A imprensa portuguesa noticia a apresentação, no Festival de Berlim, do filme Garapa, produção brasileira que denuncia a fome das crianças pobres do Ceará, alimentadas, a falta de outra coisa, com água açucarada.
Segundo o jornal, garapa é a mistura de água e açucar que estes sertanejos do Ceará dão aos filhos em vez de leite. Porque não há leite para lhes dar; aliás não é só leite que não há. Não há comida e a pouca que há é para os filhos (os pais muitas vezes não comem nada o dia inteiro), não há emprego, não há dinheiro, não há modo de ganhar a vida, não há absolutamente nada a não a ser a ajuda dos centros de dia, da assistência social, dos programas governamentais contra a pobreza.
José Padilha, autor do filme, diz que este não é um filme brasileiro, mas sim universal, porque a fome não é exclusiva do Brasil. Mas, para o jornalista, pode e deve ser lido como a continuação da investigação das contradições da sociedade brasileira, que começou em Onibus 174 e Tropa de Elite.
Guerra Junqueiro, a partir de notícias de imprensa sobre a grande seca de 1877, no Ceará, escreveu o poema A Fome no Ceará, sem nunca ter lá ido. Quem sabe o filme inspira novos intérpretes europeus da nossa realidade.
Na foto acima, vemos o cineasta José Padilha (à esquerda) e o montador Felipe Lacerda (Letícia Pontual/Folha Imagem).
Saiba mais no Público, edição de 13/02/09.
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
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