus desejos de afeto e posse nos outros pode distorcer o entendimento da realidade e fazer surgir potências imaginadas.

De forma prática, o homem, sozinho só pode fazer o que nós já medimos nos esportes. Fortius - Altius - Citius ou pela coletividade, através de ferramentas, estruturando as relações e a matéria.

Para dár uma resposta segura sobre existência de Deus, teriamos que vasculhar todas as qualidades do que existe e perscrutar tudo o que existe. Somente dessa forma poderiamos abarcar todas as possiblidades da Onipotência, tão presente em todos os deuses imaginados.

Jesus não escreveu nada e porque cada um de seus discipulos fez uma versão de sua história, podemos optar pela que melhor convem.

Porque a fé é tão próxima das paixões do homem, o ateu ou o agnóstico querem livrar-se de uma forma de conflito em que atualmente tem aumentado.

As mensagens dos messias não deveriam virar instituição. Todas elas tem contexto e como tal, cada uma abarca a vivência de quem se conforma em acreditar nesse perdão de seus conflitos existenciais.

Ainda sonho com um mundo multi cultural, mas com uma idéia unificada do destino das "almas" e da finalidade da "existência".