sábado, 3 de novembro de 2007

Poesia

Finados

No campo santo
A mão dos vivos
Adorna a memória
Da morte.
Flores de pano sem
O viço da vida
Mancham de cores
O verde da grama.
Reverência da vida
Ao magistério da morte.
O silêncio dos mortos
Fala ao ouvido dos vivos.
Ensina lições ausentes
Das páginas dos livros
Que os olhos mortos dos
Vivos não vêem.

Lúcio Alcântara

4 comentários:

Anônimo disse...

Dr. Lúcio,

Sua poesia me tocou profundamente. Fala com tal lirismo da morte que chega a torná-la leve, longe da carga emocional e do peso existencial que a perda definitiva de um ente acarreta.

As finas metáforas remetem-nos a um elo tênue entre a ausência irreversível dos que já se foram e a nossa presença, consciente e ativa. E este elo é formado na memória, onde os registros de uma convivência em vida mantêm fortes os vínculos.

Com o tempo, vamos aprendendo a aliviar a dor e a conviver com a saudade. Mas o emocional às vezes nos afoga, e não conseguimos
"ouvir o silêncio dos mortos", ou somos incapazes de enxergar "as lições ausentes / das páginas dos livros / que os olhos mortos dos / vivos não vêem."

Cris

Anônimo disse...

Governador,
Muito boa a referência ao dia de finados.
Mas vamos apimentar mais seu blog com comentários mais diretos relativos à política. Todos conhecemos sua maneira pública de ser, como foi demonstrado por tanto tempo na política. O blog precisa de uma maior divulgação e mais realismo e mais astúcia.

Célio Ferreira Facó disse...

CONSPIRA contra a inteligência da espécie humana, como aprende tão pouco cada geração, cada indivíduo, a partir do legado dos mais antigos e da herança dos seus já mortos. A tal ponto de quase não se poder falar em verdadeiro progresso moral, intelectual da humanidade – pelo menos durante todo o período da chamada História, desde os primórdios da civilização no Oriente Médio. A moral é-nos a mesma doutras idades históricas pretéritas. No limiar do terceiro milênio, não nos livramos ainda das muitas fraquezas, dos erros de avaliação. Em que pese todo o arcabouço material e o progresso das ciências e da tecnologia. Três grandes épocas de avanço tecnológico da humanidade definiu Alvin Toffler no seu A Terceira Onda: a agricultura, a Revolução Industrial, a Informática. Cada uma verdadeira revolução cultural, global, total. Fato é. Sem similar, porém, na Moral, que pode estar na consciência do cidadão atual como era na do velho soldado romano ou do judeu a atravessar o deserto em busca da Terra Prometida. Não por acaso compôs José Saramago um “Ensaio sobre a Cegueira” a acometer todos os habitantes de um lugar.

Anônimo disse...

Dr. Lúcio,
Sua sensibilidade aguçada produz uma poesia tão linda e emocionante.
Parabéns!acho que está na hora de você lançar um livro só com poesias.