terça-feira, 2 de março de 2010

Salinger

J.D.Salinger, o escritor, faleceu em janeiro deste ano. O autor de O Apanhador no Campo de Centeio (1951) após escrever o livro, enorme sucesso editorial, recolheu-se em uma pequena cidade do estado de New Hampshire. Saiu da midia para entrar na mídia.

Depois da narrativa de Holden Caufield, estranhezas e perplexidades de adolescentes e da juventude americana, ainda escreveu Nove Estórias (1953), Franny e Zooey (1953), Pra Cima com a Viga,Moçada e Seymour: Uma Introdução, em um mesmo volume (1963).

A última obra impressa de Salinger foi Hapworth,16, um conto publicado na revista The New Yorker (junho de 1965).

A partir de 1970 deixou de conceder entrevistas.

Salinger não é o primeiro escritor de uma grande obra inicial a deixar de escrever e refugiar-se no anonimato. Foi assim com Juan Rulfo, Radiguet, Raduan Nassar e Rimbaud. Pararam porque já haviam dito o que importava ou por terem sido vencidos pela página em branco.

Thomas Heggen, antes dos 30 anos, escreveu na década de 40 Mister Roberts, um enorme sucesso de vendas, que virou filme e peça de teatro na Broadway. Pressionado, cobrado pela imprensa, o público e academia, nunca mais escreveu nada.

Jovem, ainda, foi encontrado morto em uma banheira. Nunca se soube se foi vítima da angústia da página em branco ou se cometeu suicídio.

Saiba mais no jornal O Estado de S. Paulo, edições de 29 e 31/01/10.

Um comentário:

Célio Ferreira Facó disse...

Não será diverso o sentimento de um autor que escreve e se retira: sabe que não se igualará no próximo livro, sente que disse já tudo, como numa síntese perfeita. Não o fará melhor numa conversa informal, em casa, numa entrevista de jornal, alhures. Produziu o seu melhor, concluiu a obra, na sua mais mais bem cuidada expressão.

Certo, certíssimo.

Elias Canetti, hábil em muitas línguas, assim modernas como antigas, é também autor de um só romance: Auto de Fé. Vasto, fascinante, emblemático da situação humana neste mundo.

Noutro pequeno livro de crítica literária, a que chamou Sobre Os Escritores, fala das suas leituras, das influências admitidas, dos seus mestres inseparáveis, os que lia, relia e havia de reencontrar por toda a vida: Pavese, Goethe, Fernando Pessoa.

Notável que de um, de muitos destes seus mestres diz que não gostaria, porém, de conversar com eles pessoalmente.

Sabia que eles já lhe tinham dito tudo em suas páginas publicadas.