terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Estádios

Para sediar a Copa da Europa de futebol em 2004 Portugal teve que construir vários grandes e modernos estádios.

Grande parte dos recursos para essas obras veio do governo nacional ficando as prefeituras dos munícipios (as câmaras municipais das autarquias, como se diz aqui) responsáveis pela administração dessas praças esportivas.

Ocorre que essas prefeituras consideram os dispêndios elevados, face a baixa taxa de ocupação, e já cogitam, como solução, alienar os estádios, o que está vedado nos termos do acordo celebrado com o governo à época da construção.

O Presidente da Câmara de Leiria já anunciou a intenção de vender o estádio por não poder arcar com um custo diário, para mante-lo, da ordem de 5.000,00 euros.

No caso de Leiria o estádio, projeto do arquiteto Tomás Taveira, tem capacidade para 23.500 espectadores tendo custado 90,9 milhões de euros de encargos públicos. A lotação média nos últimos três anos foi de 2484,6.

É bom lembrar, para se ter uma ideia da relação custo benefício, que aquela cidade sediou apenas dois jogos da Copa, Suiça x Croácia e França x Croácia.

Aveiro, Coimbra, Faro e Loulé, apresentam problema semelhante ao de Leiria.

Augusto Mateus, ex Ministro da Economia no governo de Antonio Guterres, compara a situação a de uma família que, habituada a um televisor antigo, resolve comprar vários, modernos, para cada divisão da casa. Mais tarde se descobre sem dinheiro para pagar o estudo dos filhos...

Quando no Brasil se fala em construir, ou ampliar, estádios país afora é conveniente que se conheça experiências como a de Portugal antes que nos enchamos de elefantes brancos feitos para cenário de dois ou três jogos que a maior parte da população local sequer assistirá.

Saiba mais no jornal Público, edição de 30/12/09

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