segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Pranto

D. Aloísio foi chamado por Deus para um Concílio no céu. Lá, entre outros amigos, vai encontrar Paulo VI e João Paulo II, e certamente continuar em outro ambiente o ministério que exerceu na terra.

Com a saúde minada por uma doença cardíaca que durou anos, e pode ter lhe tirado o papado, exerceu posições de relevo no governo da Igreja no Brasil, encerrando sua carreira como Arcebispo de Aparecida. Gaúcho de Estrela, franciscano, foi Bispo de Santo Ângelo, RGS, Secretário e Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Presidente da Conferência Episcopal Latino Americana (CELAM), Arcebispo de Fortaleza, quando foi sagrado Cardeal.

Marcou a história da Igreja no Ceará por uma permanente atuação em defesa dos pobres e dos perseguidos. Foi um crítico contundente do regime militar e um corajoso paladino dos direitos humanos. Feito refém por presos de uma penitenciária, sua foto com uma faca sobre a garganta, correu o mundo falando da desumanização dos cárceres e do embrutecimento dos presidiários.

Com ele trabalhei de perto quando Prefeito de Fortaleza, inclusive nos preparativos para a memorável visita do Papa João Paulo II à cidade. Embora nunca tenha ouvido dele, creio que a convivência com nossa dura realidade social tenha tido grande influência na definição de seu perfil pastoral.

De seu grande valor humano e espiritual tive oportunidade de falar em livro que sobre ele organizou meu colega Marcelo Gurgel, e, recentemente, em depoimento para um filme em elaboração pela TV Aparecida. Cativou-me ainda pela forma carinhosa com que tratava minha mãe quando a encontrava, e depois acompanhando seu sofrimento durante longa enfermidade.

2 comentários:

Evaldo Lima disse...

Doutor Lúcio,
Dom Aloísio conta estrelas no céu nesta noite de Natal!
feliz Natal para o senhor!

Célio Ferreira Facó disse...

De notar que os verdadeiros HOMENS DE FÉ são também cidadãos pragmáticos, participativos. Jamais abandonam o esforço e o trabalho árduo pela simples expectativa do milagre. De ver, por exemplo, Aluísio Lorscheider. Na defesa dos direitos e garantias constitucionais, sua voz, com a da CNBB, foi, não raro, a da reivindicação cidadão, a da denúncia. Sem renegar a disciplina que abraçou desde a juventude! Contra os interesses imediatos das elites e dos sucessivos governos! Quis um pouco olhar, falar para o povo. Este, mal servido, sofre ainda as conseqüências do quase abandono, brutal concentração de renda, baixo crescimento econômico, má educação e saúde, descurado até o limite da miséria, indigência. Sua morte o deixa agora mais órfão. Melhor que se cobrasse ânimo novo, não se perdesse o seu exemplo e começássemos todos a construção de um Estado, uma República mais justos!