Por ocasião da última Feira Literária Internacional de Paraty (FLIP), o jornal O Globo resolveu indagar a alguns dos escritores presentes, qual era o livro não lido preferido de cada um.
Escritores são, no geral, grandes leitores. Mas, por mais lidos que sejam, sempre haverá lacunas em suas leituras.
São obras que deixaram de ser lidas na hora apropriada. Ou tiveram sua leitura adiada por falta de tempo ou de motivação.
Grandes autores, como as pessoas comuns, também mentêm em matéria de preferências literárias. E quando entrevistados sobre suas escolhas, apontam cânones que, de fato, nunca leram.
A Montanha Mágica, de Thomas Mann, foi a obra mais citada pelos ouvidos. Houve quem confessasse que já começara a ler e parara. E outro, que espera por uma hepatite para encarar a tarefa.
Inês Pedrosa, jovem e irreverente autora portuguesa, colocou o dedo na impostura. Diz que autores portugueses, quando interrogados sobre o que lêem, mencionam sempre estarem relendo as obras de Tolstoi. Não sei onde arranjam tanto tempo, diz ela. Por isso, escolheu logo Ana Karenina, de Tolstoi, como seu livro preferido. Por tudo que já ouviu falar dele, concluiu.
Para ajudar nessas pequenas farsas literárias, é que Pierre Bayard escreveu, Como Falar Dos Livros Que Não Lemos, da Editora Objetiva.
O risco está em encontrar pela frente um desses maníacos que conhece a fundo um livro. Ou um determinado autor, às vezes o único que leu.
Saiba mais em O Globo, edição de 06/07/08.
quinta-feira, 31 de julho de 2008
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Um comentário:
Em literatura, como em todos os ofícios, há os fanfarrões, os que mentem, os que mais atrapalham que ajudam. Felizmente, não são os que importam. Continua necessário ler os clássicos. Ler, digeri-los, enfrentá-los. Não só comprá-los ou assistir ao filme que sobre eles se fez por último. Quem acompanha O Cânone, de Harold Bloom, ou Por Que Ler os Clássicos, de ítalo Calvino, não pode deixar de convencer-se, da extrema utilidade, essencialidade dos grandes livros e autores para a compreensão mesma do mundo e do tempo como estão hoje. É possível também escolher um deles e tratar de esgotá-lo completamente, realizando a velha máxima escolástica, que temia o estudioso perfeito de um livro só: “Timeo hominem unius libris”
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