quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Poesia

O Rio

Ser como o rio que deflui
Silencioso dentro da noite.
Não temer as trevas da noite.
Se há estrelas nos céus, refleti-las.
E se os céus se pejam de nuvens,
Como o rio as nuvens são água,
Refleti-las tambem sem mágoa
Nas profundidades tranquilas

Petrópolis, 1948
Manoel Bandeira

9 comentários:

Célio Ferreira Facó disse...

De que fala o Poeta? Da vida vivida plena. Da vida livre do medo. Da vida gasta com gosto. Da vida capaz de brilho, sublimidade, eternidade. A qual, porém, não poderá nunca ser de todo livre de alguma sombra. Que o seja. É a única vida possível neste mundo. Nas quedas ganham força os rios, já se disse. E, na China, o ideograma de “crise” é também o de “oportunidade”. Relembro o tomo de poesias de Manoel Bandeira, lido há tanto anos, jamais abandonado. Nos versos, permanente como uma sombra, certo escapismo, sonho de fuga, desejo de outro mundo: “Vou-me embora para Pasárgada, lá sou amigo do rei, terei a mulher que quero, na cama que escolherei...” Há sempre tanto que fazer por aqui. Vai o mundo ainda tão aflito, largas populações deserdadas. “É preciso cultivar nosso jardim”, diz a personagem Cândido, de Voltaire.

Célio Ferreira Facó disse...

Benfeitores. “Que homem é um homem que não trata de tornar melhor este mundo?” Lê-se esta inscrição na entrada da cabana de um ferreiro reproduzida no filme “Cruzada”, de Ridley Scott. Lembro-me de Gramsci, a escrever no cárcere, vítima da perseguição fascista, textos que se tornariam fundamentais. E sem tratar só de políticas partidárias, mas, antes, para compreender o homem em todos os seus aspectos. Queria fazer uma obra permanente, diria. Lembro-me de Brecht: “Homens há que lutam por um dia – são bons. Há-os que lutam por muitos anos – são melhores. Há-os também que lutam por toda a vida: eis os imprescindíveis”. Há muito a humanidade beneficia-se da ação e do pensamento de uns poucos, magnânimos benfeitores – verdadeiros numes. E, contudo, caminha o grande rebanho tão lentamente. Por quê?

Célio Ferreira Facó disse...

Lembra-se de rio transbordante, correnteza poderosa, quem viu Depois Da Chuva, belo filme de Akira Kurosawa. É a cena inicial, a captar, como metáfora do ambiente mesmo, toda a atenção, interesse da história. Às margens, uma comunidade carente, vítima da fome, as doenças e a má administração dos senhores locais. Integra-a, sem se deixar poluir, um cavaleiro, lutador, de nobre caráter. Generoso, não compactua com os vícios comuns. Mantém-se, graças aos exercícios marciais, habilidoso guerreiro. É na demonstração desta sua nobreza e valor, em defesa da própria comunidade, que vem a ser convidado para compor a guarda especial do senhor feudal. Não é preciso dizer que a história é ambientada no Japão de antes da revolução. Eis a lição de viver bem, segundo Akira: manter o ânimo generoso, conservar a capacidade de resistir e lutar, não ceder à vulgaridade, aspirar ao belo e bom.

Anônimo disse...

esse célio ferreira facó é um chato!!!!

Célio Ferreira Facó disse...

Tenho, de fato, freqüentado este Caderno com bastante regularidade. Criou-se para isto. Página cuidada, limpa. O autor-hospedeiro escreve para discordar, ironizar, reivindicar, sempre com argumentos respeitáveis. Critica, contrapõe um exemplo do que gostaria fosse a regra. Responde talvez a leitores. E com agilidade. Os fatos da política e do mundo, o Ceará, a literatura, a medicina, velhas amizades são-lhe os temas habituais. Livros comenta. Notável constância imprime às suas notas. Policromático, mas sempre dentro do seu universo de ações e de preocupações, sem estranhezas. Texto limpo, autocentrado, embora fácil e espontâneo, vazado no bom vernáculo, cujo domínio, correção tornam-se raro entre nós – sobretudo nas páginas da Internet. Cidadão esclarecido, exige o certo e o bem. Sem concessões à vulgaridade. Por isso leio este Caderno. Meus textos devem parecer-lhe e ao moderador – nem sei se o há – publicáveis, nada desprezíveis. Têm-me sido generosos. De resto, a página de Lúcio Alcântara tem-lhe a cara e o estilo; é correta – fácil a reprodução das notas enviadas. Amiúde acolhe-me os textos também o Caderno de Política de O Povo, o qual não tem, porém, todas as virtudes que mencionei acima. É tudo ali uma miscelânea nem sempre cuidada.

Célio Ferreira Facó disse...

Declarou hoje o seu candidato o jornal O Povo? Esqueceu já, convenientemente, o que chamou ele mesmo de Suas Regras de Conduta e Posturas – Eleições 2008? Aquele documento breve, equivocado, sobre a isenção na iminente eleição de prefeito de Fortaleza? Quer disciplinar seus funcionários, jornalistas dentro e fora do ambiente de trabalho. Até nas folgas, nas férias! Diz que pretende apenas guardar as “preferências políticas, partidárias” de cada um e do próprio Jornal, do Grupo de Comunicação todo. Exagera; ameaça o pessoal com a própria legislação trabalhista. E Vejo hoje esta capa! Figura ampliadíssima de Luizianne e Lula em espetaculoso aperto de mãos; Cid, ao fundo, pacificado. Nos três, sob um fundo não por acaso, amarelado-vermelho, o sorriso dos parceiros a fechar, assinar negócios. Nada disto pode-se dizer que é pleno de isenção, inocente. Nem é casual! Comparo, por exemplo, a capa do Diário do Nordeste: a figura, ali, tem muito mais a objetividade do fato; o Presidente com alguém, anônimo, do povo do lugar, apenas.

Anônimo disse...

Ao Leitor

Defere-se que o Sr. Célio funciona como um âncora para comentários deste blog, ou seja, há que ter mecanismos para que o blog não fique às vezes mudo de críticas ou comentários. No caso mais demonstração de que tem algum domínio do jogo de palavras que muitos não as possuem.

Às vezes há alqum exagero, mas são na maioria opiniões propícias.

José de Freitas

Anônimo disse...

É, o Célio Ferreira Facó movimenta o blog e com opiniões interessantes muitas vezes, mas deveria ser um pouco mais comedido e evitar 3 ou 4 comentários seguidos e tão extensos.

É só "pegar mais leve", caro Célio, pois gosto de encontrá-lo sempre aqui.

Anônimo disse...

Poupe-me, Célio Ferreira Facó. Poupe-me, "policromático", poupe-me.
A tese só se confirma: é um verdadeiro chato esse sr. Ferreira Facó!
Ivana Maia