terça-feira, 17 de maio de 2011

Língua

Sabemos que a língua é um instrumento vivo de comunicação feita pelo povo que a altera, descartando palavras, incluindo outras, alterando significados, em uma permanente mutação.

Convive-se assim com uma forma popular de expressão usada pelas camadas sem instrução, ou pouco instruidas, sem que deixem de prevalecer as normas cultas que constituem as regras vernaculares a serem respeitadas.

Causa espécie assim que o Ministério da Educação patrocine a distribuição de um livro que faz a defesa da linguagem popular aceitando incorreções. Estão no livro expressões como: Posso falar os livro?; Nós pega o peixe; Os menino pega o peixe.

São trechos da obra "Viver, aprender" justificados por uma das autoras como uma reação ao preconceito linguístico e uma forma de ensino que considere diferentes gêneros textuais, diferentes práticas de comunicação para que a desenvoltura linguística aconteça.

Provocado, o Ministério da Educação, através de sua assessoria, informou que o livro estimula a formação de cidadãos que usem a língua com flexibilidade. Disse ainda a porta-voz que o MEC não é o ministério da verdade.

Ouvido, o Presidente da Academia Brasileira de Letras Marco Vilaça declarou que para a língua ele é sim o ministério da verdade.

Enquanto o governo brasileiro se esforça para padronizar a língua portuguesa através de um acordo ortográfico a ser subscrito por todos os paises lusófonos o MEC não apenas tolera, o que é compreensível, mas promove o emprego incorreto da língua como parte de uma política educacional.

Saiba mais em O Globo, edição de 14/05/11

Um comentário:

Célio Ferreira Facó disse...

Há muito a boa e severa literatura aprendeu a expor e registrar, com acabada felicidade, o falar espontâneo e vivo das expressões mais populares sem com isto, por nem um instante, pretender derrogar a Gramática e o falar mais escorreito, padrão.

Este é código nobre, bem cuidado, fruto da filologia e do processo histórico.

Um espírito equilibrado cultiva-o sem azedume, assim como admira e colabora por conservar os códigos da boa educação, do agir social e até do orar ao seu Deus.

Outra coisa é um MInistério da Educação que apadrinha a ignorância dos amigos e correligionários e os quer na conta de artistas de vanguarda. Não será senão o padrinho da corrupção e do atraso.