Diz-se que Obama será medido pela comparação com Roosevelt. Embora sempre mencione Lincoln como fonte de inspiração. Ambos, Roosevelt e Obama, assumiram a presidência em momentos críticos para os americanos.
Chegaram ao poder embalados pela esperança e a angústia dos ameaçados pelo desemprego e a miséria.
À recessão de 1929, Roosevelt respondeu de imediato com medidas corajosas, adotadas nos primeiros cem dias de governo. Diz-se dele que traiu sua classe para salvar a América.
Houve quem não gostasse do discurso de posse de Obama, sobretudo quando comparado com os pronunciamentos de campanha, marcados por imagens generosas impregnadas de esperança. Demarcava-se, ali, o presidente do candidato.
A linguagem contida e sóbria é a mais apropriada ao estadista, que tem consciência de suas responsabilidades.
Disse que o mundo mudou e os Estados Unidos precisavam mudar, mas conclamou os americanos a se voltarem para o exemplo dos founding fathers (pais fundadores).
Conciliar os interesses americanos num mundo multipolar, que anseia por uma convivência fraterna e frutuosa, será o grande desafio para quem, como ele, falou tanto de solidariedade e paz.
Talvez esta não seja exatamente a mudança que os americanos desejem.
Reclamava urgência no encaminhamento de medidas para enfrentar a crise. Deparou-se com resistências políticas no Senado, que minaram a hipotése de unanimidade, adiarando a aprovação de seu plano, que segue questionado.
Ainda não conseguiu completar sua equipe de governo. E a renúncia de seu Secretário de Comércio, um senador republicano, denota a rejeição da oposição às medidas econômicas por ele propostas.
Falou de mudanças mas não desprezou de todo a herança de Bush. Manteve os Secretários da Defesa e Interior.
Será que o antigo presidente já começou a assistir a reabilitação que previu em seu discurso de despedida?
Denunciou os lobbies, propôs uma nova ética pública mais rigorosa, no entanto dois nomes que recrutou para o governo deviam ao fisco, e outro estava processado por corrupção no período em que foi governador de estado. Dos três, dois desistiram de assumir.
Pregou a integração econômica entre os países e a comunhão com os povos, todavia seu plano econômico é claramente protecionista em relação aos produtos americanos. Foi o Senado que atenuou o buy american do seu conteúdo.
Que ninguém se iluda, seu primeiro dever é para com o povo que governa.
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário