segunda-feira, 7 de março de 2011

Alentejo III

Portugal é o país do mundo com a sétima população mais velha. Ano passado, afinal, o número de nascimentos suplantou os óbitos.

Percorrendo o Alentejo deparei-me com muitas cegonhas, elegantes, sobre o relvado, ou altaneiras, isoladas ou aos pares, nos ninhos implantados no cimo dos postes que sustentam a fiação.  Por mais que olhasse juro não ter visto nenhuma com bebê ao bico.

Não será portanto a elas que se deve o resultado positivo, mas aos imigrantes que se mostram mais prolíficos que os nacionais.

Em Mértola (antiga Myrtillis) o carrinho que nos levava, conduzido pela Danny, gemeu para vencer uma subida íngreme, em rua estreitíssima com piso muito irregular, único acesso ao castelo da cidade e à igreja matriz que já servira aos árabes como mesquita. Prudentes, fizemos o resto da visita a pé.

Mértola debruça-se sobre o Guadiana dando a impressão de que as casinhas brancas sobre as escarpas precipitem-se no rio. Romanos e árabes deixaram por lá sinais de sua passagem que ainda subsistem.

No subsolo da Câmara Municipal (a nossa prefeitura) ruínas conservadas e adequadamente dispostas reconstituem uma casa romana cuja visão, complementada por informações adicionais, oferece uma ideia do estilo de vida desse povo.

Durante minha curta permanência colhi a impressão de que a vila valoriza o passado mouro (cheguei a ver uma seta indicativa escrita em árabe) realizando anualmente um Festival Islâmico a ter lugar em maio.

Do pouco que pude ver gostei. É lugar que se deixa com vontade de voltar. O Alentejo é uma festa dos sentidos, a paisagem, que entra pelos olhos, a gastronomia, que invade o olfato e o paladar.

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