terça-feira, 14 de abril de 2009

Pranto

Será celebrada hoje, dia 14 de abril, a missa da ressureição de Nicinha Pinheiro, falecida depois de longa enfermidade.

Em vida, distinguiu-se na sociedade cearense, junto com o marido, Edmilson, como uma anfitriã frequente e simpática, que fazia da arte de receber uma permanente alegria.

São inesquecíveis suas recepções no Rancho Alegre, em Parangaba. E no Santa Isabel, no Eusébio. Momentos de descontração, mesa farta e amistosa convivência.

Ouvi de meus pais como se conheceram em Quixadá, no início da vida profissional de papai. E de que forma contribuíram para a aproximação e casamento de Nicinha e Edmilson.

Muitos anos depois, o Rancho Alegre foi palco de cena constrangedora, que o casal anfitrião superou com elegância e sóbria altivez.

Por ocasião da sucessão do Presidente Geisel, o senador Magalhães Pinto ensaiou uma candidatura civil à Presidência da República, quando a escolha do candidato se restringia ao meio militar, com o Congresso Nacional (CN) ratificando o nome do ungido.

Magalhães Pinto apresentava-se como candidato, com a credencial de ter sido, quando governador de Minas Gerais, um dos líderes do movimento de 64. Viajava pelo Brasil pregando a abertura política com um civil presidente.

Amigo de meu pai, então vice-governador do Ceará, desde o Senado, ao planejar sua vinda ao Ceará procura-o, para articular sua programação local. Entre outros compromissos, ficou acertado um jantar em sua honra oferecido pelo casal Edmilson Pinheiro.

Entre os convidados estava o Comandante da 10ª Região Militar, o General Milton Tavares de Sousa, salvo engano, o qual, suponho, desconhecia o motivo da recepção. Tão logo chega o homenageado, o General e seus acompanhantes se retiram em protesto, por considerar o senador um dissidente do regime por ele representado.

O impacto da atitude dissolveu-se na cordialidade reinante, no uísque generoso e na classe dos anfitriões.

Do convívio com o casal guardamos, minha mulher e eu, a lembrança de um agradável fim de semana na fazenda de Quixadá, às margens do Cedro, em companhia, entre outros, de Lúcio Brasileiro, Régis Jucá e do meu professor, o médico Aluísio Pinheiro, irmão do dono da casa.

Desses amigos, os que já partiram levaram consigo, como agora Nicinha, um pedacinho de nós, deixando conosco outro tanto deles.

Um comentário:

Anônimo disse...

O General Milton Tavares de Sousa era uma pessoa extremamente radical.

Seu comportamento e seu tipo físico era de um "vietnamita do norte".

Dona Nicinha descansou. Vá em Paz.