Passei a Semana Santa, de quinta a domingo, entre os municípios cearenses de São Gonçalo do Amarante e Guaramiranga, em companhia da família e de amigos. Na primeira, reencontramos as origens na velha casa de meus avós paternos, preservando uma tradição que se repete a cada ano.
Participei da tradicional procissão, na madrugada de sexta feira, 10 de abril, pela décima vez, sem solução de continuidade, que percorre um trecho do interior até a igreja matriz, na sede do município, puxada por participantes que se revezam carregando pesada cruz em memória da paixão de Cristo.
Banhei-me com a água da chuva, que jorrava abundante da boca do jacaré na fachada da casa, como acontecia no tempo de criança. Só deixei de mergulhar na lagoa por falta de quem quisesse me acompanhar.
Senti falta da matraca, cuja estridência convocava os fieis para os atos litúrgicos próprios da data. E dos panos roxos que cobriam, durante a quaresma, as imagens dos santos.
As chuvas copiosas lembravam meu pai, o qual inobstante as elevadas posições que galgou, nunca se desprendeu do sertão, levado dentro de si com os hábitos que guardou. Sempre que podia, corria em direção a ele, sobretudo, como agora, quando as chuvas vestiam-no de verde.
terça-feira, 14 de abril de 2009
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3 comentários:
Doutor Lúcio, esse seu texto me deu uma saudade da minha infância. Embora nascido em Fortaleza, fui criado como se do Interior fosse. Tive a sorte de tomar banho na bica da minha casa aqui na Parquelândia, antigo Coqueirinho. O barulho da chuva no telhado também marcou minha infância. Que saudade, doutor Lúcio. Agora, fico meio triste, porque meu pai está com Alzeimer e quase não me conhece mais. Desculpe o desabafo, mas é de quem, como o senhor, sabe o valor e a importância de se ter um pai. Eliomar.
Valeu Eliomar,vou lhe admirar ainda mais.
Sua presença abrilhantou nosso encontro em São Gonçalo, pena que foi rápido.
Abraço
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