quarta-feira, 19 de março de 2008

Doenças

O panorama das doenças vem mudando ao longo dos séculos, graças ao avanço da ciência, que, através das vacinas, do saneamento básico, da descoberta de novas drogas e métodos terapêuticos, possibilitou o controle e até a extinção de muitas delas.

Outras surgiram em decorrência de novos hábitos de vida e mutações biológicas, capazes de determinar a patogenicidade de agentes desconhecidos ou transformados. O exemplo mais notório é a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida(AIDS), que surgiu desafiando a medicina e ceifando por toda parte milhares de vidas.

É o que estamos a ver no Brasil com a febre amarela, que volta a assustar a população, e já tem causado algumas mortes, quando parecia ser apenas uma lembrança nosológica remota.

Outras, como a tuberculose e a sífilis, voltam a preocupar pelo seu recrudescimento e alteração de padrões, que tornam seu combate mais difícil.

Em relação à tuberculose, não só voltou a crescer o número de casos, como apareceram os incuráveis, conhecidos pela sigla XDR, provocados por bacilos resistentes aos antibióticos empregados no tratamento da doença. O Brasil é o 16º País com o maior número de casos, 80 mil casos novos por ano, com 5 mil óbitos. Embora a incidência seja maior em países pobres, ou em desenvolvimento - a Índia e a China têm 1,9 e 1,2 milhão de infectados, respectivamente -, a doença avança, também, entre os desenvolvidos, freqüentemente associada à AIDS.

A sífilis, que parecia coisa do passado, está de volta. O grande aumento de casos se deu em Londres, Dublin, Berlim, Paris e Rotterdam. A estatística mostra, também, crescimento da incidência em países como Estados Unidos, Canadá e Austrália. Como vêem, tudo gente "chic"...

A epidemiologia da doença tem mudado ao longo dos anos e seu retorno parece estar relacionado ao progresso terapêutico em relação à AIDS, o que levou muitos, particularmente os jovens, a baixarem a guarda, desencadeando a elevação da ocorrência de doenças sexualmente transmissíveis.

A lição a tirar destes comentários é que, em relação às doenças, por mais que pareça, a guerra nunca está ganha. Há, sempre, desafios novos; ou velhos, renovados.

Saiba mais em O Globo, edição de 18/03/08, e em O Estado de S. Paulo, edição de 18/03/08.

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