Um homem que não lê bons livros não tem vantagem alguma sobre um analfabeto.
Mark Twain
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
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3 comentários:
De MONTEIRO LOBATO veio-me agora a lembrança. Livros escreveu primeiro para adultos, depois, na esperança de educar, revolucionar as novas gerações deste país, também para crianças. Foi nesse espírito que nasceu O Sítio do Pica-pau Amarelo. Cheio de lições, de saber, de projetos. Fundou uma editora, compôs capas coloridas, ilustradas para as suas edições. Memoráveis todas as batalhas que se deu por confirmar as riquezas naturais do Brasil a despeito dos interesses alheios que as mandavam negar, esconder. Como o petróleo em terras nativas. Arrostou prisões por defender estas verdades. Sua vida, sem afastar-se dos ideais, iluminou, enriqueceu esta Nação. Hoje, quando governos tratam de dilapidar quase gratuitamente o patrimônio público e se esquecem de promover a educação pública geral, sua vida e exemplo não se devem esquecer.
Quis aproveitar a oportunidade para falar aqui de alguns livros de leitura capital a qualquer um. De JORGE LUÍS BORGES ocorreu-me de concluir, há alguns anos, o exame de sua obra completa. Quatro volumes. É certamente obra que reler muitas vezes – tanto o saber, as impressões ali reunidos. Suas palavras, seu estilo parecem compor-se numa voz que nos falasse desde sempre, vinda do vento, do tempo, do deserto de todos os lugares. Impressionam-nos a inquietação filosófica, o amor da história, a preocupação com a técnica narrativa, o ritmo originalíssimo. Muitos contos, poesias compôs cujo tema é a busca do protagonista pela síntese, isto é, o texto, a palavra capaz de tudo dizer. Sem que se lhe tenha de acrescentar nunca nenhuma explicação. Recorrentes as imagens do espelho, que lhe parecia terrível, enigmático, emblema da própria arte. E do labirinto. Numa de suas primeiras composições, vê-o Borges na pele listrada dos tigres e no caminho que traça a fera.
Oportuna a frase do dia nestes tempos em que os rebotalhos enchem as prateleiras das livrarias. Os famosos best sellers são o prato do dia, um prato indigesto, diga-se de passagem, para quem aprendeu a deliciar-se com uma boa leitura.
É o lado sombrio do capitalismo. O mercado editorial tem que vender e determinados autores de pouca qualidade literária, mas com uma certa grana para disponibilizar o livro e o nome na mídia - até cooptar críticos de araque (ai da crítica[?] por esses dias, meu Deus!!! - são impingidos aos ingênuos como grandes poetas e escritores. No Ceará tem pelo menos uma dezena destes espécimes na malfadada lista.
Barros Alves
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